18 de dezembro de 2010

A letra mata... e a ignorância também!

por Cleison Brugger

Existem pessoas que acham "o máximo" o fato de serem ignorantes, acreditando que esta é sinônimo de humildade, piedade ou santidade. Quando, por exemplo, alguém adverte sobre a necessidade de um coerente e exaustivo estudo das Escrituras, eles se levantam sugerindo que o estudo cuidadoso da Bíblia é inútil e até perigoso, "porque a letra mata, mas o Espírito vivifica", usando forçosa e erroneamente 2ª Coríntios 3.6 para defender um pensamento infantil e boçal. Que blasfêmia contra a palavra de Deus!

A ignorância é um problema fundamental em um mundo caído [1].  Aliás, a pregação do evangelho é, prioritariamente, dirigida à mente, ao raciocício, ao pensar, como bem nos lembra o Dr. Martyn Lloyd-Jones: "nunca nos esqueçamos de que a mensagem da Bíblia dirige-se em especial à mente, ao entendimento". Todavia, muitos crentes, diferentes dos irmãos de Beréia (Atos 17.11), preferem permanecer com suas mentes impregnadas de ignorância, à se curvar a inerrância, infalibilidade, incontestabilidade e imutabilidade das Sagradas Escrituras. Nesta irreverência mental ao Sagrado, muitos estão a mercê dos pensamentos, ideologias, doutrinas e ensinamentos alheios às Escrituras, dando voz ao que disse Oséias, o profeta: "Meu povo é destruído por falta de conhecimento" (Oséias 4.6).

O apóstolo Pedro, dirigindo-se aos cristãos dispersos (Iª Pedro 1.1), os orienta a dar a razão da esperança que havia neles, a quem quer que os questionassem: "Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vós" (Iª Pedro 3.15), e ninguém poderá fazer isso, se não souber tais razões ou ainda, não souber adequadamente defender a sua fé. É um fato completamente lamentável e alarmante, saber que existem crentes que nem ao menos sabem explicar o porquê da morte de Cristo! Podemos comprovar este fato, quando candidatos ao batismo vão à frente repetir uma suporta "profissão de fé". Muitos não fazem ideia do que estão falando e não conseguem responder adequadamente o porquê querem descer as àguas batismais.

Infelizmente, a Bíblia, para alguns, é uma incógnita misteriosa impossível de interpretar; contudo Kevin DeYoung, falando sobre a "perspicuidade da Escritura” (tese que ensina que a Escritura é clara e que é possivel sim entendê-la), enfatiza: "Perspicuidade significa que as partes principais são as partes mais óbvias. Significa que a mensagem da salvação é clara. Significa que os assuntos mais básicos e centrais da narrativa bíblica são claros, mesmo que você não seja o mais esperto, mesmo se você não recebeu muita educação, mesmo se você é uma criança. Todos nós podemos entender que Jesus é o Messias, que nós precisamos nos arrepender, crer em Cristo e obedecer seus mandamentos. Isso tudo é muito claro. Mas não significa que tudo é claro. Algumas partes requerem muito estudo. Algumas partes requerem atenção especial. Algumas doutrinas são complicadas. Algumas partes da Bíblia são muito difíceis. Basta perguntar a Pedro sobre Paulo (2ª Pedro 3. 15,16)". [2]

Então, assim como o apóstolo Paulo, rogo a estes: "não quero, irmãos, que sejais ignorantes" (1ª Coríntios 12.1), mas que estudemos exaustivamente, leiamos apaixonadamente, nos deleitemos fervorosamente e defendamos veementemente as Escrituras, pois "toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2ª Timóteo 3.16 NVI). Assim, "conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR" (Oséias 6.3b), sabendo que este conhecimento só se dará através da Palava de Deus.

Referências:
[1] Dr. Mark Dever em "Pregação expositiva e Aplicação", uma Parte da série "Article" de 21 de agosto de 2009.
[2] citação de um texto escrito por Kevin DeYoung intulado "A doutrina das Escrituras" e postado originalmente no site The Gospel Coalition e traduzido pelo site iprodigo.com

10 de dezembro de 2010

Ao invés de doutrina, uma dor trina

Bocejos, olhos se fechando involuntariamente, conversas paralelas, desatenção, inquietações são alguns dos sinais que comprovam que estamos em um culto de doutrina, em algumas igrejas. Isso se dá porque nossos pregadores não são fascinantes? não necessariamente, aliás, não existe uma regra para que todo aquele que prega seja um fascínio naquilo que faz. Isso se dá porque nossos "doutrinadores" não são bíblicos.
Textos fora de seus contextos, estórias repetidas, falta de objetividade, desconhecimento do contexto histórico de uma passagem específica, linguagem pesada e sofrível, "eisejeze" utópica e nenhuma noção do que seja pregação, são algumas das características de alguns pregadores que vem "dortrinando" algumas igrejas por aí. Os crentes que apreciam uma boa pregação bíblica, ao invés de "doutrina", recebem uma dor-trina: cansaço, desânimo e tristeza.
O resultado de tudo isto é: templos vazios, ignorância bíblica, igrejas doentes, falta de argumentos coerentes e bíblicos nas questões importantes, imaturidade espiritual, pastores cansados e um povo que nada tem de diferente do sistema do mundo; e tudo o que se cultiva é: legalismo, religiosidade fajuta e hipocrisia detestável.

Sua igreja está assim? cuidado, ela pode NÃO ser uma igreja.

Cleison Brugger.

4 de dezembro de 2010

Deixar Deus usar?

por Heber Campos

Deus não precisa pedir licença ao homem para agir dentro dele. Essa é uma obra divina que não deixa o homem ser autônomo nem independente. Infelizmente, mesmo em meios evangélicos, há aqueles que insistem no fato de o homem deixar Deus agir em sua vida, nas mais variadas áreas. Deus tem que ter a licença humana para poder trabalhar na sua criatura. Essa teologia fica expressa em vários hinos e cânticos que nossas igrejas cantam. Essas igrejas são educadas na fé pelas músicas que cantam e, muitas vezes, as que prevalecem são as que ensinam coisas erradas. E uma das coisas erradas é a de que Deus age com a condição de nós o deixarmos agir. - “Pois é ELE quem opera em nós tanto o querer como o realizar” (Fp 2.13).

23 de novembro de 2010

Autoridade, não tirania!



Há um tempo constatei que, se alguém é chamado pelo seu líder ou pastor, para assumir um cargo ou para fazer determinada coisa, este alguém não está sendo convidado, muito menos solicitado ou questionado se quer ou não, mas sim, ele está sendo convocado! Ai dele se disser não, e ai mesmo! Este ano, pude ver um pastor presidente envergonhar um obreiro [e sua família], em pleno culto de domingo, simplesmente porque o tal não atendeu a uma "ordem" dada pelo pastor. Depois disso, vi obreiros que concordavam com tudo o que o pastor dizia, não pela sua "autoridade", mas por medo de serem envergonhados publicamente, como foi o obreiro "rebelde". Assim, você tem toda a liberdade de ser obrigado a fazer o que te mandarem.

É incontestável que pastores possuem autoridade, afinal, eles ministram sobre um rebanho e é de suma importância que eles exerçam o ministério com temor e autoridade, mas lembre-se que ter autoridade NÃO É, de forma alguma, ser prepotente ou abusar do poder, como também, esta autoridade não é uma forma tirana ou ditatorial de governo. O escritor da epístola aos hebreus alerta aos pastores, que exerçam o ministério com alegria, que segundo John Piper, é um indício do amor:
"Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles" (Hb. 13. 17a). - esta exortação é para a igreja, ou aqueles que estão debaixo de uma liderança, para que obedeçamos nossos líderes e nos submetamos a autoridade que eles obtêm.
"Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas" (vv.17b). - Perceba no verso a frase: "Como quem deve prestar contas". Isso prova que, embora a igreja esteja sob a autoridade de um pastor, a tal não é dele, mas sim, do Senhor, que deve ser a autoridade MAIOR e FINAL na igreja de Cristo.
"Obedeçam-lhes, para que o trabalho deles seja uma alegria e não um peso" (vv.17c). - perceba que quando nos submetemos a autoridade de nossos líderes, estamos fazendo com que eles se alegrem no exercício deste serviço.
"Pois isso não seria proveitoso para vocês" (vv. 17d - NVI). - quando a autoridade de um líder é depreciada, temos um pastor frustrado e uma igreja doente.

O apóstolo Pedro nos fala ainda mais claramente sobre isso. Pedro, falando aos presbíteros que estavam entre os cristãos dispersos, lhes comunicou: "Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho" (IPe. 5. 2,3 - NVI). Que bela exortação o apóstolo Pedro está dando àqueles presbíteros! Pedro roga aos irmãos que exerçam o ministério com disposição, sem querer recompensas terrenas (pois já uma celestial lhes será dada, vv.4), não como dominadores, mas como exemplo [de serviço, de caráter, de humildade...] para o rebanho. A palavra "dominadores" no original grego é "katakurieuo" e significa: manter em sujeição, dominar sobre, exercer senhorio sobre outro. Pedro repudia o pastor que assim lidera um rebanho. De acordo com John Huss, "a autoridade de um líder religioso vem de seu caráter e não da sua posição".

Contudo, podemos constatar que muitos pastores em nossos dias não estão seguindo o conselho apostólico, mas pastoreando como bem entendem, levados pelo seu bel-prazer, com interesses escusos, como donos da igreja de Cristo e possuidores da autoridade final. Estes tais provam claramente que jamais foram chamados pelo Supremo Pastor (IPe. 5.4). Quantos pastores, ao invés de serem respeitados pela igreja e pelos obreiros, são temidos? quantos pastores desaprovam àqueles que não dançam a música que eles querem que toque? quantos obreiros não foram disciplinados, excluídos e colocados "no banco", porque não atenderam o "pedido" do "homem da cadeira central"? Isso não é exercer o ministério com amor, muito menos com humildade, mansidão, rendição e temor; menos ainda isto é ter autoridade! Contudo, esta é a maneira mais falaciosa de exercer o serviço com prepotência, arrogância e discaramento. Desses, eu quero distância, e o Senhor também o quererá naquele Grande dia (Mateus 7. 21-23).

20 de novembro de 2010

A verdade partilhada com amor

Em sua pessoa e em seus ensinamentos, Jesus reuniu a verdade e o amor. Seu amor foi expresso em verdade, e Ele falou a verdade com amor. A união da verdade e do amor é necessária para nosso crescimento espiritual (Ef. 4.15).

É fácil identificar aqueles cristãos que se importam muito com a verdade, mas que quase não têm amor. Sua fé é expressa principalmente por palavras. São "grandes estudiosos da Bíblia", e podem até resumir seus livros e fazer um gráfico das épocas, mas são dificeis de se andar com eles, e a verdade que conhecem (ou pensam que conhecem) não é uma ferramenta de construção: é uma arma de luta. Eles adoram rivalizar!

A verdade precisa do amor, pois a verdade sem amor tende a tornar as pessoas orgulhosas. "A ciência incha, mas o amor edifica" (ICo. 8.1). A verdade sozinha pode ser destrutiva, mas o amor capacita a verdade a nos edificar. Quando a verdade é partilhada com amor (mesmo se a verdade ferir), no final nos ajuda. [...] Uma criança sempre pensa que todas as pessoas que a beijam são amigas, e que todas as pessoas que nelas batem são inimigas. Mas uma pessoa madura sabe a diferença real. Algumas vezes a verdade pode nos machucar antes que possa nos curar, mas se formos feridos em amor, logo, a cura virá.

Esse fato nos ajuda a compreender que alguns ministérios da Palavra são divisíveis e destrutíveis. Há verdade neles, mas a verdade não é partilhada com amor.

(WIERSBE, Warren W. A oração intercessória de Jesus. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, p. 137)

19 de novembro de 2010

O que significa "aceitar Jesus"?

Por Ray Ortlund

“Voltaram para Deus, deixando os ídolos a fim de servir ao Deus vivo e verdadeiro.”  
(1 Tessalonicenses 1.9)

Você e eu não somos pessoas integradas, unificadas, inteiras. Nossos corações são multidivididos. Existe uma sala de reunião em cada coração. Uma grande mesa, cadeiras de couro, café, água mineral, quadro branco. Um comitê senta-se ao redor da mesa. Há o eu social, o eu privado, o eu trabalhador, o eu sexual, o eu recreacional, o eu religioso, e outros.  O comitê está argumentando, debatendo e votando. Constantemente agitado e irritado. Raramente, eles conseguem chegar a uma decisão unânime, incontroversa. Dizemos a nós mesmos que somos assim porque estamos muito ocupados com nossas tantas responsabilidades. A verdade, porém é: somos simplesmente divididos, hesitantes, cativos e sem foco.

Esse tipo de pessoa pode “aceitar Jesus” de duas maneiras. Um jeito é convidá-lo para o comitê. Dar também a ele o poder de voto. Porém, ele se torna apenas mais uma complicação. O outro jeito de “aceitar Jesus” é dizer a ele: “minha vida não está funcionando. Por favor, entre e demita meu comitê, cada um deles. Eu me deixo todo em suas mãos. Por favor, dirija minha vida inteira para mim”. Isso não é complicação; isso é salvação.

 “Aceitar Jesus” não é apenas adicionar Jesus. É também subtrair os ídolos.

Traduzido por Josaías Jr. | Retirado do site iPródigo | Original aqui

10 de novembro de 2010

Qual é o propósito do batismo no Espírito Santo?

"Olá, a paz do Senhor! Meu nome é Renato. De uns tempos pra cá, orientado pelo lider de jovens da minha igreja, tenho buscado em oração o batismo no Espírito Santo, mas gostaria de saber qual é o propósito deste batismo. Desde já, agradeço pela atenção."

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resposta por Cleison Brugger
Olá, Renato, paz e bem.
Em suma, o batismo no Espírito Santo tem dois propósitos: 1) fazer com que Cristo seja engrandecido, louvado, glorificado e enaltecido (Lc. 24.49; Jo. 15. 26,27; 16. 13,14); 2) e capacitar os fiés à pregação do evangelho de Cristo, dando-lhes ousadia, coragem, persuasão e intrepidez (Atos 4. 8-13; 7. 48-52; 8. 5-7; 9. 26-31; 14.1). Em Atos 1.8, a palavra diz: "mas recebereis poder [disse Jesus], ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas [testemunhas de Cristo] tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra". O termo grego para "poder", no texto, é δυναμιν [dunamin], que significa um poder em ação, um poder real. Assim, o batismo no Espírito Santo só é realmente válido se ele estiver de acordo com a uma paixão pela pregação do evangelho a toda gente.  Na atualidade, temos visto muitos que "usam" o batismo no Espírito Santo apenas para se sentirem "mais" espirituais; os que assim tratam o dom do Espírito realmente não conhece o Espírito dos dons.

O batismo no Espírito Santo nos é dado como uma capacitação espiritual para, como dito acima, glorificarmos, engrandecermos e fazermos conhecida e notória, a obra da cruz. Bendizemos Deus Pai por sua promessa (Lc. 24. 49; Atos 1.4), amamos o Espírito Santo pelo seu dom inefável (Atos 1.8; 2.4) e glorificamos a Cristo Jesus, tornando sua obra na cruz ainda mais relevante (Atos 2. 22-24, 38; 4. 8-12).

Numa rápida leitura dos primeiros 5 capítulos de Atos, percebemos que, embora o Espírito Santo tivesse sido derramado sobre os crentes, Ele não se tornou "um novo deus a ser glorificado" ou a preferência do momento; pelo contrário, este derramamento serviu para glorificar, testificar, disseminar, divulgar e honrar ainda mais, a obra de Cristo na cruz. Assim, o caminho do Pentecostes passa pelo calvário, e não existe derramamento do Espírito sem a consciência da cruz e uma paixão por ela.

Por fim, este dom do Espírito Santo nos é dado para a glória de Cristo, para a nossa santificação e humilhação e para a intrépida pregação do evangelho. fazendo assim, faremos bem ao recebê-lo.

9 de novembro de 2010

Ordem e decência na liturgia carismática

Originalmente extraído do blog  Teologia & Graça, mas retirado por mim do blog Olhar Reformado


Por Esdras Costa Bentho

I Coríntios 14.1-40

Introdução

O capítulo 14 de 1 Coríntios é uma terceira abordagem da mesma problemática desenvolvida nos capítulos 12 e 13. Observe que o capítulo inicia-se com o verbo imperativo "diōkete"[1], em vez de um conectivo. No capítulo 12, o apóstolo dos gentios descreve os dons espirituais classificando-os em: [v.4] "diversidade de dons" (diaire,seij de. carisma,twn); [v.5] "diversidade de ministérios" (diaire,seij diakoniw/n); [v.6] "diversidade de operações" (diaire,seij evnerghma,twn). A ênfase está na unidade e diversidade dos carismas. No capítulo 13, Paulo, embora exorte os crentes a buscarem os melhores dons (12.31), sobrepõe o amor aos carismas.

Todavia, neste capítulo, o apóstolo discute a relação entre os dons espirituais e a edificação da comunidade cristã. O tema (leitmotiv) da perícope acha-se no v. 26: "Faça-se tudo para edificação" [v.12]. O termo "edificar" (oivkodome,w) aparece sete vezes no capítulo [vv.3, 4, 5, 12, 17, 26]. O sentido básico é "construir", "eregir", "construir". De acordo com Vine, procede de "oikos" (oivkoj) e "demō" (demw), literalmente "construir uma casa" e, metaforicamente, "promover o crescimento espiritual e o desenvolvimento do caráter"[2].

Contexto Histórico e Propósitos

As religiões de mistérios multiplicaram-se nos domínios greco-romanos. Os adeptos desses cultos eram conhecidos pelos seus "dotes espirituais", "transes", "glossolalia", "visões", e seus iniciados eram chamados de "pneumatikos" (pneumatiko,j), "pessoas espirituais".

Variegados membros dessas religiões converteram-se ao Evangelho e, não poucos, estavam presentes na comunidade cristã de Corinto (1 Co 12.1). Neste contexto sócio-religioso, as manifestações espirituais na igreja moviam-se entre o exibicionismo e a soberba espiritual, provocando uma balbúrdia e distorção dos carismas. No epicentro desta querela estavam os "profetas", dotados do carisma da profecia, e os "glossolalos"[3], que falavam em variedades de línguas [vv. 3,4]. Portanto, Paulo escreve com o propósito de:


1) distinguir o valor didático e coletivo da glossolalia e da profecia [vv.1-9];


2) apresentar a função didática dos carismas no culto [vv.12-19];


3) exortar à maturidade [v.20];


4) descrever ambos os dons como sinal (shmei/o,n) na liturgia [vv.22-25];


5) solicitar ordem na liturgia [vv.26-40].

Estrutura

O capítulo está dividido em quatro seções:

1) vv.1-25: Distinções, propósitos e superioridade do carisma profético;


2) vv.26-35: A liturgia e a regulamentação dos carismas;


3) vv.36-38: Autoridade paulina;


4) vv. 38,39: Síntese do discurso.

Comentário e Aplicação

O culto, tanto no Antigo ('ābad) quanto em o Novo Testamento (latreuō), significa "servir", "serviço", referindo-se à liturgia sagrada oferecida ao Senhor (Êx 20.5; Mt 3.10). O culto é um serviço de gratidão e adoração a Deus por todas as bênçãos salvíficas (Sl 116.12,13). A pessoa principal da liturgia cristã não é o crente carismático, mas o Senhor Jesus Cristo (Ap 15.3,4). Além de adorar a Deus, o culto tem como propósito a edificação da comunidade redimida [vv.4,5,12s].

A liturgia da igreja primitiva era dinâmica, espontânea e com manifestações periódicas dos carismas concedidos pelo Espírito Santo (Rm 12.6-8; 1 Co 12.4-11, 28-31). Os cultos da igreja de Corinto eram carismáticos (1 Co 12; 13; 14), pois todas as manifestações do Espírito, as diversidades de ministérios e de operações, encontravam-se naquelas reuniões (1 Co 12.4-6). Porém, a igreja estava envolvida em diversas dissensões e litígios (1 Co 1.10; 6.1-11); pecados morais (1 Co 5) e, principalmente, desordem no culto de adoração a Deus (1 Co 11.17-19; 14.26-35). A desordem era tal que o próprio culto tornou-se um entrave ao progresso espiritual dos crentes. Eles eram imaturos e carnais (1 Co 3.1-4).




[1] Literalmente "ir após com persistência". Ver MORRIS, Leon. I Coríntios: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova; Mundo Cristão, 1981, p. 153. Série Cultura Bíblica.
[2] VINE, W. E. (et al.) Dicionário Vine. 7.ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.582-3.
[3] Tradução do v.3 feita por G. Barbaglio da expressão grega "ho lalōn glōsse(i)" (o` lalw/n glw,ssh|), Ver BARBAGLIO, G. As cartas de Paulo (I). São Paulo: Loyola, 1980, p. 339, Bíblica Loyola 4.

3 de novembro de 2010

Ser assembleiano...

por Marcelo Lemos

Eu sempre soube, de ouvir falar, que tradicional não gosta muito de pentecostal. Igualmente, sempre tive conhecimento, por experiência, que pentecostal não gosta muito de tradicional. Estou generalizando, evidentemente. Então, é com muita alegria que recebo notícias de cristãos carismáticos que se aproximam da teologia reformada, e de crentes tradicionais que se abrem ao diálogo com os ‘pentecas’, outrora tidos como a escória do protestantismo pelas elites religiosas, sociais, econômicas.

Não é incomum que eu receba conselhos no sentido de deixar a comunhão assembleiana. São irmãos em cristo que me falam de como o pentecostalismo está saturado de excessos emocionais, e até místicos; de como o pentecostalismo se aliou ferinamente a soterologia arminiana, e a uma escatológica fictícia. E, cá entre nós, preciso ser honesto e reconhecer que diversas vezes já desejei, e até tentei, abandonar o barco…

Por qual razão não o fiz? Humanamente falando eu poderia listar diversos motivos. O principal deles é que acredito em reforma; mas que isso, acredito no poder da Palavra de Cristo. Não pretendo ser um revolucionário dentro do pentecostalismo, ou desta ou daquela Igreja. Não quero mudar as coisas numa noite! Antes, quero pregar a palavra, e por ela, trazer cativo “todo o entendimento à obediência de Cristo” (II Cor. 10.5).

Como se faz isso? Estou tentando aprender! Todavia, constantemente tenho contemplado os frutos da fé bíblica em ação! Creio que até os mais preconceituosos reformados se surpreenderiam se passagens alguns minutos com alguns pentecostais que eu conheço. Pouco a pouco, a fé reformada está invadindo o arraial pentecostal e assembleiano. E estou convencido que nós, reformados, possuímos, teologicamente falando, a única tábua de salvação para a crise que parece se anunciar no horizonte do pentecostalismo…

Eu bem poderia tornar este artigo numa convocação aos assembleianos e pentecostais, convidando-os a conhecerem os pilares do pensamento reformado. Mas, pretendo justamente o oposto: explicar a quem possa interessar, aqueles que considero os elementos mais fascinantes da espiritualidade assembleiana. Em outras palavras, quero escrever sobre os bons motivos de ser um cristão reformado… e permanecer assembleiano!

FERVOR
Há uma intensidade na liturgia assembleiana que é maravilhosa. Certamente me lembrarão dos excessos existentes. Também os conheço. Todavia, é irracional destruir todos os carros, só porque o Zé da Esquina não sabe dirigir. Para o pentecostal, o Espírito Santo não é apenas uma “doutrina” fundamental do cristianismo. O Espírito Santo é uma pessoa, real, e presente na Igreja e na vida de cada membro do Corpo de Cristo.

Tenho observado que para muitos tradicionais, os grandes mover do Espírito na História deixaram saudades. Porém, a maioria deles não consegue ver, nem buscar, a atuação do Espírito hoje. Isso é estranho demais! É como se a ‘veracidade’ de um mover espiritual fosse santificado pela passagem do tempo! Ontem? Sim! Hoje? Não!

Alguns dirão que exagero na critica. Espero que realmente não esteja comigo a razão sobre este ponto. Porém, tenho visto coisas que beiram ao ridículo. Por exemplo, recentemente alguns reformados caíram na alma da Igreja Presbiteriana do Brasil. Qual o motivo? Simples: a referida Igreja manifestou apoio ao projeto Minha Esperança Brasil. Foi a gota d’água! Choveu acusações de que a IPB estaria abraçando o arminianismo!

Pessoalmente não apoio tal ministério, nem sua doutrina; porém, incentivei o mesmo, da maneira que pude. Por qual razão? O objetivo era anunciar a Cristo. Nisto, não há arminianos, nem calvinistas. Todos são cristãos testemunhando Jesus como Caminho, Verdade e Vida. Infelizmente, dos dois lados da ‘guerra’ existem aqueles que, por sua atitude sectária, parece crer que os demais não sejam pessoas salvas. Isso não é ser reformado – não era essa a atitude que Calvino demonstra nas Institutas, por exemplo. Ser reformado não é ser sectário, é ser um reformador!

Um outro exemplo diz respeito a Hernandes Dias Lopes. Até onde sei este estimado pastor é um cristão reformado, e aceita todos os cinco pontos da ‘Tulip’. Mas, ‘coitado’ (!), comete o terrível pecado de ser um evangelista… Então, em diversas comunidades do Orkut, chove imprecações contra um irmão em Cristo! Ora, e desde quando ‘evangelismo’ é coisa de arminiano, e contrário a fé reformada?

Há sempre o perigo de falarmos do poder do Espírito, da atuação do Espírito, e, entretanto, na hora H, ficarmos apenas no discurso. É verdade, admito, que em muitos casos o pentecostalismo tem um conhecimento teológico precário, mas os tradicionais podem aprender muito com eles quanto a confiar na atuação do Deus Triuno, não apenas no passado, mas hoje, agora! E a liturgia e o trabalho assembleiano é um testemunho vivo desta fé.

LIBERDADE
Acredito que pouca gente respeita tanto o principio reformado do ‘sacerdócio universal dos crentes’ quanto o pentecostalismo. Outra vez, desejo estar exagerando. Na liturgia assembleiana clássica, acredita-se que a ‘Vox Dei’ esteja disponível a qualquer um dos seus servos, e não apenas ao ministro ordenado. Aliás, normalmente o assembleianismo desconhece os conceitos clássicos sobre “ministro” e “leigo”. Todos sãos “vasos” a serem utilizados pelo Senhor.

E engana-se quem pensa que estou falando de “profecias”. Estou referindo-me a todos os aspectos da liturgia. É verdade que ainda precisamos caminhar bastante no que diz respeito a “ordem e decência”; contudo, pouca gente leva tão a sério quanto nós a ordem de Paulo sobre “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para a edificação” (I Cor. 14.26).

Já fui a diversos cultos ‘tradicionais’ e nunca vi este mandamento ser levado a sério! Normalmente há um dirigente de culto, um dirigente de louvor, e um pregador ao final.

Na liturgia assembleiana a coisa é diferente. Todos podem falar, cantar e até pregar. Não existem clérigos, nem existem leigos. Somos todos sacerdotes de Cristo.

Para os meus irmãos assembleianos fica um alerta: não permitam que lobos tirem tal liberdade de vocês. Estou pensando agora nos conceitos neopentecostais sobre “cobertura espiritual”, e outros abusos eclesiásticos, que ameaçam várias de nossas Igrejas e ministérios. Meus queridos, historicamente jamais aceitamos que qualquer pessoa fosse “maior” ou “especial” – e não podemos abrir mão de nossa liberdade agora!

E uma vez mais percebo que os cristãos, reformados e carismáticos, podem aprender uns com os outros.

SERVIÇO
Recentemente me mudei para um determinado bairro aqui da capital paulista. Tendo decidido encontrar uma igreja reformada para visitar (trata-se de algo que gosto de fazer), não tive nenhuma surpresa ao descobrir que não havia nenhuma a menos de 40 minutos da minha casa. Isso jamais acontecerá a um assembleiano; a menos que ele se mude para onde Judas perdeu as meias!

Alguns dirão que é impossível que as igrejas tradicionais cresçam e mantenham a hegemonia doutrinária. Penso diferente. Ora, as Assembléias de Deus possuem Igrejas em praticamente todos os bairros, e a maioria de suas congregações é dirigida por obreiros sem nenhuma formação teológica, ou com apenas algum curso básico de teologia. Mesmo assim, as Assembléias de Deus se mantém muito unidas quanto aos seus princípios.

Alguns exemplos que posso indicar de memória: Assembléia de Deus – Ministério do Belém; Assembléia de Deus – Ministério São Bernardo; Assembléia de Deus – Ministério Belo Horizonte (Missão); enfim. Só em São Bernardo do Campo o Ministério do Belém possui algo perto de 45 congregações. Nesta mesma cidade, o Ministério São Bernardo, atualmente dirigida pelo pastor Tarciso, que foi diretor do Seminário onde iniciei meus estudos teológicos, tem mais de 150 congregações! E mesmo assim, são ministérios unidos, e contam grande homogenia interna quando a costume e doutrinas! E são independentes um do outro… Cada ministério tem sua Sede, alguns tem até convenções próprias, etc.
 
Não parece haver escapatória aqui. Ou os cristãos reformados precisam classificar estas pessoas como “não salvas”; ou então, precisam admitir que estão trabalhando menos do que poderiam. A luz do que a História nos ensina, é muito mais seguro concluirmos que boa parte dos reformados de hoje não está alinhada com uma das maiores ‘paixões’ do calvinismo histórico: a evangelização!

Alguém deve estar pensando quem me esqueço dos problemas que o modelo assembleiano provoca. Também tenho consciência deles. E não estou propondo que o modelo assembleiano seja o certo, nem o ideal. Estou apenas tentando ilustrar o fato de que a fé reformada poderia estar muito mais inserida na nossa sociedade, mesmo que para isso fosse preciso colocar os ‘leigos’ nas ruas, avenidas, morros e favelas!

Neste sentido, tenho orgulho de ser assembleiano. Quantas vezes preguei em Igrejas localizadas em morros tão mal iluminados que, na volta para casa, pedíamos para ser acompanhados por algum irmão da Igreja! E aquelas vezes que preguei em favelas nas quais era preciso pedir autorização do ‘chefe’? E as vezes que preguei no interior, tendo como audiência, inclusive, alguns bois e alguns gansos?

Ahh! Que saudades temos, minhas esposa e eu, das congregações do Lajedo e do Mirante! E a congregação do Novo Arão Reis? Que história maravilhosa a de vocês, meus amados! – um pequeno grupo de jovens que decide evangelizar uma favela, ganha um morador para cristo, começam algumas reuniões, e hoje, temos uma nova Igreja! Ria-se quem quiser, mas só de escrever este parágrafo as lágrimas se aproximam dos olhos!

Concluo reafirmando ter plena consciência dos erros e dos desafios que estão a nossa porta, assembleianos. E reafirmando a minha convicção no poder da Proclamação do Evangelho. 

Paz e bem.

31 de outubro de 2010

Contrariando os princípios da Reforma

 por Cleison Brugger

O dia 31/10, além de comemorar o Famoso Halloween (ou dia das bruxas), também comemora algo de muita importância para os cristãos protestantes: o Dia da Reforma Protestante;
Foi neste dia, que Martinho Lutero apresentou, em frente à Catedral de Wittenberg, suas 95 teses combatendo as heresias que permeavam - e ainda permeiam - a Igreja Católica Romana.
Este ano, a Reforma Protestante completa 493 anos, porém, os princípios da mesma, já se tornaram mais que obsoletos para algumasigrejas evangélicas, senão vejamos:

SOLA FIDE (Somente a Fé)
Afirma que a justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Somos salvos para praticar boas obras, e não por causa da mesma (Ef. 2.10). Somos salvos pela fé e aceitação do sacrifício de Cristo em nosso favor. (Ef. 2. 8).

Entretanto, diversas igrejas que dizem ser "continuação da reforma", acreditam que só podemos ser salvos, se colocarmos acréscimos a fé, como: usar determinado tipo de roupa, não fazermos determinado tipo de coisas, não frequentarmos determinados lugares, ser assíduo aos cultos e obedecer veementemente o pastor. Para alguns, isto é o suficiente e a fé serve apenas como um complemento.

SOLA GRATIA (Somente a Graça)
Afirma que na salvação, somos resgatados da ira de Deus única e exclusivamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é o que nos leva à Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual e nos conduzindo à liberdade em Cristo.

Todavia, existem pastores e igrejas que declaram implicitamente que isso não é o bastante. Só podemos ser salvos mesmo se andarmos "na doutrina". A graça é deturpada pelas "autoridades da fé". Eles preferem [e adoram] prender suas igrejas numa "ditadura moral e espiritual".

SOLUS CHRISTUS (Somente Cristo)
Afirma que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória de Cristo. Sua vida sem pecado e sua expiação, por si só, são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.

Contudo, em nossos dias, Cristo tem ficado de fora de nossas reuniões. Enquanto antes, nossa fonte inesgotável era Cristo, hoje ele é apenas um meio de recebermos o que queremos, e não um fim em Si mesmo. Honramos muito mais, em nossas igrejas, os conferencistas, cantores, deputados e doutores, do que o próprio Cristo, e essa realidade é de estremecer os ossos.

SOLA SCRIPTURA (Somente as Escrituras)
Afirma a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha, ensina tudo o que é necessário para a nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo o comportamento cristão deve ser avaliado.

Entretanto, o que tem acontecido nesta presente época, é uma revolta CONTRA a Bíblia! Muitos não gostam mais dela e declaram-na antiquada e ultrapassada. Suas promessas têm sido trocadas para o "determine sua bênção!", o amor de Deus por nós têm sido trocado pelo "o melhor de Deus ainda está por vir!", etc. Defender a inerrante, infalível e imutável Palavra Sagrada não está nos planos dos "doutores em divindade" e dos "mercantilizadores da fé".

SOLI DEO GLORIA (Glória Somente a Deus)

Afirma que, como a salvação é de Deus e realizada por Ele, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteiramente perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus e para sua exclusiva glória.

Mas no séc. XXI, a glória tem ido pra quem faz melhor! temos um espírito de orgulho, soberba e avareza pairando sobre a igreja evangélica. Uma glória sem graça têm sido dada a homens "com aparência de bondade". vale lembrar que "a marca distintiva da boa doutrina é esta: ela não se inclina a buscar a glória dos homens, mas a de Deus” - João Calvino.

ECCLESIA REFORMATA ET SEMPER REFORMANDA EST (Igreja reformada sempre se reformando)
A idéia que os reformadores tinham ao proferir estas palavras NÃO era, de alguma necessidade, de reformarmos as doutrinas bíblicas; eles referiam-se ao dever de sempre retornarmos às doutrinas bíblicas; Não é "Doutrina reformada sempre se reformando" e sim "IGREJA reformada sempre se reformando".

Bom, diante do exposto, creio que ainda haja tempo de zelarmos e cumprirmos este último ponto. Precisamos de um novo Lutero? Não, mas precisamos urgentemente, retomar os princípios da reforma; precisamos pregar o evangelho da cruz de forma clara, simples e santa. Os clamores de Lutero de obter uma igreja reformada precisam, ainda hoje, serem defendidos!

Precisamos nos levantar com um sangue biblino e, biblicamente, denunciar os desvios, incoerências e aberrações feitas em nome de Deus.

SOLI DEO GLORIA

27 de outubro de 2010

O neo-pós-pseudo pentecostalismo

Eis abaixo uma constatação perturbadora do bispo Anglicano Robinson Cavalcanti:

O pentecostalismo que nos chegou não foi o da ala negra da rua Azuza, com sua visão social, mas o da ala branca, com seu isolacionismo, sua ascese extra-mundana e sua escatologia pré-milenista pessimista. Com o passar do tempo, permaneceu apenas o conceito de pecado individual e de uma ética individual da santidade negativa (não fazer o mal) — e não da santidade positiva (fazer o bem) — legalista, moralista, sem os conceitos de pecado social e pecado estrutural, e ética social. A teologia da libertação, racionalista, enfatizaria esses últimos às custas dos primeiros, e, por fim, a teologia liberal pós-moderna, relativista, e amoral, negaria ambos. A “batalha espiritual” reforçaria a alienação e a teologia da prosperidade seria a face religiosa do neoliberalismo capitalista. O neo-pós-pseudo-pentecostalismo não prega conversão e santidade, mas neo-indulgências e sessões de descarrego. Do novo nascimento ao sabonete de arruda tem sido um longo caminho, por onde passam os sócios “evangélicos” dos escândalos da República. Uma igreja insípida não salga nem salva um país enfermo.

21 de outubro de 2010

Conheça o Evangelho

por Paul Washer

Eu quero submeter a você esta noite que este país não é endurecido ao evangelho. É ignorante do evangelho, porque a maioria dos seus pastores o é. E deixe-me repetir isto. O problema deste país não são os políticos liberais, a raiz de socialismo, Hollywood ou qualquer outra coisa. É o, assim chamado, pastor evangélico de nossos dias e o pregador de nossos dias e o evangelista de nossos dias. É aí que o problema deve ser encontrado. Nós não conhecemos o evangelho. Nós pegamos o glorioso evangelho de nosso Bendito Deus e o reduzimos a “quatro leis espirituais” e “cinco coisas que Deus quer que você saiba”, com uma pequena e supersticiosa oração no final que se alguém repetir depois de nós com bastante sinceridade nós o declaramos de uma forma papal, nascida de novo. Nós trocamos regeneração por “decisionismo”. [...]

Quando você deixa de lado o evangelho e não há mais nenhum poder em sua suposta mensagem do evangelho, você, então, tem que recorrer a todos aqueles pequenos truques de mercado, que são tão proeminentemente usados hoje em dia para converter os homens. E nós todos conhecemos a maioria deles. Todos eles não funcionam. [...]

Agora você sabe por que aquele pequeno evangelho que você prega não tem nenhum poder? Porque não é nenhum evangelho. Vá ao evangelho. Gaste sua vida em seus joelhos. Se afaste dos homens. Estude a cruz.

Por Paul Washer. © HeartCry Missionary Society Inc. Website: heartcrymissionary.com
Tradução e adaptação: voltemosaoevangelho.com
 

18 de outubro de 2010

Pregadores-mirim: O show vai começar!

Se você der uma passeada pelo Youtube, irá encontrar isso e muito mais!
por Cleison Brugger

Graças a Deus comecei a pregar desde muito cedo, com pelo menos 13 anos de idade e, por esta razão, é que tenho um alicerce para escrever sobre isso. Embora eu sabia que o que eu fazia era uma preparação para esse ministério fascinante que é o ministério da palavra, era notória a minha falta de preparo e a minha incapacidade de assumir um púlpito, e isso responde o porquê que os púlpitos não devem ser um lugar para os infantes. Existe um tempo para todas coisas (Ec. 3). Creio que Deus quer levantar grandes ministros do evangelho, contudo, a seu tempo. Por isso, sinceramente, tenho uma certa aversão por crianças que supostamente pregam. Creio que o Espírito Santo use a quem quer, como bem entender, mas tenho um receio muito grande quando vejo alguns desses pregadores-mirim.

Encontramos essas figuras, normalmente, no cenário da igreja pentecostal, e isso mostra a nossa neglicência com o Sagrado e prova o quanto uma exposição biblicamente coerente, para alguns, é irrelevante. Alguns de nós ficamos encantados com a capacidade que elas tem de gravar versículos e passagens bíblicas e com a desenvoltura dessas crianças curiosamente imitadoras destes "animadores de palco" e desse circo armado nas arenas pentecostais.

É certo que não estou atacando todas as crianças que pregam; me encanto quando vejo crianças gesticulando bem, falando como crianças normais, sem nenhum tipo de sutaque ou cacoete, em sua humildade e simplicidade; gosto de ver crianças falando como criança, vestidas como criança, se portando como criança e não tentando ser adulto, quando não consegue ser. Então, me dirijo especialmente a essas crianças que são discaradamente manipuladas! tudo o que fazem parece que tem o dedo de alguém! Cada palavra e frase, é um clichê que aprendeu, ouvindo a pregação de algum "conferencista ou avivalista famoso"; sua linguagem muda quando sobe em um púlpito, seus trejeitos são esquisitos, suas roupas são ridículas para suas idades, suas "pregações" são forçosas, apelativas e cheias de frases feitas e jargões mais do que batidos, e tudo o que eu consigo ver são aberrações falando daquilo que não sabem.

Isso me entristece. Por um lado vejo crianças manipuladas, como que marionetes sendo movidas pelo afã de "querer aparecer" e se tornarem pregadores que enaltecem seus egos (o que mais vemos hoje), e assim, pondo de lado suas infâncias, brincadeiras e fazendo nascer uma pseudo-maturidade; por outro lado, vejo uma igreja ignorante, mas festeira do que espiritual, preocupada com movimentos, campanhas e encontros, e virando a cara para a Palavra de Deus, tornando-se, assim, uma igreja herética.

Lutero considerava o ministério da Palavra o mais alto ofício da Igreja. O próprio título, “servo da Palavra divina” (minister verbi divini), conota um papel essencialmente fundamental [1], e, por esta razão, não pode ser exercido por qualquer pessoa.

Eu critico a atuação destes pequenos nos púlpitos alheios, mas minha palavra vai, indiscutivelmente, aos pais e "pastores" que manipulam essas crianças e privam as mesmas de terem uma infância normal e uma vida sossegada. Ao invés destes se esforçarem para obterem um estudo acadêmico e um bom rendimento no estudo bíblico, e assim, pela Palavra, alimentar suas igrejas com alimento sólido, preferem fazer de suas crianças "a atração do momento", e se vangloriam com a agenda "cheia" de seus fantoches humanos. A vocês digo: zelem pela vida de suas crianças, zelem pela Palavra, pela pureza de seus púlpitos e pela saúde de suas igrejas, pois a Palavra de Deus não é uma brincadeira!

Deixem que suas crianças vivam, brinquem, louvem na igreja e porque não, ganhe uma oportunidade para falar! mas não faça delas uma atração para suas igrejas e um meio de ganhar dinheiro, pois esta é uma atitude, no mínimo, covarde.

Referência:
[1] GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. 1 ed. Cap 3, p. 96-98. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1994

17 de outubro de 2010

Uma igreja historicamente consciente

Bp. Walter MacAlister

Vivemos numa época fascinada com o progresso. Sem maiores explicações, nossa cultura, inclusive  a igreja, exalta a mudança e a novidade como fins em si. O preconceito da nossa cultura contra o passado é evidente. É preciso escrever nossa própria história independentemente de como nossos antepassados buscaram viver em obediência às Escrituras Sagradas e ao mover do Espírito Santo.

Contudo, esta mudança contínua da igreja tem um alto preço. Ao esquecermos e rejeitarmos nossas origens, vivemos à mercê de cada nova moda que varre a nossa cultura. O resultado é paradoxal; na medida em que a igreja tenta ser mais relevante, ela se torna cada vez mais irrelevante, pois é facilmente consumida pelos gostos e interesses da nossa sociedade.

Creio que, para ser relevante em nossos tempos, a igreja precisa ser fiel às suas origens. Por isso mantenho um compromisso inegociável com as práticas históricas da igreja, isto é, com a proclamação da Palavra de Deus, a celebração dos sacramentos (batismo e Santa Ceia), o exercício da disciplina, a ordenação de homens idôneos ao ministério, a catequese tradicional (com ênfase especial no Credo Apostólico, na oração do "Pai Nosso", e nos Dez Mandamentos) e a lembrança perpétua da Cruz de Cristo (o padrão de vida de todo discípulo de Cristo).

Em meio ás diversas vozes contemporâneas que competem pela atenção da igreja, precisamos lembrar também daqueles que dedicaram suas vidas pelo Reino de Deus ao longo dos séculos, incluindo Policarpo, Irineu de Lião, Atanásio, Agostinho, Patrício, Anselmo de Cantuária, Tomás de Aquino, Martinho Lutero, João Calvino, Jonathan Edwards, John Wesley, Charles Spurgeon, C. S. Lewis, Martyn Lloyd-Jones, entre outros. As vidas e as obras desta "grande nuvem de testemunhas" nos ajudam, ainda hoje, a compreender os desafios modernos ao testemunho da Igreja de Jesus Cristo e a responder de forma prática e profética às carências e necessidades dos nossos tempos.

Se cultivarmos esta consciência histórica, a igreja viverá mais segura do seu chamado e da sua identidade em meio a uma sociedade que, cada vez mais, ignora as suas origens e vive insatisfeita, não só com o passado, mas, também, com o presente e até com o futuro. 

Tome nota: 
Walter MacAlister é bispo primaz da Igreja Cristã Nova Vida, e filho do fundador desta denominação, bispo Robert MacAlister.

12 de outubro de 2010

Variedade de línguas e profecia na igreja

Rev. Hernandes Dias Lopes
Referência: 1 CORÍNTIOS 14:1-40

INTRODUÇÃO
· John Stott, o maior exegeta do século XX afirma que os dons são atuais, contemporâneos, úteis e necessários, visto que Jesus não mudou. O grande problema é a polarização: carisma sem caráter (dons sem fruto), caráter sem carisma (fruto sem dons), credulidade infantil-racionalismo cético, cessacionismo-confusão.
· Neste capítulo 14 o apóstolo Paulo vai tratar fundamentalmente sobre dois dons espirituais: variedade de línguas e profecia.

I. O DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS
1. O ensino de Paulo sobre o dom de variedade de línguas
1.1. Quem fala em outra língua fala a Deus e não aos homens – v. 2
1.2. Quem fala em outra língua não é entendido, pois fala em mistério – v. 2
1.3. Quem fala em outra língua edifica-se a si mesmo e não à igreja – v. 4
1.4. Quem fala em outra língua não se torna entendido, por isso não edifica – v. 5-11
1.4.1. O exemplo dos instrumentos musicais – v. 7 (produz harmonia)
1.4.2. O exemplo da trombeta convocando para a guerra – v. 8 (prepara para a batalha)
1.4.3. O exemplo da conversação interpessoal ininteligível – v. 9-11(produz edicação)
1.5. Quem fala em outra língua não entende o que fala – v. 13-15 – A mente é importante e Paulo diz que o crente precisa usar sua mente em cinco áreas: na oração (v.15), nos cânticos (v.15), na ação de graças (v.16-17), na instrução (v.19) e no juízo (v.20).
1.6. Quem fala em outra língua não pode edificar os outros – v. 16-17
1.7. A variedade de línguas não é para pregação – v. 18-19 “Mesmo quando há interpretação, não se muda a natureza das línguas. Continua sendo palavra do homem para Deus e não palavra de Deus para o homem (profecia).
1.8. O uso errado do dom de variedade de línguas escandaliza os incrédulos – v. 23
1.9. O uso do dom no culto público precisa ser com ordem – v. 27-28
1.10. O dom de variedade de línguas não deve ser proibido – v. 39
2. Erros relacionados ao uso do dom de variedade de línguas
2.1. Dar mais valor a este dom do que aos outros – v. 5
2.2. Pensar que este dom é prova de espiritualidade abundante – 1:7; 3:3; 13:1
2.3. Pensasr que este dom é o selo e a evidência do batismo com o Espírito – 12:13
2.4. Pensar que todos os crentes devem ter este dom – 12:30
2.5. Falar todos ao mesmo tempo em culto público – v. 27
2.6. Falar em estado de êxtase – v. 32
2.7. Falar em público sem interpretação – v. 2,5,9,11,13,16,27,28,40.
2.8. Pensar que a oração em línguas é superior à oração no vernáculo – v. 13-15
3. Recomendações do apóstolo sobre o dom de variedade de línguas
3.1. Não proibam que se fale em línguas – v. 39 – Paulo deu o seu testemunho pessoal (14:18). Só porque o dom está sendo mal usasdo, isto não significa que deve ser proibido. Os coríntios abusaram da Ceia do Senhor, mas a solução não foi deixar de celebrá-la. Dito isto, eles precisavam entender que “linguas” não era o melhor dom para edificar a igreja (14:19).
3.2. Em culto público, falar em línguas só com interpretação – v. 27-28 – A igreja de Corinto não tinha ordem no culto. Todos falavam ao mesmo tempo. As pessoas não entendiam e por isso não eram edificadas. Línguas tem três procedências: dom do Espírito; psiquê humana (extático), o diabo (1 Co 12:3).
3.3. Falar em línguas em particular tem o seu valor – v. 2,4,28

II. O DOM DE PROFECIA
1. O que é dom de profecia?
· Temos que fazer uma distinção entre o ofício de profeta no VT e NT com o dom de profecia hoje.
· Hoje não há mais profetas no sentido daqueles profetas primeiros, que se tornaram o fundamento da igreja (Ef 2:20), ou seja, instrumentos da revelação divina. O cânon da Escritura já está fechado.
· Hoje qualquer manifestação subsequente deste dom deve ser submetida à doutrina autorizada aos apóstolos e profetas (1 Co 14:37-38). BillybGraham fala: “Hoje Deus não revela mais verdade nova diretamente; a Bíblia tem uma capa posterior”.
· O dom de profecia é expor a verdade revelada de Deus conforme está registrada nas Sagradas Escrituras (Gl 1:8-9).
· O dom de profecia não está ligado a cargo ou posição. Todo crente pode profetizar (1 Co 14:1,5,31,39). Moisés também fez o mesmo (Nm 11:25-29).
2. O dom de profecia é segundo a proporção da fé
2.1. Esta fé é o conteúdo das Escrituras – Rm 12:6; 1 Pe 4:10-11; Judas 3
2.2. O dom de profecia precisa estar subordinado à autoridade apostólica – v. 37
3. Erros quanto ao exercício do dom de profecia
3.1. O dom de profecia não é extático – v. 29,31-33
3.2. O dom de profecia nunca é dado na primeira pessoa e sim na terceira pessoa. O profeta não fala “meu servo”, mas “assim diz o Senhor”.
3.3. O dom de profecia não está acima de julgamento da congregação – v. 29
4. O dom de profecia precisa ser provado
4.1. Glorifica a Deus? – 1 Pe 4:10,11
4.2. Está de acordo com a Escritura? – 1 Pe 4:11
4.3. Edifica a igreja? – 1 Co 14:3,4,5,12,17,26
4.4. O profeta se submete ao julgamento dos outros? – 1 Co 14:29
4.5. O profeta está no controle de si mesmo? – 1 Co 14:32
4.6. O que o profeta fala sucede 100%? – 1 Sm 9:6; Dt 18:22
5. Propósitos do dom de profecia
5.1. Fala aos homens para a edificação da igreja – v. 3-4
5.2. Edificação – ajuda a construir, levantar – não é profecia manipulativa, carnal.
5.3. Exortação – “paraclesis” – palavras que dão força à vida, encorajamento.
5.4. Consolação – acalma as tempestades do medo, ansiedade. Leva refrigério.
5.5. Produz convencimento de pecado – v. 24-25 – Julgado: o efeito da palavra profética é revelar ao homem o seu estado. Todo o seu interior é sondado e exposto. Aquilo que ele escondia no coração, vê reprovado e julgado e ele só pode atribuir isto à atividade de Deus. Reconhece Deus agindo na igreja.

CONCLUSÃO
· A conclusão deste capítulo pode ser sintetizada em três verdades básicas: 1) Edificação – v. 1-5,26b; 2) Entendimento – v. 6-25; 3) Ordem – v. 26-40.

Edificação – v. 1-5 – Paulo corrige os equívocos da igreja de Corinto que dava mais valor ao dom de variedade de línguas do que o de profecia; mais valor à edificação pessoal do que a edificação da igreja, mostrando que a profecia é superior às línguas. Paulo usa dois argumentos: Primeiro, profecia fala aos homens, línguas falam a Deus (1-3). As línguas não são usadas para pregar o evangelho. Uma pessoa não fala em línguas: “meu servo…”. Isso é adulterar o sentido das línguas. Segundo, profecia edifica a igreja, enquanto línguas edifica apenas a pessoa que fala (4-5).

Entendimento – v. 6-25 – Paulo quando fala de entendimento usa três ilustrações (6-11): instrumentos musicais, trombeta que convoca para guerra e conversação interpessoal. Depois Paulo faz algumas aplicações (12-25): 1) Para a própria pessoa que fala – v. 12-15; 2) Para outros crentes na assembléia – v. 16-20; 3) A aplicação final de Paulo é para os descrentes que vinham à assembléia em culto público – v. 21-25 – Aqui Paulo mostra mais uma vez a superioridade da profecia sobre as línguas. As línguas sem interpretação jamais podem trazer convicção de pecado aos pecadores. Em vez disso, se um incrédulo entrar na igreja e ver todos falando em outros línguas pode pensar que todos estão loucos.

Ordem – v. 26-40 – Há duas ordens que devem sempre vir juntas no culto público: 1) Seja tudo feito para edificação – v. 26b; 2) Tudo, porém, seja feito com decência e ordem – v. 40. A igreja de Corinto tinha sérios problemas com a ordem do culto (11:17-23). Eles estavam usando seus dons espirituais para agradar a si mesmos e não para a edificação de toda a igreja. A palavra chave deles não era edificação, mas exibição. Paulo então dá várias orientações de ordem à igreja: Primeiro, tanto o falar quanto o interpretar no culto público precisa ser feito com ordem (27-33). Onde o Espírito de Deus está agindo há auto-controle. Êxtase é evidência de que o culto não está sendo dirigido pelo Espírito Santo. Segundo, as mulheres não podiam quebrar a ordem do culto público (34-35). As mulheres oravam e profetizavam na igreja (11:5), mas no caso aqui as mulheres estavam importando suas atitudes das religiões de mistério e conversando durante o culto ou interrompendo aqueles que falavam com práticas extáticas. Terceiro, os crentes precisam estar alertas sobre o perigo de novas revelações que vão além da Palavra de Deus (36-40). Através destes versículos Paulo estava corrigindo aqueles crentes de Corinto que estavam dizendo: “Nós não precisamos da ajuda de Paulo. Não precisamos estudar a Bíblia. Não precisamos ter pastores formado nos seminários. O Espírito fala direto conosco”. Uma das marcas do verdadeiro profeta é sua obediência ao ensino apostólico.




“Não é lícito aos homens, nem mesmo aos anjos, fazerem, nas Santas Escrituras, qualquer acréscimo, diminuição ou mudança. Por conseguinte, nem a antiguidade, nem os costumes, nem a multidão, nem a sabedoria humana, nem os juramentos, nem as sentenças, nem editos, nem os decretos, nem os concílios, nem as visões, nem os milagres se devem contrapor as estas Santas Escrituras; mas, ao contrário, por elas é que todas as coisas se devem examinar, regular e reformar” (Artigo V da Confissão Reformada da França, adotada em 1559).

  
Fonte:  Palavra da Verdade - Site do Rev. Hernandes Dias Lopes, pastor da 1ª Igreja Presbiteriana de Vitória-ES.

5 de outubro de 2010

Salvador crucificado ou Cristo vivo?

por Jeff Purswell

O Salvador que nós adoramos e servimos de fato é um Salvador glorioso e elevado, sentado à destra de Deus (Colossenses 3:1) e sustenta todas as coisas pela sua palavra poderosa (Hebreus 1:3). Porém ele também é o servo sofredor que resgata a muitos por meio da sua morte (Marcos 10:45, ver também Isaías 53:10-11) e é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29). Um Jesus crucificado foi central à pregação de Paulo, que enfaticamente lembrava os Gálatas que “foi diante dos seus olhos que Jesus Cristo foi exposto como crucificado” (Gálatas 3:1). Foi justamente por Paulo ter ousadamente proclamado “Cristo crucificado” que o evangelho foi um escândalo (1 Coríntios 1:23)!

De fato, não podemos conhecer a Jesus corretamente sem a cruz, pois é por meio daquela morte macabra que sua identidade é revelada. (João 8:28, ver também 12:32, 34).

Algo profundo está em jogo aqui. Conceber Cristo à parte da Cruz é distorcer sua identidade e sua missão, da mesma forma que Pedro fez quando repreendeu Jesus por anunciar o que ainda havia de sofrer e morrer (Marcos 8:31-33). Podemos inferir a grandeza de Deus e o seu poder a partir da criação (Romanos 1:19-20) mas é na cruz que seu amor e misericórdia são completamente revelados. Nos novos céus e na nova terra nós iremos, sem dúvida, adorar a Cristo num silêncio abafado, à medida que contemplamos sua glória transcendente (Apocalipse 1:12-17), exaltando-o como o vitorioso Leão da tribo de Judá. Mas nós também cantaremos para sempre o louvor do Cordeiro que foi imolado, cujo sangue resgatou o povo de Deus (Apocalipse 5:6-10).

Como resultado, não devemos nunca deixar de contemplar Jesus como nosso Salvador crucificado, relegando a cruz ao passado. A cruz deve informar sempre a nossa compreensão de Cristo no presente, pois ela de fato fará isso por toda a eternidade.

Fonte: iPródigo | Original aqui

2 de outubro de 2010

Não faça de seu ministério um twitter

 por Cleison Brugger

É difícil encontrar alguém hoje que não tenha o famoso twitter. Esse @, precedido por um nome característico, faz com que milhares de pessoas limitem suas palavras e pensamentos a 140 caracteres.
No twitter, as coisas funcionam basicamente assim: quando uma pessoa posta (escreve) coisas legais e interessantes, ela começa a ganhar diversos seguidores (chamados pelo twitter de "Followers"), e quanto mais followers essa pessoa tiver, mais popular ela fica, e isso cria na pessoa um desejo obrigatório de postar todos os dias algo que seja relevante, para que seu número de seguidores continue a crescer e a pessoa se torne ainda mais popular. Isso é tão vicioso, que é capaz de afetar todo um cotidiano; estudos, horário, hora de alimentação e noites de sono, são algumas das coisas afetadas com isso.

Não muito diferente do twitter, muitos pastores tem levado seus ministérios por esse caminho. Homens que por ter uma boa palavra (retoricamente falando) ou uma boa mensagem (conteúdo), acabam atraindo para si, ou para suas igrejas, seguidores, que acabam por se espelhar naquele pastor e tê-lo em grande estima. Contudo, a popularidade acaba por afetar o ministério deste pastor, pois ele é convidado para pregar em outras igrejas, encontro de jovens, conferências, e se ele demorava 3 horas para preparar um sermão, agora ele está pregando sermões repetidos, pela falta de tempo para preparar um sermão, pois sua agenda está "lotada". Como ele não quer frustar seus seguidores fiés, acaba por falar alguns pontos idênticos ao encontro passado. Toda essa popularidade faz nascer uma faísca de orgulho, e essa faísca é o suficiente para a ruína de um ministério. Um grande inimigo do homem é o seu próprio eu!

Sua vida de oração também é afetada. Seus compromissos são tantos, que ele não mais tem tempo de ganhar algumas horas em oração. Seu tempo com sua esposa e filhos está tão limitado, que raramente param para fazer um culto doméstico ou para orarem juntos.

Parece que Deus está agindo em seu ministério; olha como sua agenda está cheia, olha quantos compromissos, olha quantos esboços! Em compensação, olhe para sua família, para sua vida de oração ou para o seu tradicional devocional às 7 da manhã. Se uma vida com Deus é afetada, as outras coisas não podem estar indo bem, por mais que aparentemente pareçam tranquilas.

Isso tudo levou o pastor John Piper a pedir uma licença de 8 meses de sua igreja, Bethlehem Baptist Church, para revisar sua vida, sua família e seu ministério. Ele mesmo disse em seu twitter pessoal (@JohnPiper): "Pedi para os nossos anciãos (presbíteros da Bethlehem Baptist Church) uma licença de 8 meses de ausência. Nenhuma pregação, sem livros, sem blogs, sem tweets". Que bela atitude! contudo, muitos pastores estão seguindo por este caminho, e enquanto suas mensagens são boas e relevantes, sua vida, sua igreja, sua família e sua devoção a Deus estão sendo afetados e isso não pode ser uma obra de Deus.

26 de setembro de 2010

O "novo calvinismo" é fervoroso e carismático

Há um tempo, este jovem pentecostal clássico, esfomeado pela autenticidade, pela verdade e pela glória suprema do Eterno, tem se rendido ao pensamento calvinista. Isso porque muitas pessoas também tem se rendido, e eu tenho sido mais uma vítima. A revista Time (americana), em sua lista das 10 influências mais importantes no mundo na atualidade, listava como 3º pensamento mais influente no mundo o neo-calvinismo ou "novo" calvinismo, como queiram, e, através de homens como John Piper, C. J. Mahaney, Tim Keller, Waine Grudem e outros, tenho aberto meus olhos para algumas coisas e tenho percebido quão errado tenho pensamento e agido nestes anos de caminhada. Sim, este jovem tem pensamento muito a respeito. sim, ainda sou pentecostal. Sim, sou um amante da verdade.

Abaixo transcrevo uma parte do texto do pastor Juan de Paula, que, à partir de 2004, se uniu a alguns milhares e também se curvou ao pensamento neo-calvinista. Ele lista 6 pontos entre o "novo" calvinismo x o "velho" calvinismo, e abaixo trascrevo o 4º ponto, onde ele coloca o neo-calvinismo como sendo fervoroso e carismático:

 O “novo” calvinismo é fervoroso e carismático. John Piper salienta “por um lado, temos os conservadores, extremamente meticulosos com as idéias acerca de Deus e com a preocupação de ter as doutrinas corretamente estabelecidas, aos quais digo: amém! Estou com vocês. Por outro lado, temos os carismáticos, perdidamente simplórios com relação à doutrina e entregues à emoção – levantam as mãos e batem palmas, seus pés pulam e eles sentem algo diferente, caso contrário o Senhor não está naquele lugar! Também estou com Eles! Odeio a separação entre os dois. Farei todo o possível, dentro das minhas forças e enquanto estiver vivo, para ajudar essas pessoas a enxergarem que elas estão dando a Deus apenas à metade da sua glória. Conhecer a Deus verdadeiramente e não sentí-Lo de forma devida é dar-Lhe apenas metade de Sua glória. Sentí-Lo de forma devida e não conhecê-Lo verdadeiramente é dar-Lhe apenas metade de Sua glória. Devemos dar a Deus toda a Sua glória, assim como Jonathan Edwards destacou.” (PIPER, O alvo do aconselhamento bíblico é a glória de Deus In Coletâneas de Aconselhamento Bíblico, vol. 6).

O “novo” calvinismo, se não em todos os seus adeptos, mas em considerável parte, aceita a atualidade, contemporaneidade e continuidade dos dons extraordinários dados pelo Espírito Santo em detrimento do cessacionismo defendido por boa parte dos eruditos reformados. O “novo” calvinismo posiciona as afeições cristãs, parodiando Jonathan Edwards, em seu devido lugar com bom uso das manifestações físicas. 

Texto completo aqui

21 de setembro de 2010

Como atribuir uma manifestação ao Espírito Santo

por Hermes C. Fernandes

Pra início de conversa, quero deixar claro que creio na contemporaniedade dos dons espirituais. Em outras palavras, não sou cessacionista. Os dons devem permanecer na igreja até que tenhamos chegado à perfeita varonilidade, à estatura de Cristo (Ef.4:13). A meu ver, ainda estamos longe disso.

Entretanto, considero uma blasfêmia atribuir certas manifestações bizarras ao Espírito de Deus.

É deprimente assistir pelo Youtube a cultos onde as pessoas são tomadas de êxtase, girando de um lado pro outro, em gestos e expressões corporais muito parecidos com os encontrados no candomblé.

Por que razão o Espírito Santo, meigo do jeito que é, levaria pessoas a se contorcerem no chão, ou a descaracterizarem suas fisionomias?

O Apóstolo Paulo afirma que as manifestações do Espírito são para aquilo que for útil (1 Co.12:7). Então, que utilidade tem derrubar as pessoas? Que utilidade tem ficar rodopiando pelo salão da igreja?

Recuso-me a crer que tais bizarrices sejam provocadas pelo Espírito de Deus.

Você imaginaria os discípulos de Jesus fazendo tais coisas? Ou mesmo Jesus, o Filho de Deus, com Sua face desfigurada, falando em línguas aos berros?

Tais manifestações devem ser atribuídas à infantilidade de alguns crentes. Não duvido de sua sinceridade, nem mesmo ponho em xeque sua experiência com Deus. Porém, a maneira como extravasam suas experiências se deve mais ao condicionamento adquirido em suas congregações.

Se numa determinada igreja, as pessoas possuem manias excêntricas de expressar o gozo do Espírito, um novo crente acabará assimilando os seus trejeitos.

Há também uma pitada generosa de exibicionismo. Em certas comunidades, a espiritualidade é aferida pelo volume do grito, ou pela habilidade em sapatear de olhos fechados. Isso acaba produzindo gente doente, que no afã de chamar atenção, é capaz de qualquer coisa, por mais ridícula que seja.

E o pior é o escândalo que isso pode provocar na comunidade.

Paulo diz que nosso culto a Deus deve ser racional (Rm.12:1), e que devemos deixar de lado as coisas de menino (1 Co.13:11).

Em vez de pular, rodopiar, fazer caras e bicos, que tal nos prostrar diante do Senhor e adorá-lO em espírito e em verdade?

Ademais, Jesus disse que o Espírito Santo não chamaria a atenção para Si mesmo, mas para Cristo (Jo.16:13-14). Ele é como um holofote sobre Jesus, e não Alguém que queria ser o centro das atenções. Por isso, Ele costuma ser tão discreto.

Fonte: Blog do Hermes Fernandes

13 de setembro de 2010

Contrários a liberdade

 por Gustavo Guilherme

Todo mundo tem medo. Alguns os enfrentam, outros se deixam dominar por eles.
Eleuterofóbico é o nome dado a todo aquele que tem medo de ter liberdade, ou melhor, é todo aquele que tem ojeriza, aversão ou medo mórbido de assumir responsabilidade ou adquirir autonomia em qualquer área de sua vida.

Ah! Como eu lamento por conhecer inúmeras pessoas que sofrem, sem saber, desta triste fobia. Homens e mulheres que um dia ouviram o chamado à liberdade de Cristo, decidiram-se por seguir sua voz, mas que foram oprimidos por líderes tiranos que apregoavam um outro evangelho, cujo deus não passa de um tirano cruel e mesquinho. Ou até mesmo pessoas que nunca foram aconselhadas ou encorajadas a pensar por si mesmos.

A maioria dos cristãos que conheço têm preguiça de assumir uma postura sobre determinado assunto,  e conformam-se à sombra da opinião de seus líderes. Aliás, para alguns, a necessidade de assumir autonomia e responsabilidade sobre tudo aquilo que pensamos, pregamos, cantamos, etc. chega a ser um escândalo. Cantamos as músicas que mais tocam nas rádios, mesmo que elas digam que deus é fraco e tolo; pregamos mensagens enlatadas e aplaudimos pregadores viciados em jargões que não passam de mentiras; colocamos no pedestal todo aquele que possui um talento qualquer, mesmo que não passe de um mau caráter.

Liberdade e autonomia… Entristeço-me ao notar que estes dois pilares da mensagem de Jesus não passam de mitos neste evangelho apregoado por muitos atualmente. Falamos de liberdade, mas não a vivemos em sua plenitude. Fomos reconciliados por Cristo a Deus, através de sua Graça, que nos garante liberdade, mas preferimos utilizar os púlpitos para manipular pessoas, ao invés de mostrá-las o quão valioso é viver em novidade de vida, assumindo a importância de viver livre e de pensar a respeito das coisas.

Deus não nos deu líderes para que estes manipulem a nossa opinião sobre tudo, ou para que pensem por nós, mas para que nos incentivem a exercer a fé sem ilusões e mentiras: totalmente livres. 


10 de setembro de 2010

Um pseudo-avivamento

por Cleison Brugger

O que mais temos nos dias de hoje, em nossas igrejas, são crentes "fascinados". Fascinados com os movimentos que têm acontecido em algumas igrejas carismáticas. Uns ainda ousam afirmar que "um pequeno avivamento está acontecendo!". A pergunta é a mesma feita por Paulo: "Quem vos fascinou a vós outros? [...]" (Gálatas 3.1a). Tem-se falado muito de renovação e avivamento, mas precisamos admitir que estamos longe de vivenciarmos um. Assim digo porque apesar de toda a tendência carismática que norteia a igreja atualmente, nada de realmente grande, a nível espiritual, tem acontecido.
O que se vê hoje é uma igreja "festeira", mais preocupada com resultados numéricos do que com o crescimento real do reino de Deus.

Afirmo que estamos longe de um avivamento, porque estamos longe dos princípios básicos que constituem um. Não ousamos fazer como Habacuque, o profeta, que, ao clamar por avivamento, disse: "Ouvi, SENHOR, a tua palavra e temi; aviva, ó SENHOR, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica;" (Hc. 3.2). Habacuque, antes de clamar por avivamento, declarou que ouviu a Palavra do Senhor e temeu. Os elementos oração (clamor), Bíblia (Palavra) e temor (que nos leva peremptoriamente à santidade), são indissociáveis de qualquer avivamento. Nenhum avivamento pode acontecer, sem que estes elementos não estejam presentes, e se queremos afirmar que algum avivamento está acontecendo, devemos nos render ao óbvio e afirmar cinseramente que a igreja atual está longe destes elementos precípuos.

Como podemos afirmar que "há um avivamento acontecendo", se a Bíblia, defendida por alguns como regra de fé e prática, tem sido abandonada? Se tivermos uma volta a Bíblia, talvez tenhamos um começo de algum avivamento. Contudo, nos dias de hoje, a Bíblia só têm sido usada para defender interesses e achismos, e não para uma séria apologética. e a oração? esta só tem sido interessada quando os motivos de a fazer envolve interesses pessoais. E o temor a Deus? muitos preferem temer a líderes e pastores, com seus dogmas e listas do que podem ou não fazer, a ter que se curvar à soberania do Altíssimo.

A vida de alguns pode ser tudo, menos cristã, pois não parecem nem um pouco com Aquele que aos domingos chamam de SENHOR! E o desejo ardente por santidade? Que nada, muitos estão desejosos mesmo de sentirem arrepios, terem "experiências" e serem "cheios" de algum "poder", que alguém teima em dizer que é de Deus... pena que tudo isso passa ao decorrer da semana, e na semana seguinte, todos estão iguais ou piores do antes. O que vem realmente de Deus é permanente! Fogo que vem de Deus, refina o homem inteiror, arde continuamente e não se apaga facilmente.

"O Espírito Santo sopra como um gentil cavalheiro; sendo assim, paremos com histerismos carnais e voltemos à verdade." - Gilberto Di Santi (@gilbertodisanti)

O Show tem que parar!

31 de agosto de 2010

Se o pastor souber...

por Cleison Brugger

Um dia desses, fui ao centro para tratar de alguns assuntos pessoais, e fiquei esperando por uma pessoa, pois tinha marcado com ela num local específico; no que estava esperando, olhei para a direita, e percebi que vinha em minha direção um jovem de uma igreja que eu costumava pregar, acendendo um cigarro e tragando por uma vez; contudo, quando ele me avistou de longe, jogou para longe de si o cigarro, e, passando por mim, abriu um sorriso sem graça e disse: "A paz do Senhor!" e eu olhei como quem estivesse distraído e abri um sorriso sem graça  igual o dele, sem nada dizer.

O fato acima só me fez ter mais certeza de algo que reitero há um bom tempo: muitos, dentro de nossas igrejas, não temem a Deus coisíssima nenhuma; eles temem ao pastor, ao líder do departamento, e até mesmo aquele simples membro da igreja, mas em nada temem a Deus! Podemos perceber isto olhando para igrejas fundamentalistas, legalistas e pseudo-moralistas que temos espalhadas por este Brasil afora. crentes tão presos a dogmas, tradições e listas do que podem ou não fazer, que seus "líderes espirituais" se sentem proprietários deles, e o pior: eles acreditam! Isso faz com que o temor a Deus e a sua palavra "vá para o brejo" e o temor ao homem passe a ser a bola da vez. Eles negligenciam Aquele que é o "Pastor e Bispo de nossas almas" (I Pe 2.25).
 Oh, como esse é um atalho perfeito e sem curvas para o inferno! Tememos o que vão achar de nós, como vão colocar a nossa atuação na reunião de ministério, mas a verdade é que muitos estão "pouco se lixando" para o fato de serem autênticos cristãos, e essa é a tragédia do cristianismo!

Como bem nos define Robert C. Sproul, muitos têm vivido um "ateísmo prático"; isso se dá quando vivemos como se Deus não existisse. Alguns até "crêem" que Deus exista, mas suas atitudes mostram desesperadamente o contrário. Até vão aos cultos de domingo, mas vivem em prol de seus desejos, afetos e vontades.

Infelizmente, é triste ver algumas igrejas crescendo! porque enquanto seus bancos estão cheios de crentes "submissos", muitos deles estão com o coração a passos largos de Deus.

27 de agosto de 2010

pastor John Piper estará no Brasil


 John Piper, pastor da Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis/Minnesota, EUA e um dos mais importantes autores cristãos da atualidade, estará pregando de 5 a 7 de outubro de 2011 na Conferência Fiel, que tradicionalmente ocorre em Águas de Lindóia, no interior paulista. Piper também estará pregando em São Paulo na Universidade Presbiteriana Mackenzie nos dias 7 e 8 de outubro de 2011. E no Rio de Janeiro ele pregará na manhã de 9 de outubro de 2011. Nessas duas ocasiões, pastores e líderes brasileiros oferecerão workshops tratando de temas vinculados aos escritos de Piper, assim como haverá o funcionamento de uma livraria, com a venda de livros das principais editoras evangélicas com bons descontos.
Esta semana, na terça-feira 24 de agosto, participamos de um encontro de pastores e líderes ocorrido nas dependências da Igreja Presbiteriana da Gávea, para formalizar uma aliança para alugar um espaço para receber este evento naquela cidade e estabelecer uma agenda de cooperação. Estas são as igrejas e ministérios representados por pastores e líderes que participaram deste encontro:
- Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida/Barra da Tijuca
- Assembléia de Deus Venda da Cruz
- Igreja Batista Betel de Mesquita
- Igreja Batista Bíblica da Tijuca
- Igreja Batista Central de Iguaba Grande
- Igreja Cristã da Aliança
- Igreja Presbiteriana da Gávea
- Igreja Presbiteriana da Piedade
- Ministério Atos 29

Depois de um tempo de apresentações, meditação na passagem da Escritura de 2Coríntios 5.14-21 e oração, Rick Denham, presidente da Fiel, falou um pouco sobre as oportunidades de missões e evangelização que se abrem aos brasileiros no estrangeiro. Mas enfatizou que somente por meio de uma recuperação doutrinal poderemos impactar o Brasil e o resto do mundo. Tendo falado um pouco sobre o bom testemunho que o ministério “Juntos pelo Evangelho” tem oferecido nos Estados Unidos, ele tratou da vinda de Piper como uma oportunidade para as igrejas representadas na reunião oferecerem um testemunho de unidade naquela cidade. Depois, Leonardo Sahium aprofundou os desafios de um testemunho de união numa cidade partida, como o Rio de Janeiro, conduzindo a parte final da reunião, onde os pastores decidiram por alugar um centro de convenções com capacidade para duas mil pessoas, onde ocorrerá o evento em outubro do próximo ano.
Para os próximos meses, mais detalhes serão oferecidos, seja da conferência Fiel que ocorrerá em 2011, como dos encontros na Universidade Mackenzie e no Rio de Janeiro. Mas, desde já, pedimos aos amados leitores que se lembrem não só do ministério da Fiel, mas destes preciosos amigos e irmãos do Rio, para que esta aliança firmada nesta semana frutifique debaixo da poderosa graça de Deus.

Fonte: blog Fiel

23 de agosto de 2010

O rico diálogo entre o pentecostalismo e o protestantismo histórico

Posto aqui um EXCELENTE texto escrito por Gutierres Siqueira, ao blog Cristo e Liberdade, do presbiteriano André Tadeu.
 
Em 1901 nascia o pentecostalismo moderno com o metodista Charles Fox Pahram. Mas 1906, com os cultos dirigidos por William Joseph Seymour, um descendente de escravos, o pentecostalismo se popularizou no mundo a partir de Los Angeles, nos Estados Unidos. No decorrer da história cristã, vários foram os momentos onde a manifestação dos dons espirituais aconteceram, mas a consolidação doutrinária e prática dos carismas se deu com o pentecostalismo de Seymour. Este artigo trata do crescente benefício para cristãos tradicionais e pentecostais de um diálogo sobre a manifestação do Espírito Santo na contemporaneidade.


Da rejeição ao abraço


O pentecostalismo nascente não teve boa recepção pelas igrejas tradicionais. O pioneiro William Seymour e sua turma eram espontâneos e barulhentos, além disso aceitavam ampla participação de leigos e mulheres na liturgia. Outro grande escândalo foi a associação de negros e brancos que louvavam a Deus juntos! No meio do racialismo reinante na Califórnia do início do Século XX, Seymour e os demais frequentadores dos cultos na Azuza Street quebraram muitos paradigmas. Não é à toa que a oposição ao pentecostalismo nas igrejas tradicionais não era mera discordância doutrinária, mas uma reação contra essas novidades.


Mas o tempo passou. O pentecostalismo mudou para melhor e para pior. As igrejas tradicionais também mudaram. O fundamentalismo cessacionista perdeu espaço, e poucos ainda associam o falar em línguas com uma ação demoníaca, como fez John MacArthur Jr no livro Carismáticos (Editora Fiel). E teólogos reformados como Vincent Cheung já sabem distinguir a teologia pentecostal produzida por nomes sérios como Donald Gee e Gordon Fee, das bizarrices de Kenneth Hagin e Benny Hinn.


Outros exemplos mostram com a pregação pentecostal ganhou espaço no protestantismo histórico. Wayne Gruden é um teólogo reformado que pode ser chamado de pentecostal, pois sua teologia dos dons espirituais é claramente aberta. O neocalvismo, do emergente Mark Driscoll, também abraça os dons espirituais como prática contemporânea. No Brasil, denominações evangélicas tradicionais, como a Igreja Presbiteriana Independente e Diocese Anglicana de Recife aceitam o valor dos dons espirituais para o exercício no culto. Não são igrejas que se tornaram “renovadas”, mas que deixaram o cessacionismo como teologia oficial. No contexto batista, por exemplo, o Rev. Enéas Tognini, pioneiro do movimento de renovação, é pastor emérito da Igreja Batista de Perdizes.

Em entrevista para o Blog Teologia Pentecostal, o bispo anglicano Robinson Cavalcanti afirmou:

A grande maioria dos líderes de peso na Comunhão Anglicana creem na contemporaneidade dos dons espirituais, temos um Movimento Anglicano de Renovação (Carismática), e a Conferência de Lambeth (que reúne os bispos do mundo inteiro) já aprovou uma Resolução nos exortando a uma aproximação positiva com o mundo pentecostal. Em nossa Diocese do Recife quase todo mundo é “mussarela e calabresa”, ou seja, meio histórico e meio renovado... [1]


Outros exemplos de interação podem ser mencionados. Hoje, vários eventos no país contam com presbiterianos e assembleianos juntos, o que mostra o avanço de ambos os lados. Anglicanos buscam os dons conforme orientação paulina (cf. 1 Co 14), enquanto pentecostais leem John Stott, J. I. Packer, C. S. Lewis e outros teólogos da igreja inglesa. Metodistas louvam cânticos de grupos advindos do pentecostalismo, enquanto pentecostais relembram suas raízes teológicas wesleyanas. E hoje há até um crescente movimento de pentecostais calvinistas.

A “Reforma Pentecostal”: Relembrando o Espírito Santo

A “reforma pentecostal” lembrou aos protestantes tradicionais que o Espírito Santo e a sua manifestação carismática não poderiam ser deixados de lado. A manifestação dos dons é uma expressão de comunhão, não tendo nada a ver com “cultos” extravagantes de um pseudopentecostalismo que domina o imaginário evangélico brasileiro. Mesmo existindo grupos fundamentalistas que rejeitam os pentecostais, é louvável o crescimento da influência teológica do pentecostalismo em relação a pessoa do Espírito Santo, ao qual o teólogo Francis Chan chamou de o “Deus esquecido”. Os pentecostais são aqueles que lembraram... Eis o grande benefício do pentecostalismo para o cristianismo.

Karl Barth, inclusive, comemorou o fato do Espírito de Deus e sua obra não cair no esquecimento do cristianismo contemporâneo:

Podemos declarar como auto-evidente que, quando falamos do Espírito Santo da mesma maneira como os profetas e os apóstolos o fizeram, estamos falando no mesmo sentido enfático e completo como quando falamos do próprio Deus. Os primeiros séculos após a era apostólica foram muito tardios em alcançar clareza sobre isto, do que em consideração à divindade de Cristo. E é bastante significante que, o mais novo protestantismo tenha, largamente, retornado à prática de falar do Espírito Santo como um poder espiritual pertencendo à história e carregando todas as marcas da humanidade. (grifo meu) [2]

É claro que o Consolador atua para apontar a Cristo, mas a pessoa e a obra do Espírito Santo não pode ser esquecida. O pentecostalismo trouxe de volta uma teologia do Espírito Santo, sendo assim, beneficiou a igreja cristã como um todo, pois como lembra Alister McGrath: “A atual redescoberta dos dons espirituais está relacionada ao movimento conhecido como pentecostalismo” [3]

Os pentecostais como alunos

Não só o pentecostalismo ensinou a cristandade a desejar os dons espirituais, como os pentecostais voltam para as igrejas tradicionais em busca de ensinamento e teologia consolidada. Os pentecostais sabem que o cristianismo não nasceu com William Seymour e nem mesmo com Lutero, mas que é uma história de dois mil anos. O senhor Jesus disse que sua Igreja nunca acabaria. Hoje, os pentecostais estão se voltando para a academia e deixando de lado o anti-intelectualismo que caracterizou o movimento por muitos anos. Em universidades como Mackenzie e Metodista, algumas salas tem os pentecostais como a maioria dos alunos.

Ou seja, assim deveria ser a cristandade como um todo. Um aprendendo com o outro, não somente os acertos, mas evitando os erros. O pentecostalismo só crescerá nos estudos produzidos no decorrer de dois milênios de cristianismo, assim com os demais cristãos serão beneficiados com a redescoberta da obra[4] operada pelo Espírito Santo.

Referências Bibliográficas:

[1] CAVALCANTI, Robinson. Pseudopentecostais e a distorção da Reforma. Blog Teologia Pentecostal, São Paulo, novembro de 2008. Disponível em: <http://teologiapentecostal.blogspot.com/2008/11/pseudo-pentecostais-e-distoro-da.html Acesso em: 21 ago. 2010.
[2] BARTH, Karl. Credo: Comentários ao Credo Apostólico. 1 ed. São Paulo: Novo Século, 2005. p 180.
[3] MCGRANTH, Alister E. Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica: Uma Introdução à Teologia Cristã. 1 ed. Shedd Publicações, 2005. p 161.
[4] Para um estudo resumido sobre os dons espirituais, leia o verbete “Dons do Espírto”, pelo teólogo pentecostal Gordon Donald Fee, em: HAWTHORNE, Gerald F. E MARTIN, Ralph P. Dicionário de Paulo e Suas Cartas. 1 ed. São Paulo: Edições Vida Nova, Paulus e Edições Loyola, 2008. p 410- 420.

17 de agosto de 2010

Ó Senhor, faça o meu trabalho!

 por Cleison Brugger

Nestes últimos tempos, temos vivido uma completa inversão de valores, e temos visto os reflexos desta inversão dentro das igrejas evangélicas. Muitas delas tem sido indiferente, cômoda e negligente, quando o assunto é obedecer ao chamamento de Cristo. Por esta razão, os imperativos de Jesus Cristo, tem sido a cada dia mais, negligenciado. Isso se dá porque queremos mostrar ao mundo quão igual nós somos, enquanto, segundo Martyn Lloyd-Jones, "a glória do evangelho é que quando a igreja é absolutamente diferente do mundo, ela invariavelmente o atrai."

Ouvi estes dias, num CULTO DE MISSÕES, a seguinte oração feita por um pastor:
"- Senhor, nós queremos almas. Traga as almas até nós; não veio nenhuma pessoa à frente, porque ninguém convidou! Traga as almas até nós!". Como isso soou estranho para mim. Orar deste modo é como dizer a Deus: "Faça o meu trabalho, ó Deus! Deixe-me no meu comodismo! Permita-me exercer a indolência!". Ora, o que aconteceu com o imperativo de Cristo em Marcos 16.15? Relembremos a ordenança que Cristo nos deu: "E disse-lhes: IDE por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." (Marcos 16.15). Isso parece claro para mim! Jesus falou isso com clareza, para que não restasse dúvidas. O certo seria a igreja sair e disseminar o evangelho de Cristo, e não Deus trazer "as almas" até nós, como se essa fosse uma tarefa para Ele realizar!

Temos vivido o tempo do "venha a nós". A oração do Pai-Nosso tem sido manipulada em razão de nossos supérfluos. Pessoas estão morrendo sem ouvir falar de Cristo, e nós estamos acomodados com os nossos supérfluos dentro de quatro paredes, e isso é completamente detestável. Estamos preocupados em "abrir células", estamos atarefados em "orar pedindo almas" e ainda temos o cinismo de dizer que Deus tem se agradado de nosso trabalho. Que trabalho? O que temos feito? Aliás, temos feito muita coisa, pena que nenhuma delas são as que Cristo nos mandou fazer.

A Bíblia diz: "Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? e como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés [pés para sair e anunciar, não mãos para pedir] dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem [se eles trazem é porque sairam para levar] alegres novas de boas coisas." (Romanos 10.14,15).

Isso é de difícil compreensão? Creio que não! Vamos parar de pedir para Deus fazer aquilo que Ele nos mandou realizar. Se apenas na oração estivesse a chave para ganharmos almas, Jesus nos teria salvo no Getsêmani, sem precisar ir ao Calvário. O nosso calvário é o mundo, vamos até ele!

15 de agosto de 2010

Não toque nos ungidos!

Aparência, popularidade, eloqüência, títulos, status, anos de ministério... Nada disso denota que alguém esteja sob a unção de Deus e imune à contestação à luz da Palavra de Deus. Muitos enganadores, ao serem questionados quanto às suas pregações e práticas antibíblicas, têm citado a frase em análise, além do episódio em que Davi não quis tocar no desviado rei Saul, que fora ungido pelo Senhor (1 Sm 24.1-6). Mas a atitude de Davi não denota que ele tenha aprovado as más obras daquele monarca.

Se alguém, à semelhança de Saul, foi um dia ungido por Deus, não cabe a nós matá-lo espiritualmente, condená-lo ao Inferno. Entretanto, isso não significa que devamos silenciar ou concordar com todos os seus desvios do evangelho (Fp 1.16; Tt 1.10,11). O próprio Jônatas reconheceu que seu pai turbara a terra; e, por essa razão, descumpriu, acertadamente, as suas ordens (1 Sm 14.24-29).

O texto de Salmos 105.15 em nenhum sentido proíbe o juízo de valor, o questionamento, o exame, a crítica, a análise bíblica de ensinamentos e práticas de líderes, pregadores, milagreiros, cantores, etc. Até porque o sentido de "toqueis" e "maltrateis" é exclusivamente quanto à inflição de dano físico.

É curioso como certos "ungidos", ao mesmo tempo que citam o aludido bordão em sua defesa quando as suas práticas e pregações são questionadas, partem para o ataque, fazendo todo tipo de ameaças. O show-man Benny Hinn, por exemplo, verberou:  
"- Vocês estão me atacando no rádio todas as noites. vocês pagarão e suas crianças também! Ouçam isto dos lábios dum servo de Deus. Vocês estão em perigo. Arrependam-se! Ou o Deus Altíssimo moverá sua mão. Não toqueis nos meus ungidos..." (citado em Cristianismo em Crise, CPAD, p.376). Isso é prova de um homem que não se garante na tal "unção", mas apela para os clichês extra-bíblicos e se apoiam na compaixão e defesa de seus ouvintes (ou fãs?) alucinados.

13 de agosto de 2010

Uma igreja aberta para o novo.

 por Cleison Brugger

Toda igreja que se preze tem divergências, sejam elas teológicas ou puramente ideológicas. Digo isso, pois já haviam divergências na igreja primitiva (Atos 15. 1,2), contudo, tais divergências não foram impecílios para o agir de Deus no seio de sua igreja, pois a essência da graça na vida da igreja supera toda e qualquer falha a nível humano.

Um sinal de que na igreja existe a plena atuação do Espírito Santo, é quando nela existe liberdade de expressão; uma igreja aberta para discussões teológicas ou até mesmo discussões de idéias afins, é uma real prova de que a mesma enseja soluções. A liberdade de discutir - concordando ou não - é sinal de que realmente somos irmãos e de que há liberdade entre nós.

Infelizmente, em alguns círculos evangélicos, existe uma não pequena discriminação, com o membro que tem uma opinião divergente da massa. Algumas igrejas são tão misoneístas (contrárias aquilo que é novo), que concentram seus ideais na cúpula eclesiástica. Tais igrejas mostram claramente que não provaram, muito menos vivem a liberdade que há em Cristo Jesus; nessas igrejas, os membros não tem a sadia liberdade de pensar, ponderar ou expressar suas opiniões, mas são manipulados, e assim, acabam infelizes, medrosos, sentindo-se culpados todas as vezes que pensam ou agem de forma diferente. Em tais situações, a vida deles se torna uma farsa, pois não é autêntica, nem cristã, nem desejável.

Infelizmente, muitas igrejas se tornam superficiais, porque não há abertura para o confronto ideológico. Um fato histórico que, para mim, mostra uma liberdade de expressão plausível, foi no início da déc. 10, com a chegada dos missionários disseminadores da doutrina pentecostal no Brasil, Daniel Bérg e Gunnar Vingren. A Igreja Batista de Belém-PA, aceitou (ainda que forçosamente) que alguns de seus membros aderissem a doutrina pentecostal, não sendo agressiva quanto à disseminação daquela "nova doutrina", mas respeitando a escolha que alguns de seus membros fizeram, ao aceitar aquela nova idéia vinda dos EUA; ao excluir os membros que aderiram ao pentecostalismo (o que foi perfeitamente claro), prosseguiu com sua linha tradicional, enquanto os membros excluidos começaram a caminhar os passos pentecostais. Isso é prova da atuação viva, eficaz e operante do Espírito Santo, na vida de sua igreja, pois onde Ele está, aí também há liberdade (2Co. 3.17).

Até mais...

Cleison Brugger.