18 de dezembro de 2010

A letra mata... e a ignorância também!

por Cleison Brugger

Existem pessoas que acham "o máximo" o fato de serem ignorantes, acreditando que esta é sinônimo de humildade, piedade ou santidade. Quando, por exemplo, alguém adverte sobre a necessidade de um coerente e exaustivo estudo das Escrituras, eles se levantam sugerindo que o estudo cuidadoso da Bíblia é inútil e até perigoso, "porque a letra mata, mas o Espírito vivifica", usando forçosa e erroneamente 2ª Coríntios 3.6 para defender um pensamento infantil e boçal. Que blasfêmia contra a palavra de Deus!

A ignorância é um problema fundamental em um mundo caído [1].  Aliás, a pregação do evangelho é, prioritariamente, dirigida à mente, ao raciocício, ao pensar, como bem nos lembra o Dr. Martyn Lloyd-Jones: "nunca nos esqueçamos de que a mensagem da Bíblia dirige-se em especial à mente, ao entendimento". Todavia, muitos crentes, diferentes dos irmãos de Beréia (Atos 17.11), preferem permanecer com suas mentes impregnadas de ignorância, à se curvar a inerrância, infalibilidade, incontestabilidade e imutabilidade das Sagradas Escrituras. Nesta irreverência mental ao Sagrado, muitos estão a mercê dos pensamentos, ideologias, doutrinas e ensinamentos alheios às Escrituras, dando voz ao que disse Oséias, o profeta: "Meu povo é destruído por falta de conhecimento" (Oséias 4.6).

O apóstolo Pedro, dirigindo-se aos cristãos dispersos (Iª Pedro 1.1), os orienta a dar a razão da esperança que havia neles, a quem quer que os questionassem: "Estejam sempre preparados para responder a qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vós" (Iª Pedro 3.15), e ninguém poderá fazer isso, se não souber tais razões ou ainda, não souber adequadamente defender a sua fé. É um fato completamente lamentável e alarmante, saber que existem crentes que nem ao menos sabem explicar o porquê da morte de Cristo! Podemos comprovar este fato, quando candidatos ao batismo vão à frente repetir uma suporta "profissão de fé". Muitos não fazem ideia do que estão falando e não conseguem responder adequadamente o porquê querem descer as àguas batismais.

Infelizmente, a Bíblia, para alguns, é uma incógnita misteriosa impossível de interpretar; contudo Kevin DeYoung, falando sobre a "perspicuidade da Escritura” (tese que ensina que a Escritura é clara e que é possivel sim entendê-la), enfatiza: "Perspicuidade significa que as partes principais são as partes mais óbvias. Significa que a mensagem da salvação é clara. Significa que os assuntos mais básicos e centrais da narrativa bíblica são claros, mesmo que você não seja o mais esperto, mesmo se você não recebeu muita educação, mesmo se você é uma criança. Todos nós podemos entender que Jesus é o Messias, que nós precisamos nos arrepender, crer em Cristo e obedecer seus mandamentos. Isso tudo é muito claro. Mas não significa que tudo é claro. Algumas partes requerem muito estudo. Algumas partes requerem atenção especial. Algumas doutrinas são complicadas. Algumas partes da Bíblia são muito difíceis. Basta perguntar a Pedro sobre Paulo (2ª Pedro 3. 15,16)". [2]

Então, assim como o apóstolo Paulo, rogo a estes: "não quero, irmãos, que sejais ignorantes" (1ª Coríntios 12.1), mas que estudemos exaustivamente, leiamos apaixonadamente, nos deleitemos fervorosamente e defendamos veementemente as Escrituras, pois "toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2ª Timóteo 3.16 NVI). Assim, "conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR" (Oséias 6.3b), sabendo que este conhecimento só se dará através da Palava de Deus.

Referências:
[1] Dr. Mark Dever em "Pregação expositiva e Aplicação", uma Parte da série "Article" de 21 de agosto de 2009.
[2] citação de um texto escrito por Kevin DeYoung intulado "A doutrina das Escrituras" e postado originalmente no site The Gospel Coalition e traduzido pelo site iprodigo.com

10 de dezembro de 2010

Ao invés de doutrina, uma dor trina

Bocejos, olhos se fechando involuntariamente, conversas paralelas, desatenção, inquietações são alguns dos sinais que comprovam que estamos em um culto de doutrina, em algumas igrejas. Isso se dá porque nossos pregadores não são fascinantes? não necessariamente, aliás, não existe uma regra para que todo aquele que prega seja um fascínio naquilo que faz. Isso se dá porque nossos "doutrinadores" não são bíblicos.
Textos fora de seus contextos, estórias repetidas, falta de objetividade, desconhecimento do contexto histórico de uma passagem específica, linguagem pesada e sofrível, "eisejeze" utópica e nenhuma noção do que seja pregação, são algumas das características de alguns pregadores que vem "dortrinando" algumas igrejas por aí. Os crentes que apreciam uma boa pregação bíblica, ao invés de "doutrina", recebem uma dor-trina: cansaço, desânimo e tristeza.
O resultado de tudo isto é: templos vazios, ignorância bíblica, igrejas doentes, falta de argumentos coerentes e bíblicos nas questões importantes, imaturidade espiritual, pastores cansados e um povo que nada tem de diferente do sistema do mundo; e tudo o que se cultiva é: legalismo, religiosidade fajuta e hipocrisia detestável.

Sua igreja está assim? cuidado, ela pode NÃO ser uma igreja.

Cleison Brugger.

4 de dezembro de 2010

Deixar Deus usar?

por Heber Campos

Deus não precisa pedir licença ao homem para agir dentro dele. Essa é uma obra divina que não deixa o homem ser autônomo nem independente. Infelizmente, mesmo em meios evangélicos, há aqueles que insistem no fato de o homem deixar Deus agir em sua vida, nas mais variadas áreas. Deus tem que ter a licença humana para poder trabalhar na sua criatura. Essa teologia fica expressa em vários hinos e cânticos que nossas igrejas cantam. Essas igrejas são educadas na fé pelas músicas que cantam e, muitas vezes, as que prevalecem são as que ensinam coisas erradas. E uma das coisas erradas é a de que Deus age com a condição de nós o deixarmos agir. - “Pois é ELE quem opera em nós tanto o querer como o realizar” (Fp 2.13).