30 de maio de 2011

Síntese pentecostal da Igreja Cristã durante os séculos (5)

 MOVIMENTO PENTECOSTAL - SÉCULO XIX

Em meio ao avivamento do século XIX nos Estados Unidos que começou em 1857 e se estendeu até perto do final do século), e que teve como protagonistas principalmente Charles Finney e Moody, as ocorrências de glossolália aumentaram. Eventualmente, pessoas falavam em línguas nas campanhas de Moody e Finney. Finney cria também em uma “segunda bênção”, mas, como Moody, não a vinculava às línguas. Nesse período, surgiu também o Movimento de Santidade ou Solenes, como é conhecido em inglês, de onde surgiria o Movimento Pentecostal no início do século XX.

Nessa época, R. B. Swan, pastor em Providence, Rhode Island (EUA), escreveu: ”Em 1875, nosso Senhor começou a derramar sobre nós de seu Espírito. Minha esposa, eu e alguns irmãos começamos a proferir algumas poucas palavras em uma língua desconhecida”. Em 1879, mais outro caso: um crente chamado Jethro Walthall, do Estado de Arkansas, falou em línguas. Quando o Movimento Pentecostal se inicia, o caso de Walthall é relembrado e ele escreve:”Quando tive essa experiência, nada sabia do ensino bíblico acerca do baptismo no Espírito Santo ou do falar em línguas”. Como Walthall, muitas pessoas passaram pela mesma experiência nos séculos anteriores, em sua devoção pessoal com Deus, mas por essa doutrina estar relegada naquele período, guardaram essas experiências para si.

Outro caso ocorreu na viagem do teólogo F. B. Meyer (1847-1929) à Estônia no final do século XIX. Meyer conta que visitou congregações baptistas e viu “uma poderosa ação do Espírito Santo”. Escrevendo a crentes em Londres, ele diz: “O dom de línguas é ouvido abertamente nas reuniões, especialmente nas vilas, mas também nas cidades. (...) O pastor da Igreja Baptista disse-me que muitas vezes as línguas irrompem em suas reuniões e, quando elas são interpretadas, têm como significado:”Jesus está vindo. Jesus está perto. Esteja pronto. Não seja negligente”. Quando as línguas são escutadas, incrédulos que porventura estejam na audiência ficam grandemente impressionados”.

Em 1880, na Suíça, uma crente chamada Mary Gerber declara que em momentos especiais de alegria, que descreve como “entregar o meu duro coração ao Espírito Santo”, entoa cânticos espirituais em um idioma que lhe é desconhecido. Anos depois, em visita aos Estados Unidos, Mary estava orando por uma amiga enferma quando começou a cantar e a profetizar fluentemente em inglês, para espanto dele e da sua amiga.

Um outro caso em especial ocorreu na Armênia, em 1880. Membros da Igreja Presbiteriana da vila de Kara Kala pediram a Deus um derramamento do Espírito Santo e vivenciaram um avivamento com línguas estranhas, revelações e profecias. Nesse avivamento, é profetizado um grande mover de Deus para o final do século, atingindo todo o mundo. Essa profecia cumpre-se com o advento do Movimento Pentecostal.
Todos esses casos foram apenas um prelúdio do que aconteceria em Dezembro de 1900 e que deu início ao Movimento Pentecostal.

Surgiram, no século XIX, os pregadores da “segunda bênção”. Homens de Deus como: Dwight Lyman Moody; R. A. Torrey; A. B. Simpson; Andrew Murray; A. J. Gordon; F. B. Meyer e Charles Grandison Finney que passaram a ensinar, à luz da Bíblia, que a nomenclatura bíblica “batismo no Espírito Santo” não era sinônimo de conversão, mas uma experiência subseqüente à conversão e que se caracterizava por ser um revestimento do poder do Alto para dinamizar o serviço cristão.

Moody, Simpson e principalmente Torrey enfatizavam que todo o cristão deveria buscar esse revestimento de poder. Porém, nessa época, os cristãos evangélicos ainda não entendiam que as línguas estranhas eram evidência externa do batismo no Espírito. Os pregadores da segunda bênção criam na contemporaneidade dos dons espirituais. Era comum ouvir registros de que em algumas reuniões havia línguas estranhas, profecia, cura divina, etc., mas nunca se vinculava as línguas ao batismo no Espírito.

Nesse período, grandes servos de Deus começaram a destacar-se, principalmente manifestando dons de cura. Alguns deles foram os norte-americanos: John Alexander Dowie; John Graham Lake e Maria Woodworth Etter. Lake foi curado em 1886, aos 16 anos, após oração de Dowie em seu Divine Healing Home (Lar de Cura Divina), em Chicago. Ele convertera-se em uma reunião do Exército de Salvação, mas passou a congregar na Igreja Metodista ainda adolescente.

Em 1891, John Lake casou com Jennie Stevens e dias depois descobriu que a sua esposa estava com tuberculose e uma incurável doença de coração. Durante anos ele orou por ela, até que, depois de ler Atos 10: 38, orou pela cura da sua esposa com fé na Palavra de Deus e viu o milagre acontecer. Era 28 de Abril de 1898. A partir dessa data, Lake não seria mais o mesmo.

Em 1907, sabendo do Avivamento da Rua Azusa, Lake jejuou pedindo a Deus o baptismo no Espírito com a evidência da glossolália. Ao final do jejum, recebeu a benção e iniciou o seu ministério evangelístico com manifestação da cura divina. Dirigido pelo Espírito, foi para a África do Sul. Antes de morrer, voltou aos Estados Unidos, onde continuou pregando até partir para a Eternidade em 1935. Quando isso ocorreu, as igrejas sul-africanas Missão de Fé Apostólica e Cristã Sião, ambas fundadas por ele naquele país, já contavam, juntas, com mais de 100 mil membros e 600 congregações na África do Sul.

Maria Woodworth converteu-se a Cristo em 1857, na Igreja dos Discípulos. Passou um tempo com os Quakers e depois voltou à Igreja dos Discípulos. Quando pregava em uma congregação da sua igreja, foi batizada no Espírito Santo com evidência de línguas estranhas. Como essa doutrina ainda não havia sido popularizada por Charles Parham, Etter entendera apenas que o revestimento do poder do Alto que recebera viera, nesse caso, acompanhado de línguas. Ela só foi compreender a experiência que vivenciara posteriormente sua pregação era acompanhada por visões, profecias, milagres, línguas e libertações. Quando o Avivamento de Azusa começou, Etter se juntou a ele.

Foi só com Charles Fox Parham que a doutrina do Batismo do Espírito Santo passou a ser entendida como é hoje. Foi ele quem resgatou a compreensão, bastante clara nos tempos apostólicos, de que as línguas estranhas eram evidência externa do batismo no Espírito.

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