16 de junho de 2011

O Brasil dá graças a Deus, pelas Assembleias de Deus!


por Cleison Brugger

No dia 18 de junho de 1911, há exatos 100 anos, estava sendo fundada no Brasil a igreja que hoje é a principal vertente do pentecostalismo nacional e mundial, contando com cerca de 60 milhões de crentes em todo o mundo: a Assembleia de Deus.

Com a chegada da Assembleia de Deus no Brasil, cogitou-se, pela primeira vez, na possibilidade de o Brasil, então católico, se tornar, futuramente, uma nação protestante. Foi com o início das Assembleias de Deus, que o interior do nordeste brasileiro, a Amazônia e os povos ribeirinhos foram evangelizados. A Assembleia de Deus foi, também, a pioneira a fazer cultos em presídios, sendo a missionária Frida Vingren, entre 1924-1930, a pioneira deste trabalho.

De fato, a Assembleia de Deus foi (e ainda é) conhecida como a igreja da camada popular, ou, uma igreja periférica. A pregação de uma mensagem de clareza meridiana, facilmente assimilável e que não se nega a nenhum grupo são provas disso. Se viajarmos pelo Brasil, em suas vilas, vilarejos e pequenos povoados, talvez não encontremos um supermercado ou uma igreja neopentecostal, mas com certeza, encontraremos pelo menos um templo, com a bandeira erguida da Assembleia de Deus. Talvez a água encanada não tenha chegado, mas a Assembleia de Deus já chegara e firmara suas estacas. Existe um ditado que diz mais ou menos assim: "Onde tem Guaraná, Coca-Cola e Fusca, também tem Assembleia de Deus".

Nossa igreja, sem dúvida, cresceu de forma vertiginosa. Em 50 anos de fundação no Brasil, em 1961, a Assembleia de Deus já contava com 700 mil membros, e agora, com 100 anos completados, ela possui, somente no território nacional, cerca de 20 milhões de crentes, representando 40% do total de evangélicos. O “Mensageiro da Paz”, de Abril 2005 (ano 75, n.º 1439), registrava: “segundo o crescimento da Assembleia de Deus registrado pelo IBGE, daqui há alguns anos, de cada dez brasileiros, um será assembleiano".

Entre todas as outras, a igreja que mais se 'abrasileirou' foi, com certeza, a Assembleia de Deus. Quando digo que ela se 'abrasileirou', é porque, de fato, cada igreja, em cada estado, possui traços regionais. Nos hinos da Harpa Cristã, por exemplo, perceberemos que muitos hinos não são cantados no Rio de Janeiro como são cantados na Bahia, por exemplo. Eu, que congrego no Rio de Janeiro, tive um pastor paulista que cantava muitos hinos diferente da forma que cantávamos no Rio. Isto não é um impasse, mas a prova de que não dá para limitar as raízes assembleianas. Ela cresce e cresce muito, ficando impossivel ter um modo só, um costume só, um passo só.

Uma realidade que se não pode omitir é que, há uns tempos, um crente assembleiano se reconhecia na rua. Não querendo entrar no mérito dos usos e costumes, mas é realmente incrível como a Assembleia de Deus criou um modelo, uma identidade própria. Há alguns anos, uma mulher de saia abaixo dos joelhos e blusa de manga era, reconhecidamente, uma assembleiana. Um homem de chinelo, calça comprida e camisa era, reconhecidamente, da Assembleia de Deus.

Outro ponto, é a famosa saudação assembleiana, o "A paz do Senhor!", que já se tornou costume em outras igrejas. Que calor, que carisma, que alegria! nenhum outro crente se saúda na rua como os assembleianos, aliás, você conhece um assembleiano pela saudação.

Outro ponto a ressaltar é a liturgia assembleiana. Uns dias atrás, conversando com alguns irmãos, eu afirmei que liturgia igual a da Assembleia de Deus nós não encontramos em outro lugar! O calor, o fervor, a comunhão, a ligação, o modo assembleiano de fazer as coisas é inigualável! Esta é uma das razões pelas quais muitas pessoas relutam em sair da Assembleia de Deus: ela é única neste sentido!

A parte os problemas de convenções, as inúmeras cisões que a Assembleia de Deus possui (e pra falar a verdade, toda igreja que cresce muito acaba sendo vítima das cisões, como as igrejas batistas, presbiterianas, metodistas, etc.) e os problemas que já são conhecidos por todos nós, a Assembleia de Deus é uma igreja rica, mas não como Laodicéia, que tinha muito, mas nada tinha. A Assembleia de Deus é rica em gente fiel a Deus, que ama a Cristo, de obreiros dedicados, de mulheres intercessoras, de um povo humilde, belo, singelo, de gente anônima, mas que faz um trabalho que é conhecidíssimo diante de Deus. Fale quem quiser, mas eu não rejeito nenhuma das senhoras de coque e saia abaixo dos joelhos que, logo pela manhã, estão reunidas nos "Círculos de Oração", espalhados por todo o Brasil, orando a Deus!

Sem dúvida, o Brasil dá graças a Deus pelas Assembleias de Deus! Muitos ex-traficantes são gratos a esta igreja, pois conheceram a Cristo, através de um humilde barraco, dentro de uma favela, escrito na fachada "Assembleia de Deus". O Brasil dá graças a Deus, pois foi pelas Assembleias de Deus que muitos marginais, bandidos da pesada e delinquentes conheceram a Jesus Cristo. Pela graça de Deus, muitos marginalizados foram devolvidos a sociedade graças ao trabalho evangelístico da Assembleia de Deus. Dizem que a Assembleia de Deus é a igreja do ex: ex-traficante, ex-homossexual, ex-bruxo, ex-macumbeiro, etc. Graças a Deus! Isso é prova de que não desistimos de gente, mas insistimos, pois cremos que Nosso Senhor é poderoso pra salvar!

O próprio Virgulino Ferreira da Silva, o famigerado Lampião, foi evangelizado por um obreiro assembleiano, ganhando uma Bíblia de Orlando Boyer. Muitas foram as vidas que conheceram a Cristo, através de um humilde obreiro, pregando uma simples mensagem, num humilde templo da Assembleia de Deus.

Que no pós-centenário, esta igreja continue marchando rumo a Cidade celeste, guardando esta pureza, esta humildade e este modo que é próprio da Assembleia de Deus e continue cumprindo o que compôs um dos mais importantes pastores assembleianos, Paulo Leivas Macalão: "Na Assembleia de Deus, tu estejas humilde aos pés do Senhor: Santidade convém à Igreja, prá gozarmos celeste amor." (HC - 144)

PARABÉNS ASSEMBLEIA DE DEUS E ASSEMBLEIANOS DO BRASIL!
Que, como compôs Emílio Conde, o jornalista assembleiano, "Deus nos guarde bem no Seu amor (...), Deus nos guarde em santificação (...); Deus nos guarde e nos conceda paz" (Hino 247 - H.C), mantendo viva em nossa consciência a máxima pentecostal, de que "O Nosso Deus é o mesmo, hoje como então, Ele cura, batiza e nos dá salvação. Abundante é, aqui, a  vida espiritual, para os que recebem o poder pentecostal" (Hino 453 - H.C - Emílio Conde).

"OUVI SENHOR, a tua palavra, e temi; AVIVA, Ó SENHOR, A TUA OBRA no meio dos anos e no meio dos anos faze-a conhecida;" (Hc. 3. 1,2)

13 de junho de 2011

Cristo vive aqui?

 Leia esta interessante perícope escrita pelo jornalista assembleiano Emílio Conde, na década de 1940:
 Muitas igrejas que se orgulham dos seus templos, da perfeita organização interna, da perfeita atuação do coro, do poderoso corpo de oficiais e da eloqüência do seu pastor, ficariam tão confusas quão elevado é o conceito próprio se o anjo recenseador lhe batesse às portas perguntando se Cristo vive ali (...) os que se intitulam mestres e intelectuais; os que fazem questão de mostrar o seu saber teológico; os que se orgulham do conhecimento que possuem das Escrituras; os que se pavoneiam com as coisas religiosas; os que se jactam da sua capacidade produtiva; os que se gloriam na facilidade expositiva da coisas de Deus não estão isentos de passar pelo triste dissabor de não poder responder afirmativamente, de cabeça erguida, quando o anjo lhe perguntasse: Cristo vive aqui?

Emílio Conde [Cristo vive aqui?] 1 semana, dezembro, 1940, p. 183.

4 de junho de 2011

Síntese pentecostal da Igreja Cristã durante os séculos (6)

MOVIMENTO PENTECOSTAL - SÉCULO XX

Tudo ocorreu quando Parham, um professor de Teologia pertencente à Igreja metodista, resolveu abrir um seminário em Topeka, Kansas. Ele abriu a Escola Bíblica Betel, como passou a ser conhecida, em uma casa que pertencera a um tal de Stone, que fizera um trabalho mal feito ao construir o lugar. Por isso, o casarão passou a ser chamado de a “ tolice de Stone”. Era Outubro de 1900 quando ele começou as aulas para cerca de 40 estudantes. Alguns deles já haviam estudado em outros institutos bíblicos.

O que atraiu esses alunos foi o fato de a proposta de Parham consistir em promover um ano de estudos onde ele e os demais alunos estudariam sobre “como descobrir o poder que capacitará a Igreja a enfrentar o desafio do novo século”. Seria um ano de treinamento com estudo da Palavra, oração e evangelismo. Cada aluno teria um período de três horas do dia dedicadas exclusivamente à oração. Conta-se que alguns passavam a noite orando. Era também uma “escola da fé”, como se chamava, já que nenhuma taxa seria cobrada para moradia e alimentação. O objetivo da escola era, em síntese, preparar-se para a obra do Senhor e clamar a Deus por um novo avivamento para as igrejas.

Em 25 de Dezembro de 1900, depois de estudarem sobre Arrependimento, conversão, consagração, santificação, Cura Divina e Segunda Vinda de Jesus, Parham precisou viajar, mas deixou uma tarefa para seus alunos. Disse ele: “Em nossos estudos, nos deparamos com um problema. E o segundo capítulo de Atos? (...) Tendo ouvido tantas entidades religiosas reivindicarem diferentes provas para a evidência do recebimento do batismo recebido no Dia de pentecostes, quero que vocês estudem diligentemente qual é a evidência bíblica do batismo no Espírito, para que possamos apresentar ao mundo alguma coisa incontestável, que corresponda de forma absoluta com a Palavra”. Três dias depois, Parham retorna e seus alunos apresentam a seguinte resposta: a prova irrefutável em cada ocasião era que eles falavam em línguas, e mesmo nas passagens bíblicas onde as línguas não são citadas na experiência do batismo no Espírito, elas estão claramente implícitas. Parham concordou com a resposta e passou a sistematizar a doutrina.

Porém, em 1 de Janeiro de 1901, a Escola Bíblica Betel saiu da teoria para a prática. Em um período de oração, a aluna Agnes Ozman, de 18 anos, pediu para que Parham e os demais alunos impusessem as mãos sobre ela pedindo o batismo no Espírito Santo. Eram 11h daquele dia quando Ozman se tornou a primeira pessoa, depois do período apostólico, a receber o batismo no Espírito consciente de que as línguas eram a sua evidência externa. O poder sobre ela foi tamanho que passou três dias sem conseguir falar em inglês. Ozman transbordava no Espírito toda à hora, louvando a Deus em línguas em todos os momentos. Nos demais dias, todos os outros receberam o batismo, inclusive o próprio Parham, que foi um dos últimos.