6 de maio de 2011

A degeneração do púlpito

por Cleison Brugger

"Sabe, porém, isto, que nos últimos dias virão tempos difíceis" ( 2ª Tm. 3,1). Toda vez que leio estas palavras de Paulo, relaciono ao presente, ao século em que estamos. Sem dúvida, estamos atravessando por "tempos difíceis", na igreja e além dela. Uma das características destes tempos trabalhosos é a despreocupação com a biblicidade de nossos púlpitos. A sociedade contemporânea já está degenerada, e muitos pastores fazem a gentileza de degenerar também a qualidade e a cristocentralidade de seus púlpitos.

Quem é pentecostal, com certeza já ouviu temas de pregações do tipo: "grávidos de um milagre", "o DNA de Deus", "uma cidade chamada avivamento" (esse foi meu, rs) etc. Eu já ouvi muitas pregações com temas muito inusitados, quando não bizarros. Acompanhando estes temas, vem uma mensagem emocional, metafórica, apelativa e recheada de conjecturas, mas nada de essencialmente bíblico. Confesso que, ao longo destes 5 meses, não ouvi nenhum sermão expositivo, não obstante, devo ter assistido umas 5 pregações a respeito de Deuteronônio 28. Esta tem sido a realidade de muitas igrejas!

Ao olhar para isto, lembro das palavras de Jeremias, o profeta: "Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não da boca do SENHOR" (Jr. 23,16). Como dito acima, não é necessário pensar muito para saber o porquê de Deuteronômio 28 estar em alta: porque o texto, a parte de uma exegese correta, atende aos anseios materialistas e humanistas de uma platéia caída.

De igual forma, fazem alguns muitos pregadores pentecostais: se a pregação tem um tema chocante, se ele tem uma boa voz para gritar, se os clichês estão na ponta da língua e, no final da mensagem, houver gente caida no chão e pulando na igreja, beleza. Tudo o que eles querem é a agenda cheia e os convites chegando. E a vida espiritual da igreja? dura apenas as 2 horas do culto, do congresso ou da festividade.

John Ryle, em seu pequeno livro "Olhando para Cristo", disse: "Uma simples religião de domingo não é o suficiente. Algo que colocamos e tiramos com nossas roupas de domingo é impotente. Os homens sabem que há sete dias na semana, e que a vida não é feita só de domingos. (...) Eles querem algo que possam levar consigo neste mundo. O Cristianismo que o mundo requer, e que a Palavra de Deus revela, é de um tipo bem diferente. É uma religião útil para todos os dias".

Enquanto o mundo carece das inegociáveis verdades da Palavra de Deus, nossos púlpitos também estão carecendo. Se a nossa geração está degenerada, tanto mais estão os nossos púlpitos! enquanto tivermos profetas "falando da visão de seus corações", não teremos uma igreja socialmente impactante, nem moralmente exemplar, nem espiritualmente viva. Enquanto subir nos púlpitos jovens pregadores preocupados com o recheio de suas agendas, veremos uma igreja que é avivada aos domingos, mas que é morta pelo resto da semana. Se o púlpito estiver corrompido, a igreja também estará; se os profetas falarem mensagens pseudo-divinas, a igreja crerá num pseudo-Senhor. Parafraseando A. W. Tozer, "púlpito sem santidade, é a tragédia do cristianismo".

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