por Cleison Brugger
No dia 18 de junho de 1911, há exatos 100 anos, estava sendo fundada no Brasil a igreja que hoje é a principal vertente do pentecostalismo nacional e mundial, contando com cerca de 60 milhões de crentes em todo o mundo: a Assembleia de Deus.
Com a chegada da Assembleia de Deus no Brasil, cogitou-se, pela primeira vez, na possibilidade de o Brasil, então católico, se tornar, futuramente, uma nação protestante. Foi com o início das Assembleias de Deus, que o interior do nordeste brasileiro, a Amazônia e os povos ribeirinhos foram evangelizados. A Assembleia de Deus foi, também, a pioneira a fazer cultos em presídios, sendo a missionária Frida Vingren, entre 1924-1930, a pioneira deste trabalho.
De fato, a Assembleia de Deus foi (e ainda é) conhecida como a igreja da camada popular, ou, uma igreja periférica. A pregação de uma mensagem de clareza meridiana, facilmente assimilável e que não se nega a nenhum grupo são provas disso. Se viajarmos pelo Brasil, em suas vilas, vilarejos e pequenos povoados, talvez não encontremos um supermercado ou uma igreja neopentecostal, mas com certeza, encontraremos pelo menos um templo, com a bandeira erguida da Assembleia de Deus. Talvez a água encanada não tenha chegado, mas a Assembleia de Deus já chegara e firmara suas estacas. Existe um ditado que diz mais ou menos assim: "Onde tem Guaraná, Coca-Cola e Fusca, também tem Assembleia de Deus".
Nossa igreja, sem dúvida, cresceu de forma vertiginosa. Em 50 anos de fundação no Brasil, em 1961, a Assembleia de Deus já contava com 700 mil membros, e agora, com 100 anos completados, ela possui, somente no território nacional, cerca de 20 milhões de crentes, representando 40% do total de evangélicos. O “Mensageiro da Paz”, de Abril 2005 (ano 75, n.º 1439), registrava: “segundo o crescimento da Assembleia de Deus registrado pelo IBGE, daqui há alguns anos, de cada dez brasileiros, um será assembleiano".
Entre todas as outras, a igreja que mais se 'abrasileirou' foi, com certeza, a Assembleia de Deus. Quando digo que ela se 'abrasileirou', é porque, de fato, cada igreja, em cada estado, possui traços regionais. Nos hinos da Harpa Cristã, por exemplo, perceberemos que muitos hinos não são cantados no Rio de Janeiro como são cantados na Bahia, por exemplo. Eu, que congrego no Rio de Janeiro, tive um pastor paulista que cantava muitos hinos diferente da forma que cantávamos no Rio. Isto não é um impasse, mas a prova de que não dá para limitar as raízes assembleianas. Ela cresce e cresce muito, ficando impossivel ter um modo só, um costume só, um passo só.
Uma realidade que se não pode omitir é que, há uns tempos, um crente assembleiano se reconhecia na rua. Não querendo entrar no mérito dos usos e costumes, mas é realmente incrível como a Assembleia de Deus criou um modelo, uma identidade própria. Há alguns anos, uma mulher de saia abaixo dos joelhos e blusa de manga era, reconhecidamente, uma assembleiana. Um homem de chinelo, calça comprida e camisa era, reconhecidamente, da Assembleia de Deus.
Outro ponto, é a famosa saudação assembleiana, o "A paz do Senhor!", que já se tornou costume em outras igrejas. Que calor, que carisma, que alegria! nenhum outro crente se saúda na rua como os assembleianos, aliás, você conhece um assembleiano pela saudação.
Outro ponto a ressaltar é a liturgia assembleiana. Uns dias atrás, conversando com alguns irmãos, eu afirmei que liturgia igual a da Assembleia de Deus nós não encontramos em outro lugar! O calor, o fervor, a comunhão, a ligação, o modo assembleiano de fazer as coisas é inigualável! Esta é uma das razões pelas quais muitas pessoas relutam em sair da Assembleia de Deus: ela é única neste sentido!
A parte os problemas de convenções, as inúmeras cisões que a Assembleia de Deus possui (e pra falar a verdade, toda igreja que cresce muito acaba sendo vítima das cisões, como as igrejas batistas, presbiterianas, metodistas, etc.) e os problemas que já são conhecidos por todos nós, a Assembleia de Deus é uma igreja rica, mas não como Laodicéia, que tinha muito, mas nada tinha. A Assembleia de Deus é rica em gente fiel a Deus, que ama a Cristo, de obreiros dedicados, de mulheres intercessoras, de um povo humilde, belo, singelo, de gente anônima, mas que faz um trabalho que é conhecidíssimo diante de Deus. Fale quem quiser, mas eu não rejeito nenhuma das senhoras de coque e saia abaixo dos joelhos que, logo pela manhã, estão reunidas nos "Círculos de Oração", espalhados por todo o Brasil, orando a Deus!
Sem dúvida, o Brasil dá graças a Deus pelas Assembleias de Deus! Muitos ex-traficantes são gratos a esta igreja, pois conheceram a Cristo, através de um humilde barraco, dentro de uma favela, escrito na fachada "Assembleia de Deus". O Brasil dá graças a Deus, pois foi pelas Assembleias de Deus que muitos marginais, bandidos da pesada e delinquentes conheceram a Jesus Cristo. Pela graça de Deus, muitos marginalizados foram devolvidos a sociedade graças ao trabalho evangelístico da Assembleia de Deus. Dizem que a Assembleia de Deus é a igreja do ex: ex-traficante, ex-homossexual, ex-bruxo, ex-macumbeiro, etc. Graças a Deus! Isso é prova de que não desistimos de gente, mas insistimos, pois cremos que Nosso Senhor é poderoso pra salvar!
O próprio Virgulino Ferreira da Silva, o famigerado Lampião, foi evangelizado por um obreiro assembleiano, ganhando uma Bíblia de Orlando Boyer. Muitas foram as vidas que conheceram a Cristo, através de um humilde obreiro, pregando uma simples mensagem, num humilde templo da Assembleia de Deus.
Que no pós-centenário, esta igreja continue marchando rumo a Cidade celeste, guardando esta pureza, esta humildade e este modo que é próprio da Assembleia de Deus e continue cumprindo o que compôs um dos mais importantes pastores assembleianos, Paulo Leivas Macalão: "Na Assembleia de Deus, tu estejas humilde aos pés do Senhor: Santidade convém à Igreja, prá gozarmos celeste amor." (HC - 144)
PARABÉNS ASSEMBLEIA DE DEUS E ASSEMBLEIANOS DO BRASIL!
Que, como compôs Emílio Conde, o jornalista assembleiano, "Deus nos guarde bem no Seu amor (...), Deus nos guarde em santificação (...); Deus nos guarde e nos conceda paz" (Hino 247 - H.C), mantendo viva em nossa consciência a máxima pentecostal, de que "O Nosso Deus é o mesmo, hoje como então, Ele cura, batiza e nos dá salvação. Abundante é, aqui, a vida espiritual, para os que recebem o poder pentecostal" (Hino 453 - H.C - Emílio Conde).
"OUVI SENHOR, a tua palavra, e temi; AVIVA, Ó SENHOR, A TUA OBRA no meio dos anos e no meio dos anos faze-a conhecida;" (Hc. 3. 1,2)
1 comentários:
Eu também estou muito feliz pelo centenário, me sinto feliz por fazer parte dessa historia.Mas estou muito triste por saber que o legado que os pioneiros nos deixaram não estão completando 100 anos, por exemplo: os bons costumes, que sempre foi a identidade do assembleiano. Cheguei ate postar no meu blog um desabafo sobre isso,caso você se interessar e só acessar:
http://diaconogeraldocardoso.blogspot.com
o tema da postagem é: centenário incompleto.
No demais fica na paz do senhor Jesus.
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