31 de outubro de 2010

Contrariando os princípios da Reforma

 por Cleison Brugger

O dia 31/10, além de comemorar o Famoso Halloween (ou dia das bruxas), também comemora algo de muita importância para os cristãos protestantes: o Dia da Reforma Protestante;
Foi neste dia, que Martinho Lutero apresentou, em frente à Catedral de Wittenberg, suas 95 teses combatendo as heresias que permeavam - e ainda permeiam - a Igreja Católica Romana.
Este ano, a Reforma Protestante completa 493 anos, porém, os princípios da mesma, já se tornaram mais que obsoletos para algumasigrejas evangélicas, senão vejamos:

SOLA FIDE (Somente a Fé)
Afirma que a justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Somos salvos para praticar boas obras, e não por causa da mesma (Ef. 2.10). Somos salvos pela fé e aceitação do sacrifício de Cristo em nosso favor. (Ef. 2. 8).

Entretanto, diversas igrejas que dizem ser "continuação da reforma", acreditam que só podemos ser salvos, se colocarmos acréscimos a fé, como: usar determinado tipo de roupa, não fazermos determinado tipo de coisas, não frequentarmos determinados lugares, ser assíduo aos cultos e obedecer veementemente o pastor. Para alguns, isto é o suficiente e a fé serve apenas como um complemento.

SOLA GRATIA (Somente a Graça)
Afirma que na salvação, somos resgatados da ira de Deus única e exclusivamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é o que nos leva à Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual e nos conduzindo à liberdade em Cristo.

Todavia, existem pastores e igrejas que declaram implicitamente que isso não é o bastante. Só podemos ser salvos mesmo se andarmos "na doutrina". A graça é deturpada pelas "autoridades da fé". Eles preferem [e adoram] prender suas igrejas numa "ditadura moral e espiritual".

SOLUS CHRISTUS (Somente Cristo)
Afirma que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória de Cristo. Sua vida sem pecado e sua expiação, por si só, são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.

Contudo, em nossos dias, Cristo tem ficado de fora de nossas reuniões. Enquanto antes, nossa fonte inesgotável era Cristo, hoje ele é apenas um meio de recebermos o que queremos, e não um fim em Si mesmo. Honramos muito mais, em nossas igrejas, os conferencistas, cantores, deputados e doutores, do que o próprio Cristo, e essa realidade é de estremecer os ossos.

SOLA SCRIPTURA (Somente as Escrituras)
Afirma a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha, ensina tudo o que é necessário para a nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo o comportamento cristão deve ser avaliado.

Entretanto, o que tem acontecido nesta presente época, é uma revolta CONTRA a Bíblia! Muitos não gostam mais dela e declaram-na antiquada e ultrapassada. Suas promessas têm sido trocadas para o "determine sua bênção!", o amor de Deus por nós têm sido trocado pelo "o melhor de Deus ainda está por vir!", etc. Defender a inerrante, infalível e imutável Palavra Sagrada não está nos planos dos "doutores em divindade" e dos "mercantilizadores da fé".

SOLI DEO GLORIA (Glória Somente a Deus)

Afirma que, como a salvação é de Deus e realizada por Ele, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteiramente perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus e para sua exclusiva glória.

Mas no séc. XXI, a glória tem ido pra quem faz melhor! temos um espírito de orgulho, soberba e avareza pairando sobre a igreja evangélica. Uma glória sem graça têm sido dada a homens "com aparência de bondade". vale lembrar que "a marca distintiva da boa doutrina é esta: ela não se inclina a buscar a glória dos homens, mas a de Deus” - João Calvino.

ECCLESIA REFORMATA ET SEMPER REFORMANDA EST (Igreja reformada sempre se reformando)
A idéia que os reformadores tinham ao proferir estas palavras NÃO era, de alguma necessidade, de reformarmos as doutrinas bíblicas; eles referiam-se ao dever de sempre retornarmos às doutrinas bíblicas; Não é "Doutrina reformada sempre se reformando" e sim "IGREJA reformada sempre se reformando".

Bom, diante do exposto, creio que ainda haja tempo de zelarmos e cumprirmos este último ponto. Precisamos de um novo Lutero? Não, mas precisamos urgentemente, retomar os princípios da reforma; precisamos pregar o evangelho da cruz de forma clara, simples e santa. Os clamores de Lutero de obter uma igreja reformada precisam, ainda hoje, serem defendidos!

Precisamos nos levantar com um sangue biblino e, biblicamente, denunciar os desvios, incoerências e aberrações feitas em nome de Deus.

SOLI DEO GLORIA

27 de outubro de 2010

O neo-pós-pseudo pentecostalismo

Eis abaixo uma constatação perturbadora do bispo Anglicano Robinson Cavalcanti:

O pentecostalismo que nos chegou não foi o da ala negra da rua Azuza, com sua visão social, mas o da ala branca, com seu isolacionismo, sua ascese extra-mundana e sua escatologia pré-milenista pessimista. Com o passar do tempo, permaneceu apenas o conceito de pecado individual e de uma ética individual da santidade negativa (não fazer o mal) — e não da santidade positiva (fazer o bem) — legalista, moralista, sem os conceitos de pecado social e pecado estrutural, e ética social. A teologia da libertação, racionalista, enfatizaria esses últimos às custas dos primeiros, e, por fim, a teologia liberal pós-moderna, relativista, e amoral, negaria ambos. A “batalha espiritual” reforçaria a alienação e a teologia da prosperidade seria a face religiosa do neoliberalismo capitalista. O neo-pós-pseudo-pentecostalismo não prega conversão e santidade, mas neo-indulgências e sessões de descarrego. Do novo nascimento ao sabonete de arruda tem sido um longo caminho, por onde passam os sócios “evangélicos” dos escândalos da República. Uma igreja insípida não salga nem salva um país enfermo.

21 de outubro de 2010

Conheça o Evangelho

por Paul Washer

Eu quero submeter a você esta noite que este país não é endurecido ao evangelho. É ignorante do evangelho, porque a maioria dos seus pastores o é. E deixe-me repetir isto. O problema deste país não são os políticos liberais, a raiz de socialismo, Hollywood ou qualquer outra coisa. É o, assim chamado, pastor evangélico de nossos dias e o pregador de nossos dias e o evangelista de nossos dias. É aí que o problema deve ser encontrado. Nós não conhecemos o evangelho. Nós pegamos o glorioso evangelho de nosso Bendito Deus e o reduzimos a “quatro leis espirituais” e “cinco coisas que Deus quer que você saiba”, com uma pequena e supersticiosa oração no final que se alguém repetir depois de nós com bastante sinceridade nós o declaramos de uma forma papal, nascida de novo. Nós trocamos regeneração por “decisionismo”. [...]

Quando você deixa de lado o evangelho e não há mais nenhum poder em sua suposta mensagem do evangelho, você, então, tem que recorrer a todos aqueles pequenos truques de mercado, que são tão proeminentemente usados hoje em dia para converter os homens. E nós todos conhecemos a maioria deles. Todos eles não funcionam. [...]

Agora você sabe por que aquele pequeno evangelho que você prega não tem nenhum poder? Porque não é nenhum evangelho. Vá ao evangelho. Gaste sua vida em seus joelhos. Se afaste dos homens. Estude a cruz.

Por Paul Washer. © HeartCry Missionary Society Inc. Website: heartcrymissionary.com
Tradução e adaptação: voltemosaoevangelho.com
 

18 de outubro de 2010

Pregadores-mirim: O show vai começar!

Se você der uma passeada pelo Youtube, irá encontrar isso e muito mais!
por Cleison Brugger

Graças a Deus comecei a pregar desde muito cedo, com pelo menos 13 anos de idade e, por esta razão, é que tenho um alicerce para escrever sobre isso. Embora eu sabia que o que eu fazia era uma preparação para esse ministério fascinante que é o ministério da palavra, era notória a minha falta de preparo e a minha incapacidade de assumir um púlpito, e isso responde o porquê que os púlpitos não devem ser um lugar para os infantes. Existe um tempo para todas coisas (Ec. 3). Creio que Deus quer levantar grandes ministros do evangelho, contudo, a seu tempo. Por isso, sinceramente, tenho uma certa aversão por crianças que supostamente pregam. Creio que o Espírito Santo use a quem quer, como bem entender, mas tenho um receio muito grande quando vejo alguns desses pregadores-mirim.

Encontramos essas figuras, normalmente, no cenário da igreja pentecostal, e isso mostra a nossa neglicência com o Sagrado e prova o quanto uma exposição biblicamente coerente, para alguns, é irrelevante. Alguns de nós ficamos encantados com a capacidade que elas tem de gravar versículos e passagens bíblicas e com a desenvoltura dessas crianças curiosamente imitadoras destes "animadores de palco" e desse circo armado nas arenas pentecostais.

É certo que não estou atacando todas as crianças que pregam; me encanto quando vejo crianças gesticulando bem, falando como crianças normais, sem nenhum tipo de sutaque ou cacoete, em sua humildade e simplicidade; gosto de ver crianças falando como criança, vestidas como criança, se portando como criança e não tentando ser adulto, quando não consegue ser. Então, me dirijo especialmente a essas crianças que são discaradamente manipuladas! tudo o que fazem parece que tem o dedo de alguém! Cada palavra e frase, é um clichê que aprendeu, ouvindo a pregação de algum "conferencista ou avivalista famoso"; sua linguagem muda quando sobe em um púlpito, seus trejeitos são esquisitos, suas roupas são ridículas para suas idades, suas "pregações" são forçosas, apelativas e cheias de frases feitas e jargões mais do que batidos, e tudo o que eu consigo ver são aberrações falando daquilo que não sabem.

Isso me entristece. Por um lado vejo crianças manipuladas, como que marionetes sendo movidas pelo afã de "querer aparecer" e se tornarem pregadores que enaltecem seus egos (o que mais vemos hoje), e assim, pondo de lado suas infâncias, brincadeiras e fazendo nascer uma pseudo-maturidade; por outro lado, vejo uma igreja ignorante, mas festeira do que espiritual, preocupada com movimentos, campanhas e encontros, e virando a cara para a Palavra de Deus, tornando-se, assim, uma igreja herética.

Lutero considerava o ministério da Palavra o mais alto ofício da Igreja. O próprio título, “servo da Palavra divina” (minister verbi divini), conota um papel essencialmente fundamental [1], e, por esta razão, não pode ser exercido por qualquer pessoa.

Eu critico a atuação destes pequenos nos púlpitos alheios, mas minha palavra vai, indiscutivelmente, aos pais e "pastores" que manipulam essas crianças e privam as mesmas de terem uma infância normal e uma vida sossegada. Ao invés destes se esforçarem para obterem um estudo acadêmico e um bom rendimento no estudo bíblico, e assim, pela Palavra, alimentar suas igrejas com alimento sólido, preferem fazer de suas crianças "a atração do momento", e se vangloriam com a agenda "cheia" de seus fantoches humanos. A vocês digo: zelem pela vida de suas crianças, zelem pela Palavra, pela pureza de seus púlpitos e pela saúde de suas igrejas, pois a Palavra de Deus não é uma brincadeira!

Deixem que suas crianças vivam, brinquem, louvem na igreja e porque não, ganhe uma oportunidade para falar! mas não faça delas uma atração para suas igrejas e um meio de ganhar dinheiro, pois esta é uma atitude, no mínimo, covarde.

Referência:
[1] GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. 1 ed. Cap 3, p. 96-98. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1994

17 de outubro de 2010

Uma igreja historicamente consciente

Bp. Walter MacAlister

Vivemos numa época fascinada com o progresso. Sem maiores explicações, nossa cultura, inclusive  a igreja, exalta a mudança e a novidade como fins em si. O preconceito da nossa cultura contra o passado é evidente. É preciso escrever nossa própria história independentemente de como nossos antepassados buscaram viver em obediência às Escrituras Sagradas e ao mover do Espírito Santo.

Contudo, esta mudança contínua da igreja tem um alto preço. Ao esquecermos e rejeitarmos nossas origens, vivemos à mercê de cada nova moda que varre a nossa cultura. O resultado é paradoxal; na medida em que a igreja tenta ser mais relevante, ela se torna cada vez mais irrelevante, pois é facilmente consumida pelos gostos e interesses da nossa sociedade.

Creio que, para ser relevante em nossos tempos, a igreja precisa ser fiel às suas origens. Por isso mantenho um compromisso inegociável com as práticas históricas da igreja, isto é, com a proclamação da Palavra de Deus, a celebração dos sacramentos (batismo e Santa Ceia), o exercício da disciplina, a ordenação de homens idôneos ao ministério, a catequese tradicional (com ênfase especial no Credo Apostólico, na oração do "Pai Nosso", e nos Dez Mandamentos) e a lembrança perpétua da Cruz de Cristo (o padrão de vida de todo discípulo de Cristo).

Em meio ás diversas vozes contemporâneas que competem pela atenção da igreja, precisamos lembrar também daqueles que dedicaram suas vidas pelo Reino de Deus ao longo dos séculos, incluindo Policarpo, Irineu de Lião, Atanásio, Agostinho, Patrício, Anselmo de Cantuária, Tomás de Aquino, Martinho Lutero, João Calvino, Jonathan Edwards, John Wesley, Charles Spurgeon, C. S. Lewis, Martyn Lloyd-Jones, entre outros. As vidas e as obras desta "grande nuvem de testemunhas" nos ajudam, ainda hoje, a compreender os desafios modernos ao testemunho da Igreja de Jesus Cristo e a responder de forma prática e profética às carências e necessidades dos nossos tempos.

Se cultivarmos esta consciência histórica, a igreja viverá mais segura do seu chamado e da sua identidade em meio a uma sociedade que, cada vez mais, ignora as suas origens e vive insatisfeita, não só com o passado, mas, também, com o presente e até com o futuro. 

Tome nota: 
Walter MacAlister é bispo primaz da Igreja Cristã Nova Vida, e filho do fundador desta denominação, bispo Robert MacAlister.

12 de outubro de 2010

Variedade de línguas e profecia na igreja

Rev. Hernandes Dias Lopes
Referência: 1 CORÍNTIOS 14:1-40

INTRODUÇÃO
· John Stott, o maior exegeta do século XX afirma que os dons são atuais, contemporâneos, úteis e necessários, visto que Jesus não mudou. O grande problema é a polarização: carisma sem caráter (dons sem fruto), caráter sem carisma (fruto sem dons), credulidade infantil-racionalismo cético, cessacionismo-confusão.
· Neste capítulo 14 o apóstolo Paulo vai tratar fundamentalmente sobre dois dons espirituais: variedade de línguas e profecia.

I. O DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS
1. O ensino de Paulo sobre o dom de variedade de línguas
1.1. Quem fala em outra língua fala a Deus e não aos homens – v. 2
1.2. Quem fala em outra língua não é entendido, pois fala em mistério – v. 2
1.3. Quem fala em outra língua edifica-se a si mesmo e não à igreja – v. 4
1.4. Quem fala em outra língua não se torna entendido, por isso não edifica – v. 5-11
1.4.1. O exemplo dos instrumentos musicais – v. 7 (produz harmonia)
1.4.2. O exemplo da trombeta convocando para a guerra – v. 8 (prepara para a batalha)
1.4.3. O exemplo da conversação interpessoal ininteligível – v. 9-11(produz edicação)
1.5. Quem fala em outra língua não entende o que fala – v. 13-15 – A mente é importante e Paulo diz que o crente precisa usar sua mente em cinco áreas: na oração (v.15), nos cânticos (v.15), na ação de graças (v.16-17), na instrução (v.19) e no juízo (v.20).
1.6. Quem fala em outra língua não pode edificar os outros – v. 16-17
1.7. A variedade de línguas não é para pregação – v. 18-19 “Mesmo quando há interpretação, não se muda a natureza das línguas. Continua sendo palavra do homem para Deus e não palavra de Deus para o homem (profecia).
1.8. O uso errado do dom de variedade de línguas escandaliza os incrédulos – v. 23
1.9. O uso do dom no culto público precisa ser com ordem – v. 27-28
1.10. O dom de variedade de línguas não deve ser proibido – v. 39
2. Erros relacionados ao uso do dom de variedade de línguas
2.1. Dar mais valor a este dom do que aos outros – v. 5
2.2. Pensar que este dom é prova de espiritualidade abundante – 1:7; 3:3; 13:1
2.3. Pensasr que este dom é o selo e a evidência do batismo com o Espírito – 12:13
2.4. Pensar que todos os crentes devem ter este dom – 12:30
2.5. Falar todos ao mesmo tempo em culto público – v. 27
2.6. Falar em estado de êxtase – v. 32
2.7. Falar em público sem interpretação – v. 2,5,9,11,13,16,27,28,40.
2.8. Pensar que a oração em línguas é superior à oração no vernáculo – v. 13-15
3. Recomendações do apóstolo sobre o dom de variedade de línguas
3.1. Não proibam que se fale em línguas – v. 39 – Paulo deu o seu testemunho pessoal (14:18). Só porque o dom está sendo mal usasdo, isto não significa que deve ser proibido. Os coríntios abusaram da Ceia do Senhor, mas a solução não foi deixar de celebrá-la. Dito isto, eles precisavam entender que “linguas” não era o melhor dom para edificar a igreja (14:19).
3.2. Em culto público, falar em línguas só com interpretação – v. 27-28 – A igreja de Corinto não tinha ordem no culto. Todos falavam ao mesmo tempo. As pessoas não entendiam e por isso não eram edificadas. Línguas tem três procedências: dom do Espírito; psiquê humana (extático), o diabo (1 Co 12:3).
3.3. Falar em línguas em particular tem o seu valor – v. 2,4,28

II. O DOM DE PROFECIA
1. O que é dom de profecia?
· Temos que fazer uma distinção entre o ofício de profeta no VT e NT com o dom de profecia hoje.
· Hoje não há mais profetas no sentido daqueles profetas primeiros, que se tornaram o fundamento da igreja (Ef 2:20), ou seja, instrumentos da revelação divina. O cânon da Escritura já está fechado.
· Hoje qualquer manifestação subsequente deste dom deve ser submetida à doutrina autorizada aos apóstolos e profetas (1 Co 14:37-38). BillybGraham fala: “Hoje Deus não revela mais verdade nova diretamente; a Bíblia tem uma capa posterior”.
· O dom de profecia é expor a verdade revelada de Deus conforme está registrada nas Sagradas Escrituras (Gl 1:8-9).
· O dom de profecia não está ligado a cargo ou posição. Todo crente pode profetizar (1 Co 14:1,5,31,39). Moisés também fez o mesmo (Nm 11:25-29).
2. O dom de profecia é segundo a proporção da fé
2.1. Esta fé é o conteúdo das Escrituras – Rm 12:6; 1 Pe 4:10-11; Judas 3
2.2. O dom de profecia precisa estar subordinado à autoridade apostólica – v. 37
3. Erros quanto ao exercício do dom de profecia
3.1. O dom de profecia não é extático – v. 29,31-33
3.2. O dom de profecia nunca é dado na primeira pessoa e sim na terceira pessoa. O profeta não fala “meu servo”, mas “assim diz o Senhor”.
3.3. O dom de profecia não está acima de julgamento da congregação – v. 29
4. O dom de profecia precisa ser provado
4.1. Glorifica a Deus? – 1 Pe 4:10,11
4.2. Está de acordo com a Escritura? – 1 Pe 4:11
4.3. Edifica a igreja? – 1 Co 14:3,4,5,12,17,26
4.4. O profeta se submete ao julgamento dos outros? – 1 Co 14:29
4.5. O profeta está no controle de si mesmo? – 1 Co 14:32
4.6. O que o profeta fala sucede 100%? – 1 Sm 9:6; Dt 18:22
5. Propósitos do dom de profecia
5.1. Fala aos homens para a edificação da igreja – v. 3-4
5.2. Edificação – ajuda a construir, levantar – não é profecia manipulativa, carnal.
5.3. Exortação – “paraclesis” – palavras que dão força à vida, encorajamento.
5.4. Consolação – acalma as tempestades do medo, ansiedade. Leva refrigério.
5.5. Produz convencimento de pecado – v. 24-25 – Julgado: o efeito da palavra profética é revelar ao homem o seu estado. Todo o seu interior é sondado e exposto. Aquilo que ele escondia no coração, vê reprovado e julgado e ele só pode atribuir isto à atividade de Deus. Reconhece Deus agindo na igreja.

CONCLUSÃO
· A conclusão deste capítulo pode ser sintetizada em três verdades básicas: 1) Edificação – v. 1-5,26b; 2) Entendimento – v. 6-25; 3) Ordem – v. 26-40.

Edificação – v. 1-5 – Paulo corrige os equívocos da igreja de Corinto que dava mais valor ao dom de variedade de línguas do que o de profecia; mais valor à edificação pessoal do que a edificação da igreja, mostrando que a profecia é superior às línguas. Paulo usa dois argumentos: Primeiro, profecia fala aos homens, línguas falam a Deus (1-3). As línguas não são usadas para pregar o evangelho. Uma pessoa não fala em línguas: “meu servo…”. Isso é adulterar o sentido das línguas. Segundo, profecia edifica a igreja, enquanto línguas edifica apenas a pessoa que fala (4-5).

Entendimento – v. 6-25 – Paulo quando fala de entendimento usa três ilustrações (6-11): instrumentos musicais, trombeta que convoca para guerra e conversação interpessoal. Depois Paulo faz algumas aplicações (12-25): 1) Para a própria pessoa que fala – v. 12-15; 2) Para outros crentes na assembléia – v. 16-20; 3) A aplicação final de Paulo é para os descrentes que vinham à assembléia em culto público – v. 21-25 – Aqui Paulo mostra mais uma vez a superioridade da profecia sobre as línguas. As línguas sem interpretação jamais podem trazer convicção de pecado aos pecadores. Em vez disso, se um incrédulo entrar na igreja e ver todos falando em outros línguas pode pensar que todos estão loucos.

Ordem – v. 26-40 – Há duas ordens que devem sempre vir juntas no culto público: 1) Seja tudo feito para edificação – v. 26b; 2) Tudo, porém, seja feito com decência e ordem – v. 40. A igreja de Corinto tinha sérios problemas com a ordem do culto (11:17-23). Eles estavam usando seus dons espirituais para agradar a si mesmos e não para a edificação de toda a igreja. A palavra chave deles não era edificação, mas exibição. Paulo então dá várias orientações de ordem à igreja: Primeiro, tanto o falar quanto o interpretar no culto público precisa ser feito com ordem (27-33). Onde o Espírito de Deus está agindo há auto-controle. Êxtase é evidência de que o culto não está sendo dirigido pelo Espírito Santo. Segundo, as mulheres não podiam quebrar a ordem do culto público (34-35). As mulheres oravam e profetizavam na igreja (11:5), mas no caso aqui as mulheres estavam importando suas atitudes das religiões de mistério e conversando durante o culto ou interrompendo aqueles que falavam com práticas extáticas. Terceiro, os crentes precisam estar alertas sobre o perigo de novas revelações que vão além da Palavra de Deus (36-40). Através destes versículos Paulo estava corrigindo aqueles crentes de Corinto que estavam dizendo: “Nós não precisamos da ajuda de Paulo. Não precisamos estudar a Bíblia. Não precisamos ter pastores formado nos seminários. O Espírito fala direto conosco”. Uma das marcas do verdadeiro profeta é sua obediência ao ensino apostólico.




“Não é lícito aos homens, nem mesmo aos anjos, fazerem, nas Santas Escrituras, qualquer acréscimo, diminuição ou mudança. Por conseguinte, nem a antiguidade, nem os costumes, nem a multidão, nem a sabedoria humana, nem os juramentos, nem as sentenças, nem editos, nem os decretos, nem os concílios, nem as visões, nem os milagres se devem contrapor as estas Santas Escrituras; mas, ao contrário, por elas é que todas as coisas se devem examinar, regular e reformar” (Artigo V da Confissão Reformada da França, adotada em 1559).

  
Fonte:  Palavra da Verdade - Site do Rev. Hernandes Dias Lopes, pastor da 1ª Igreja Presbiteriana de Vitória-ES.

5 de outubro de 2010

Salvador crucificado ou Cristo vivo?

por Jeff Purswell

O Salvador que nós adoramos e servimos de fato é um Salvador glorioso e elevado, sentado à destra de Deus (Colossenses 3:1) e sustenta todas as coisas pela sua palavra poderosa (Hebreus 1:3). Porém ele também é o servo sofredor que resgata a muitos por meio da sua morte (Marcos 10:45, ver também Isaías 53:10-11) e é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29). Um Jesus crucificado foi central à pregação de Paulo, que enfaticamente lembrava os Gálatas que “foi diante dos seus olhos que Jesus Cristo foi exposto como crucificado” (Gálatas 3:1). Foi justamente por Paulo ter ousadamente proclamado “Cristo crucificado” que o evangelho foi um escândalo (1 Coríntios 1:23)!

De fato, não podemos conhecer a Jesus corretamente sem a cruz, pois é por meio daquela morte macabra que sua identidade é revelada. (João 8:28, ver também 12:32, 34).

Algo profundo está em jogo aqui. Conceber Cristo à parte da Cruz é distorcer sua identidade e sua missão, da mesma forma que Pedro fez quando repreendeu Jesus por anunciar o que ainda havia de sofrer e morrer (Marcos 8:31-33). Podemos inferir a grandeza de Deus e o seu poder a partir da criação (Romanos 1:19-20) mas é na cruz que seu amor e misericórdia são completamente revelados. Nos novos céus e na nova terra nós iremos, sem dúvida, adorar a Cristo num silêncio abafado, à medida que contemplamos sua glória transcendente (Apocalipse 1:12-17), exaltando-o como o vitorioso Leão da tribo de Judá. Mas nós também cantaremos para sempre o louvor do Cordeiro que foi imolado, cujo sangue resgatou o povo de Deus (Apocalipse 5:6-10).

Como resultado, não devemos nunca deixar de contemplar Jesus como nosso Salvador crucificado, relegando a cruz ao passado. A cruz deve informar sempre a nossa compreensão de Cristo no presente, pois ela de fato fará isso por toda a eternidade.

Fonte: iPródigo | Original aqui

2 de outubro de 2010

Não faça de seu ministério um twitter

 por Cleison Brugger

É difícil encontrar alguém hoje que não tenha o famoso twitter. Esse @, precedido por um nome característico, faz com que milhares de pessoas limitem suas palavras e pensamentos a 140 caracteres.
No twitter, as coisas funcionam basicamente assim: quando uma pessoa posta (escreve) coisas legais e interessantes, ela começa a ganhar diversos seguidores (chamados pelo twitter de "Followers"), e quanto mais followers essa pessoa tiver, mais popular ela fica, e isso cria na pessoa um desejo obrigatório de postar todos os dias algo que seja relevante, para que seu número de seguidores continue a crescer e a pessoa se torne ainda mais popular. Isso é tão vicioso, que é capaz de afetar todo um cotidiano; estudos, horário, hora de alimentação e noites de sono, são algumas das coisas afetadas com isso.

Não muito diferente do twitter, muitos pastores tem levado seus ministérios por esse caminho. Homens que por ter uma boa palavra (retoricamente falando) ou uma boa mensagem (conteúdo), acabam atraindo para si, ou para suas igrejas, seguidores, que acabam por se espelhar naquele pastor e tê-lo em grande estima. Contudo, a popularidade acaba por afetar o ministério deste pastor, pois ele é convidado para pregar em outras igrejas, encontro de jovens, conferências, e se ele demorava 3 horas para preparar um sermão, agora ele está pregando sermões repetidos, pela falta de tempo para preparar um sermão, pois sua agenda está "lotada". Como ele não quer frustar seus seguidores fiés, acaba por falar alguns pontos idênticos ao encontro passado. Toda essa popularidade faz nascer uma faísca de orgulho, e essa faísca é o suficiente para a ruína de um ministério. Um grande inimigo do homem é o seu próprio eu!

Sua vida de oração também é afetada. Seus compromissos são tantos, que ele não mais tem tempo de ganhar algumas horas em oração. Seu tempo com sua esposa e filhos está tão limitado, que raramente param para fazer um culto doméstico ou para orarem juntos.

Parece que Deus está agindo em seu ministério; olha como sua agenda está cheia, olha quantos compromissos, olha quantos esboços! Em compensação, olhe para sua família, para sua vida de oração ou para o seu tradicional devocional às 7 da manhã. Se uma vida com Deus é afetada, as outras coisas não podem estar indo bem, por mais que aparentemente pareçam tranquilas.

Isso tudo levou o pastor John Piper a pedir uma licença de 8 meses de sua igreja, Bethlehem Baptist Church, para revisar sua vida, sua família e seu ministério. Ele mesmo disse em seu twitter pessoal (@JohnPiper): "Pedi para os nossos anciãos (presbíteros da Bethlehem Baptist Church) uma licença de 8 meses de ausência. Nenhuma pregação, sem livros, sem blogs, sem tweets". Que bela atitude! contudo, muitos pastores estão seguindo por este caminho, e enquanto suas mensagens são boas e relevantes, sua vida, sua igreja, sua família e sua devoção a Deus estão sendo afetados e isso não pode ser uma obra de Deus.