24 de fevereiro de 2011

Pr. José Pimentel de Carvalho - Nota de Falecimento - 25.02.2011

É com muitíssimo pesar que noticiamos o falecimento de um dos pioneiros da igreja Assembleia de Deus no Brasil e um dos mais proeminentes líderes que esta denominação já teve em seu seio. Morreu na manhã de hoje, 24 de fevereiro de 2011 às 8h, o pastor José Pimentel de Carvalho, então presidente da Assembleia de Deus em Curitiba-PR desde 1962. O pastor, que completou 95 anos no dia 8 de fevereiro, estava internado no Hospital Evangélico de Curitiba desde janeiro.

Pastor José Pimentel de Carvalho, nascido na cidade de Valença, interior do Rio de Janeiro, em 8 de fevereiro de 1916, sempre esteve envolvido com o ensino da palavra de Deus. Convertido desde os 14 anos de idade, sempre ensinava a palavra de Deus para os menos favorecidos, pois em sua congregação, era o único que sabia ler. Pastor Pimentel casou em 24 de maio de 1938 com Rosa Maria da Conceição (já falecida), com quem teve 9 filhos. No Rio de Janeiro, pastoreou as Assembleias de Deus em Cordovil e Penha, ambas na zona norte da capital fluminense. Liderou ainda a Assembleia de Deus em Cabuçu, Itaboraí, no interior do Estado.

Em 1962, a convite do pastor Agenor Alves de Oliveira, assumiu a presidência da AD em Curitiba (PR). Presidiu a CGADB de 1964 a 1966, de 1973 a 1975, de 1975 a 1977, em 1977 mais uma vez, de 1981 a 1983 e de 1985 a 1987. Chegou ainda a ser secretário da CGADB por oito anos consecutivos. Desde 2006, é presidente de honra da Convenção das ADs no Paraná (Cieadep). Ele é também autor de dois hinos da Harpa Cristã, hinário oficial da denominação: os hinos 541 (“Calvário, Revelação do Amor”) e 620 (“Na Jornada para o Céu”).

Às portas do Centenário das Assembleias de Deus no Brasil, pastor José Pimentel de Carvalho nos deixa um legado impecável e inenarrável e assim, assume de vez seu lugar já dantes ocupado na história da Assembleia de Deus no Brasil, como um dos maiores expoentes desta denominação. Com toda a certeza, tal qual o apóstolo dos gentios, ele pôde dizer: "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé" (2 Timóteo 4:7).

19 de fevereiro de 2011

O nojento paradoxo assembleiano

recomendo a leitura deste post para um melhor entendimento deste aqui.
  por Cleison Brugger

O que  está faltando na mentalidade de alguns irmãos e obreiros nos círculos pentecostais, é  saber a diferença entre tirania e autoridade e os limites que esta segunda tem. Na igreja, não há ninguém que seja ou responda como Soberano, a não ser nosso Senhor, que é o Cabeça da igreja (Cl 2,18-19; Ef. 4,15-16). Outrossim, é insuportável a ideia de ter que "ajudar" a quem não precisa ou àquilo que não é importante. Enquanto antes, a prioridade da igreja estava em cumprir o que escreveu o apóstolo Tiago: ”a religião pura e imaculada para com nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos, e as viúvas nas suas aflições, e guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1, 27), existem pastores em nosso meio que asseveram que devemos ajudar de outra forma.

O ap. Pedro, escrevendo aos presbíteros, disse: "não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho" (I Pe. 5, 3), mas não é isso que temos visto. Sei de congregações que não possuem uma renda decente para bancar seus próprios custos, mas que são obrigadas a ajudar a mega-obra do templo central. Em muitos campos (é assim que chamamos os ministérios da Assembleia de Deus), a porção maior do rendimento bruto da pequena congregação vai para a Sede, ficando a congregação com 40% ou menos, e o templo central com a porção maior. Ora, a conclusão que tiramos disso é que as congregações (e sub-congregações) fundadas, ao invés de servirem como frentes de trabalho evangelístico, servem como filiais de uma empresa, em que o lucro dos dízimos e ofertas vai para o grande templo. Que paradoxo! a congregação que nada tem (muitas estão em condições precárias, subsistindo em templos mal construídos, de telha ou sapê), tem que ajudar o templo Sede a reformar sua fachada, a colocar ar-condicionado central ou elevador para dar acesso ao 4º andar da igreja. Um grande ministério da Assembléia de Deus em São Paulo, expoente do assembleianismo no Brasil, está construindo seu mega-templo com capacidade para milhares de pessoas, as custas de congregações que mal pagam suas contas de luz. Isso é honesto?

Mas se você ficou indignado com a construção de mega templos, fique mesmo quando chegar o aniversário do pastor presidente, pois mega-templos se constroem algumas vezes, mas o aniversário do dito cujo acontece todo ano. O engraçado é que ele não se contenta em ganhar uma caneta ou um pacote de lenços, mas tem que ser o mais fino terno ou o mais moderno notebook. Os obreiros que usam ternos surrados comprados em brechós, sapatos gastos e gravatas repetidas, tem que dar uma "ajuda de custo" alta, para comprar o 'humilde presente' do  pastor presidente, que só se contenta em vestir ternos de grife italiana e sapatos Louis Vuitton. E as 'irmãs das congregações' coitadas? gastam o que não tem para comprar o uniforme do congresso folheado a ouro (só pode ser, pelo preço), pois se não comprarem, não poderão participar do congresso e cantar junto com o coral feminino. Enquanto em suas congregações, o pastor chama a atenção por causa da roupa extravagante ou muita vaidade, ao chegar no templo central, encontram a esposa do pastor presidente (quando conseguem vê-la) na mais alta classe, isso porque na Sede a música é outra. Isso é certo? 

Neste ano, a Assembleia de Deus completa 100 anos que chegou ao Brasil, mas é muito ruim saber que muitos ministérios estão infestados disso que foi escrito acima. O meu desejo é que haja uma renovação, que nossos obreiros tenham voz ativa e que se levantem e falem sem ter medo das disciplinas e exclusões e parem de dar moleza para estes lobos devoradores, que nada mais são, do que o joio em meio ao trigo. Você pensa que o joio ou os falsos profetas são aqueles que só vão na igreja aos domingos? não se surpreenda se eu te disser que a maioria deles falam em nossos púlpitos toda semana. Não é hora para comemorações, ainda que tenhamos chegado aos 100 anos desta grande igreja, mas é hora de muita oração e renovação, pois de nada adianta semanas e mais semanas de oração, se não estamos dispostos a mudarmos nossas atitudes e partirmos para uma vida mais santa e uma igreja mais pura. Nossa igreja, logo que começou a se expandir pelo Brasil, ficou conhecida como a igreja da camada popular, dando valor e crédito ao pobre, consagrando obreiros humildes e levantando pastores presidentes que mal sabiam escrever; com tudo isto, era uma igreja ativa, atuante, cheia do Espírito de Deus e amante das almas perdidas. Que possamos voltar e dar ouvidos a composição de Paulo Leivas Macalão:"Assembleia de Deus, tu estejas humilde aos pés do Senhor; santidade convém a igreja, pra gozarmos celeste amor" (H. C. 144 - 3ª estrofe).

12 de fevereiro de 2011

Conferência de Escola Dominical no Rio de Janeiro

Do dia 10 ao dia 12 de fevereiro, aconteceu no templo central da Assembleia de Deus em Dr. Augusto Vasconcelos - RJ, cujo presidente é o pastor Celso de Castro Costa, a Iª Conferência de Escola Dominical, realizada como parte das programações do cinquentenário (50 anos - Jubileu de Ouro) das Assembleias de Deus em Artur Rios.

No primeiro dia de conferência (dia 10), esteve ministrando o pastor Esdras Costa Bentho, dando-nos uma excelente introdução à hermenêutica bíblica. Pastor Esdras falou da necessidade de compreendermos o texto sagrado à partir do contexto histórico-cultural-social da época e contextualizá-lo de tal forma, que seja inteligível ao homem moderno. De forma bem simples, usando um multimídia, mostrou a diferença entre as diversas traduções brasileiras, como a ARA (Almeida Revista e Atualizada), ARC (Almeida Revista e Corrigida), NVI (Nova Versão Internacional), etc. Ele ensinou que embora algumas passagens como Marcos 4.28 seja diferente em algumas traduções, cada uma delas tem a sua peculiaridade e assim, não se perde o sentido original daquilo que o autor pretendia dizer ou escrever. Ele encorajou a cada professor, dizendo que assim como um padeiro lida bem com uma massa ou um marceneiro lida bem com um maçarico, que os obreiros do Senhor possam dominar a hermenêutica e o texto sagrado, conhecendo-o, explicando-o e aplicando-o.
Cleison Brugger, editor do RP e o pastor Esdras Costa Bentho

No 2º dia da conferência, na noite do dia 11, quem esteve ministrando foi o pastor Silas Daniel, que falou sobre "a igreja emergente e os seus pressupostos" e "o ressurgimento do liberalismo teológico nos tempos pós-modernos", baseando-se em I João 2. 14-17. Pastor Silas refutou os pontos salientes defendidos pelas igrejas emergentes, como uma ortodoxia generosa, a cosmovisão pós-moderna, a Teologia Narrativa, a Teologia Quântica, a Adoração Alternativa entre outros. Ele afirmou que a sociedade ocidental tem centralizado o hedonismo nestes últimos tempos, e que isso tem sido um sólo fértil para a disseminação do liberalismo teológico, já que ele abraça a visão pós-moderna. Falou também sobre Teísmo Aberto ou Teologia Relacional, refutando biblicamente suas teses e de forma bem carismática, asseverou que o nosso Deus não é e nunca foi pego de surpresa mas, como poeta da história, tem em suas mãos, o controle de todas as coisas. Ainda sobre o Teísmo Aberto, pastor Silas afirmou que Deus não é muito bom e um pouco soberano, nem muito soberano e um pouco bom, mas que sua bondade e justiça, soberania e amor e todos os seus demais atributos, estão nivelados e equilibrados. Deus é perfeito, e perfeição não admite graus e não pode ser melhorada ou depreciada.
Pastor Silas Daniel, jornalista, chefe de jornalismo da CPAD e escritor. É autor do livro "A sedução das Novas Teologias" (CPAD), que conquistou o Prêmio Areté da Associação de Editores Cristãos (Asec) como a melhor obra de apologética cristã no Brasil, no ano de 2008.



 Na manhã do dia 12, no 3º e último dia de conferência, o conferencista convidado a ministrar foi o pastor Abiezer Apolinário da Silva (BA). Por motivos de força maior, o pastor Marcos Tuler não pôde comparecer, e o pastor Abiezer usou o tempo do pastor supracitado, o que serviu de riqueza para todos nós. Pastor Abiezer ministrou à partir da epístola paulina a II Timóteo e o tema de sua predileção foi: "Lições extraídas da 2ª carta do apóstolo Paulo ao seu cooperador Timóteo". Pastor Abiezer, passeando desde o perfil biográfico de Timóteo, ao perfil biográfico de Paulo e falando de cada aspecto ministerial de cada um, enriqueceu a cada conferencista de forma singular. Abiezer asseverou que, assim como Timóteo foi levado ao ministério através de revelação divina, confirmando a vontade de Deus (I Tm. 4.14), nós também precisamos seguir esta regra, para não cairmos no engano do inimigo.
Pastor Abiezer fez críticas construtivas a respeito de jovens pregadores que possuem suas "agendas lotadas" e que, na verdade, querem fama e não um compromisso sério com o evangelho de Cristo: "a multidão que um dia disse a Cristo: 'bendito àquele que vem em nome do Senhor!', mais a frente exclamou a respeito de nosso Senhor: 'Crucifique-o, mate-o!'" disse o pastor Abiezer, acerca dos elogios, fama e sucesso que não enlevaram o nosso Salvador. Meditando acerca de II Timóteo 1.16, ele afirmou a necessidade que cada crente tem, de ser um Onesíforo, que recreou o apóstolo dos gentios e o visitou na prisão: "criei até um verbo para esta ação, irmãos: "onesiforar"; precisamos onesiforar. Precisamos recrear, alegrar, dar sentido a vida de nossos amados, quando os mesmos se sentirem fracos e abandonados pelo resto do mundo", declarou. A respeito do temperamento do apóstolo Paulo, pastor Abiezer usou o texto de Romanos 7. 14-24, e disse algo marcante: "nossos desejos é como um leão que precisa ser, imediatamente, preso na jaula do Espírito. Quando o conseguirmos trancar, não fiquemos com as chaves na mão, pois então, sentiremos vontade de soltá-lo novamente, mas coloquemos aos cuidados do Espírito Santo". Na manhã deste sábado, todos os conferencistas foram ricamente abençoados, com o ensino da palavra de Deus, ministrado pelo pastor Abiezer Apolinário, que é vice-presidente da ADESAL (Assembleia de Deus em Salvador - BA) e líder da Comissão Jurídica da CGADB.
Pastor Abiezer Apolinário da Silva (BA), vice-presidente da ADESAL (Assembleia de Deus em Salvador-BA)

Crescimento qualitativo ou quantitativo?

Marcos Stefano
Jornalista da revista Eclésia

Nunca houve um crescimento tão expressivo dos evangélicos no Brasil como o que se observa no presente. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há pouco mais de 20 anos, quase 90% da população do país se dizia católica. Os protestantes eram inexpressivos. Na virada do século, o número de crentes já havia crescido consideravelmente e representava 16% dos brasileiros. Atualmente, segundo pesquisa do Instituto Datafolha, os evangélicos já chegam a 22% ou 40 milhões de pessoas. Desses, a grande maioria são pentecostais, com uma prática religiosa focada nos problemas do dia-a-dia e um forte proselitismo.

O número de evangélicos é ainda mais expressivo se consideradas apenas as periferias das grandes cidades, locais onde há mais pobreza e segregação racial. Nesses bolsões, 29% dos habitantes se declaram evangélicos, contra 55% que afirmam ser católicos. Se confirmados outros dados, dessa vez da fundação norte-americana Pew Forum, de que 45% dos pentecostais brasileiros se converteram a partir do catolicismo, a previsão é de que em menos de vinte anos, a maior parte do povo brasileiro seja evangélico. Por conta desses números, muita gente não duvida em afirmar que o Brasil passa por um grande avivamento.

Será? "Estão distorcendo e banalizando o significado de avivamento. Na história, os avivamentos sempre trouxeram mudanças para a sociedade, como diminuição da violência e da corrupção. Não vemos isso no Brasil. Aqui, a influência evangélica na sociedade ainda é muito pequena. Temos um crescimento numérico, mas hoje vejo que o mundo tem influenciado mais algumas igrejas do que elas, o mundo", aponta o pastor e jornalista assembleiano Silas Daniel, autor do livro A Sedução das Novas Teologias (Cpad), no qual critica os novos ensinos que estão entrando nas igrejas.

Mesmo que ainda não tenham chegado ao conhecimento do grande público, casos de igrejas e lideranças que adotam os modismos e novas teologias começam a preocupar os especialistas. "Há muitas aberrações doutrinárias e comportamentais que estão ocorrendo no meio evangélico. A qualidade da vida espiritual do brasileiro, em geral, não é boa. E onde está o problema? Basicamente na falta de ensino mais consistente da Palavra. Lideranças mal preparadas levam a rebanhos sem direção correta. Somos fortes para evangelizar, mas fracos para formar discípulos", acredita o pastor Silas Daniel.

Há pouco tempo, quando se falava em heresia, era quase automático se pensar em denominações que não seguiam a ortodoxia evangélica. Mórmons e Testemunhas de Jeová eram taxados como "seitas". Doutrinas como a mariolatria - adoração a Maria -, a reencarnação e datas marcadas para a volta de Cristo eram automaticamente combatidas como grandes desvios. Os tempos mudaram. Com uma Igreja fraca em termos doutrinários e poderosa em marketing, está cada vez mais complicado dizer de onde vem o erro. "Existem desvios em toda parte, mesmo em denominações mais tradicionais há segmentos inteiros contaminados. Arrisco dizer que quase todas as igrejas estão infiltradas com doutrinas estranhas", adverte Paulo Romeiro.

Relativismo, pluralismo e hedonismo são formas de pensar da sociedade atual. Mas se o mundo realmente entrou na Igreja ao combater as verdades absolutas, impor o ecumenismo às custas da fé e incentivar a satisfação das necessidades pessoais, como a busca de enriquecimento sem sofrimentos, o que acontecerá com o cristianismo brasileiro? É difícil dizer, mas dificilmente acabará como acreditam os ateus. Porém, aquele levantado para salgar a Terra e iluminar o mundo também não será mais um grande movimento de massa. E, tomara, não se torne como em muitos países do mundo, que se dizem evangélicos, mas que precisam mesmo ser novamente evangelizados.

10 de fevereiro de 2011

Onde está você?

 por Cleison Brugger

Foi essa a pergunta que o Senhor Deus fez a Adão, quando, no cair da tarde, andava pelo jardim do Éden (Gn. 3.9). Momentos antes disso, os primeiros humanos criados por Deus haviam desobedecido a ordem de Deus, de não comerem do fruto da àrvore que estava no meio do jardim (Gn. 2.16, 17). Adão então, ao ouvir a voz do Senhor ecoando pelo jardim, temeu, pois havia transgredido a ordem dada por Deus e, envergonhado, foi apresentar-se: "E ele [Adão] respondeu: "Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi" (Gn. 3.10). Deus, ouvindo a declaração fajuta daquele homem já caído, lhe questiona: "Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer?" (Gn. 3.11) e então, Adão apresenta desculpas para tentar aliviar a culpa da irresponsabilidade e assim, tenta transferir a culpa para os 'companheiros'. Comentando esta passagem bíblica, o pastor Geremias Couto afirmou: a transferência de responsabilidades, desde o Éden, continua a ser o principal instrumento de fuga dos irresponsáveis.

A verdade é que, como precurssores da pecaminosidade de Adão (Rm. 3. 10-18, 20, 23; 5.12, 14, 18, 19), também queremos apresentar desculpas para permanecermos em nossos pecados ou ainda, tentar amenizar a dor na consciência. E então, para tentarmos nos esquivar da culpabilidade, usamos como desculpa a frase: "a carne é fraca", usando erroneamente o que disse Jesus em Marcos 14.38. O cômico é que quem usou essa expressão, jamais conheceu pecado (2Co. 5.21). Assim, o uso indevido desta frase para desculpar-se (já que nosso Senhor estava falando de cansaço físico) ou ainda, a transferência da responsabilidade para a suposta "fraqueza da carne", não é uma desculpa. A verdade é, que estamos imersos em nossa pecaminosidade e mortos em nossos delitos e pecados (Ef. 2.1) e precisamos urgentemente do poder vivificante do Espírito Santo. Somos "odiadores e inimigos de Deus" (Rm. 5.10), até que Ele venha e nos constranja com seu amor (2Co. 5.14).

Assim, quando a obra do Espírito Santo é efetuada em nossas vidas, de tal maneira, que Ele nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo. 16. 8, 9), uma obra regeneradora é feita, de forma tão inigualável, que uma nova criatura é formada em nós (Rm. 8. 9, 10; 14-17) e então, o milagre da regeneração é efetuado. Digo milagre, pois muito mais maravilhoso do que criar o homem do pó da terra, como fez o Senhor (Gn. 1. 26) é formar uma nova criatura, na criatura corrompida. Uma criança recém-nascida, embora concebida em pecado, não conheceu o pecado, mas facilmente o fará, quando sair do estado de inocência e chegar ao estado de consciência, sabendo o certo e errado. Depois de conhecer o pecado, ela jamais o deixará, restando-lhe apenas, a esperança do poder do Espírito Santo sobre sua vida. "Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação" (2Co. 5. 17-19). Quando Cristo habita num homem, Ele o muda de forma direta, completa e irresistível, de tal maneira que, quando ouvirmos novamente a voz de Deus chamando (como fez com Adão), "Onde está você?", o Espírito nos levará a responder: "Em Cristo".

8 de fevereiro de 2011

Não construa em locais de risco

por Cleison Brugger
 Texto base: Mateus 7. 24-27

No início do ano, tivemos o que foi considerado "o pior desastre natural da história do Brasil", que foram as tragédias na Região Serrana do Rio de Janeiro. Na ocasião, centenas de pessoas morreram, casas desabaram e famílias ficaram completamente desoladas, por causa das perdas e avarias que lhes sobrevieram. Neste impasse, toda população ficou ainda mais ciente de que construir casas em locais de risco, pode ser, acertadamente, perigoso e avassalador.

Da mesma forma, tentar uma suporta segurança de nossas vidas em locais de risco, seja pelas facilidades ou por mera vontade, pode ser custoso depois, e Cristo nos alerta a não edificarmos nossas casas espirituais em locais de risco.

Nos barrancos da morte, onde as tempestades da vida inundam nossa casa, terminamos por fim, perdemos tudo quanto tínhamos antes e temos nossa casa completamente arruinada e, assim, acabamos dando lugar ao objetivo triplo do inimigo (Jo. 10.10a).

Para nossa dor, temos rejeitado CRISTO, a Rocha. Assim fazemos, pois parece que Nele, fica ainda mais difícil firmar os pilares de nossa casa espiritual. Parece que nesta rocha, as tempestades vem ainda mais frequentemente e as avarias parecem ser bem maiores do que o normal. Porém, Jesus nos assegura: "Desceu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram naquela casa; contudo, ela não caiu, pois estava edificada sobre a rocha" (Mt. 7.25).

Firmar nossas vidas nesta ROCHA é a melhor solução e a melhor opção de plena segurança! As tempestades da vida nos sobrevirão, contudo, estaremos firmados em Cristo e, por mais que venham os terriveis trovões, nossa casa permanecerá firme, inabalável. Não é a estrutura da nossa casa que diz se ela está segura ou não, mas sim, ONDE ela está estruturada. Construa sua belíssima mansão a beira-mar, e em um curto período de pequena tempestade, ela correrá o risco de estar no chão. Construa sua casa na rocha, por entre as pedras, e verás que por mais que venham as tempestades e ventanias, ela estará lá, intacta, imóvel.

Muitos estão morrendo e perdendo os seus queridos (quer pela morte, quer pelos vícios, etc), pois estão construindo suas vidas em lugares perigosos, onde, quase sempre, são surpreendidos pelas várias avarias trazidas pelo inimigo. Mas os que estão em Cristo, tem segurança e vida garantidos, tem paz perenal e "o maligno não lhe toca" (I Jo.  5.18).
Lembre-se que há uma promessa, àqueles que estão guardados no esconderijo do Altíssimo: "Se você fizer do Altíssimo o seu refúgio, nenhum mal o atingirá, desgraça alguma chegará à sua tenda" (Salmo 91. 9-10 - NVI).

Graça e paz, para você.

5 de fevereiro de 2011

Quando o meu trabalho é em vão

por Cleison Brugger

Independente do segmento protestante que seguimos, existe um problema que tem estado presente, de forma ativa, em nossas igrejas. Não é um problema novo, aliás, tem sua origem no farisaísmo judaico, aquele que Jesus tanto condenou, mas ainda assim, tem marcado presença na vida e história da igreja. Estou falando da religiosidade.

O grupo dos religiosos está na igreja, mas não faz parte dela. É o joio posto em meio ao trigo. Eles simplesmente não se encaixam com aqueles que preferem viver biblicamente.
O religioso faz tudo "religiosamente"; a presença dele nos cultos é de uma forma religiosa, seu trabalho para o Senhor é de forma religiosa, seu falar tem um tom nefasto de legalismo. Ele é daquele tipo de sal que para nada serve, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens, como nos disse Jesus (Mt. 5.13b).

Sua vida não exala o "bom perfume de Cristo" (2Co. 2.14), pois o cheiro de "sepulcro caiado" (Mt. 23.27) é simplesmente insuportável. Um simples momento conversando com um religioso, perceberemos que tudo o que ele carrega é legalismo, hipocrisia, arrogância e máscara.  Simplesmente, o trabalho do religioso é em vão, pois descumpre o que Paulo disse: "No Senhor, o vosso trabalho não é vão" (1Co. 15.58). Seu trabalho é em vão, porque não é para o Senhor, mas sim, para ele mesmo. Ele faz as coisas visando a sua recompensa, visando "cobrar de Deus" (se é que isto é possivel) quando a ocasião for pertinente. Ele "dança conforme a música", para poder obter o lucro de seu trabalho. Ele faz tudo para se auto-promover. Muito fala, mas nada faz. Quer estar por dentro de tudo, mas os reais problemas que precisam de solução, simplesmente ele coloca sobre outros.

Se a igreja precisa de uma limpeza, esta precisa começar, varrendo os religiosos de seus pátios, púlpitos, bancos e serviços. Não precisamos deles! Não precisamos de Ananias e Safira que, para se mostrarem relevantes e importantes, pensam que podem enganar Aquele que conhece os segredos do coração (Salmo 44.21).

Precisamos de gente humilde, de santos anônimos, daqueles que não tem vergonha (e até preferem), trabalhar por trás do cenário e das cortinas. Precisamos de gente que sabe que, por mais que seja difícil lidar com as divergências, o trabalho é única e exclusivamente para o Senhor. Fora os religiosos, que no uso de suas máscaras nefastas, fazem da igreja um teatro grego. Que venham os pescadores, os pastores de ovelhas, os que malham trigos no lagar, os acostumados ao anonimato, para serem relevantes, importantes e úteis na obra do Senhor. A estes, o verso se aplica: "Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil" (I Co. 15.58 - NVI).