22 de abril de 2011

Síntese pentecostal da Igreja Cristã durante os séculos (1)

Por ocasião do centenário das Assembleias de Deus no Brasil, a Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD) publicou, neste 2º trimestre, uma revista comemorativa, tal qual fez em 2006 por ocasião dos 100 anos do Movimento Pentecostal. Por esta razão, é oportuno relembrarmos as origens deste movimento que deu origem as Assembleias de Deus, denominação que, embora fragmentada, é ainda um baluarte para a nação brasileira. Dividido em 4 partes, contaremos sobre a perpectiva histórica deste movimento, seu vertiginoso crescimento pelo mundo, seus principais ministros etc. A história do Movimento Pentecostal é uma riqueza que nós precisamos conhecer. Vale lembrar que o texto é do renomado pastor e teólogo assembleiano Antônio Gilberto, por isso, merece nosso respeito e credibilidade.  Segue-se a 1ª parte:

No início do século XX Deus irrompeu uma vez mais na história com um reavivamento sem precedentes trazendo a Igreja de volta à experiência pentecostal. Convém assinalar que esta explosão espiritual surge depois da divinização do humanismo, do materialismo e do racionalismo em que se profetizou o fim da religião e da fé qualquer que ela fosse, que se decretou a “morte de Deus”, se fizeram os ataques mais violentos à Bíblia e à Igreja cristã, se tentou desacreditar o sobrenatural e o miraculoso e em que o liberalismo teológico negou a inspiração da Bíblia como Palavra de Deus e da pessoa de Jesus Cristo como único Senhor e Salvador.

Mas importa também reparar que este despertamento acontece antes de a modernidade ser substituída pela pós-modernidade, a razão ser substituída pelo coração, e a racionalidade ser substituída pela subjetividade.
No meu entender, há uma nítida antecipação de Deus em relação a uma geração exausta, desiludida e frustrada pelas ilusões que lhe foram trazidas pela ciência e pela tecnologia, pela filosofia da morte de Deus, pelos regimes políticos do super-homem nazista ou do comunismo ateu e que há de ser uma vez mais enganada pelas emoções, pelos sentimentos e pelo hedonismo.

O movimento pentecostal surge assim antes do estertor do racionalismo e do aparecimento de uma corrente espiritualista corporizada pelo movimento Nova Era em que quem manda é o coração e o sentimento sob a batuta tantas vezes da superstição e do oculto. “Segue o que sentes” é o lema. Deus conduz a Igreja a uma experiência em que a tradição, a razão e o coração são contemplados em linha com a revelação bíblica. A experiência pentecostal vem na linha da verdadeira e genuína tradição da igreja de Jesus Cristo, ilumina a razão com a inerrante, universal, imutável e eterna Palavra de Deus e enche o coração do homem de uma presença divina transbordante.

A Igreja que estivera e continuaria a estar sob o fogo cruzado do inimigo haveria de ser revestida do fogo do alto e nutrida por Deus para com um novo impulso dar cumprimento à grande comissão conforme Jesus a enunciara no Evangelho de Marcos: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizados será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados.” (Marcos 16.15-18).
Tudo isto nos recorda que como Cristo referiu apenas o Espírito Santo nos foi concedido para convencer o homem da sua condição e levá-lo a um genuíno arrependimento, a experimentar o novo nascimento e a viver em santidade de vida: “Convém-vos que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo; do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.” (João 16.7-11).

O mesmo já havia acontecido com o movimento da Reforma protestante erguendo o fundamento das Escrituras, da fé e da graça, e provocando um corte com as trevas da pré-modernidade na autoridade da tradição e antecipando-se à nova ditadura do racionalismo que haveria de surgir com o iluminismo e com a chamada era das luzes.

É interessante o movimento pentecostal acabaria igualmente por se antecipar em termos sociais ao movimento encabeçado por Martin Luther King que contribuiria decisivamente para pôr um ponto final na segregação e discriminação racial nos Estados Unidos. A explosão pentecostal tem num negro William Seymour um dos seus principais vasos, o que levou os detratores a escrever que a Azusa Street Mission era uma “vergonhosa mistura de raças...” e Frank Bartleman por seu turno haveria de observar em outros termos: “A ‘linha da cor’ foi removida pelo sangue’”.
 

Faço alusão a estas realidades porque hoje importa uma vez mais mantermos acesa a chama da consciência da soberania de Deus. Ele nunca é apanhado de surpresa e sempre concede à Igreja de cada tempo os recursos necessários para dar resposta aos questionamentos de cada geração.
Qualquer que seja a surpresa que Deus nos reserve ela estará sempre na linha da Sua revelação e do Seu Espírito, proclamando Jesus Cristo como único Senhor e Salvador.

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