26 de abril de 2011

Síntese pentecostal da Igreja Cristã durante os séculos (2)

 1ª parte deste estudo aqui.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
 Ao longo de toda a História, desde o dia de Pentecostes que marca de forma indelével o nascimento da Igreja em Jerusalém até aos dias de hoje, sempre o batismo no Espírito Santo foi uma experiência à disposição de todo o crente, embora nem sempre tivesse assumido a dimensão que lhe conhecemos nos primórdios da igreja e do início do século XX. Servimo-nos aqui de um interessante estudo publicado pelo periódico “Mensageiro da Paz” de Janeiro a Junho deste ano.

No brilhante prefácio de "O testemunho dos séculos", o missionário sueco Samuel Nyström ressalta que um dos motivos pelos quais há poucos registros históricos de manifestação dos dons espirituais antes do século XIX é que os historiadores, cessacionistas em sua totalidade, omitiram de suas obras manifestações como profecias e línguas estranhas, que quando eventualmente citadas eram apresentadas, manifestações como profecias e línguas estranhas, que quando eventualmente citadas eram apresentadas, nas palavras de Nyström, como “excentricidades passageiras, coisas inconvenientes até para serem descritas”.

Outro fator é que os casos de glossolalia (como o fenômeno das línguas estranhas é descrito tecnicamente) foram realmente muito raros depois do terceiro século até ao período da Reforma Protestante, já que o advento da Igreja Católica Romana, com os seus dogmas heréticos que afetaram até o conceito de salvação, acabou jogando a cristandade em uma profunda era de trevas espirituais. Some-se a isso a má vontade dos historiadores e temos esta escassez de registros. A glossolalia só voltou a ganhar registros significativos quando retomou com força total nos séculos XIX e XX.

Este trabalho faz alusão a seis referências à experiência pentecostal até ao século III.
Um deles é citado por Emílio Conde em O testemunho dos séculos. Conde menciona uma história narrada pelo reverendo Frederic William Farrar (1831-1903), historiador e deão da Catedral de Canterbury, na Inglaterra. Em suas pesquisas sobre a Igreja Primitiva, Farrar registra a visita às escondidas de um príncipe britânico da Corte Romana a uma reunião cristã. Segundo a narrativa, em dado momento da reunião, “línguas estranhas” foram ouvidas. “As palavras que pronunciavam eram elevadas, solenes e cheias de significação misteriosa. Não falavam a sua própria língua, mas parecia que falavam toda a qualidade de idiomas, embora não se pudesse dizer se hebraico, grego, latim ou persa. Isso se deu com uns e outros, segundo o impulso poderoso quer operava na ocasião”, transcreve Farrar, que em seguida declara:”O príncipe os ouvira falar em línguas. Ele fora testemunha ocular do fenómeno pentecostal que o paganismo não conhecia”.

Esse era um culto da Igreja Primitiva do primeiro século. É só a partir do século III que a freqüência dos dons espirituais não é mais a mesma.
O outro relato refere-se a um movimento espiritual no segundo século liderado por Montano que haveria de descarrilar para a heresia por falta de sólido fundamento bíblico:
O movimento surgiu na Frigia, Ásia Menor romana (Turquia), em meados do segundo século, e visava o despertamento espiritual da Igreja. É que algumas comunidades cristãs estavam esfriando espiritualmente, inclusive olvidando os dons espirituais, tão comuns no primeiro século. O adepto mais famoso do montanismo, como ficou conhecido o movimento, foi Tertuliano, um dos Pais da Igreja.

Montano não tinha cargos eclesiásticos. Ele e três mulheres ricas, Priscila, Quintila e Maximila, percorriam as cidades pregando a necessidade de viver uma vida de santidade para estar pronto para a Vinda de Cristo. Havia línguas estranhas, revelação e profecias. As três mulheres profetizavam. Nas profecias, Deus falava por meio delas na primeira pessoa: “Eu, o Senhor...”.

Um outro registro vem-nos pela pena do anticristão Celso, citado pelos Pais da Igreja:
Celso, um filósofo pagão que odiava os cristãos, menciona em um dos seus discursos do segundo século (176 DC) que os seguidores de Cristo falavam línguas estranhas. O discurso de Celso é citado literalmente nas obras "Contra Heresias e Comentário de João", de Orígenes (254 DC).

Orígenes cita-o para comprovar que no segundo século os cristãos falavam em línguas estranhas. Ou seja, já na época de Orígenes, línguas estranhas não eram tão comuns. Em seu discurso, Celso afirma que os cristãos são “estranhos” e “fanáticos”, e que em suas reuniões “falam palavras ininteligíveis para as quais uma pessoa racional não consegue encontrar significado”. Ele diz que são línguas “muito obscuras”.

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