31 de agosto de 2010

Se o pastor souber...

por Cleison Brugger

Um dia desses, fui ao centro para tratar de alguns assuntos pessoais, e fiquei esperando por uma pessoa, pois tinha marcado com ela num local específico; no que estava esperando, olhei para a direita, e percebi que vinha em minha direção um jovem de uma igreja que eu costumava pregar, acendendo um cigarro e tragando por uma vez; contudo, quando ele me avistou de longe, jogou para longe de si o cigarro, e, passando por mim, abriu um sorriso sem graça e disse: "A paz do Senhor!" e eu olhei como quem estivesse distraído e abri um sorriso sem graça  igual o dele, sem nada dizer.

O fato acima só me fez ter mais certeza de algo que reitero há um bom tempo: muitos, dentro de nossas igrejas, não temem a Deus coisíssima nenhuma; eles temem ao pastor, ao líder do departamento, e até mesmo aquele simples membro da igreja, mas em nada temem a Deus! Podemos perceber isto olhando para igrejas fundamentalistas, legalistas e pseudo-moralistas que temos espalhadas por este Brasil afora. crentes tão presos a dogmas, tradições e listas do que podem ou não fazer, que seus "líderes espirituais" se sentem proprietários deles, e o pior: eles acreditam! Isso faz com que o temor a Deus e a sua palavra "vá para o brejo" e o temor ao homem passe a ser a bola da vez. Eles negligenciam Aquele que é o "Pastor e Bispo de nossas almas" (I Pe 2.25).
 Oh, como esse é um atalho perfeito e sem curvas para o inferno! Tememos o que vão achar de nós, como vão colocar a nossa atuação na reunião de ministério, mas a verdade é que muitos estão "pouco se lixando" para o fato de serem autênticos cristãos, e essa é a tragédia do cristianismo!

Como bem nos define Robert C. Sproul, muitos têm vivido um "ateísmo prático"; isso se dá quando vivemos como se Deus não existisse. Alguns até "crêem" que Deus exista, mas suas atitudes mostram desesperadamente o contrário. Até vão aos cultos de domingo, mas vivem em prol de seus desejos, afetos e vontades.

Infelizmente, é triste ver algumas igrejas crescendo! porque enquanto seus bancos estão cheios de crentes "submissos", muitos deles estão com o coração a passos largos de Deus.

27 de agosto de 2010

pastor John Piper estará no Brasil


 John Piper, pastor da Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis/Minnesota, EUA e um dos mais importantes autores cristãos da atualidade, estará pregando de 5 a 7 de outubro de 2011 na Conferência Fiel, que tradicionalmente ocorre em Águas de Lindóia, no interior paulista. Piper também estará pregando em São Paulo na Universidade Presbiteriana Mackenzie nos dias 7 e 8 de outubro de 2011. E no Rio de Janeiro ele pregará na manhã de 9 de outubro de 2011. Nessas duas ocasiões, pastores e líderes brasileiros oferecerão workshops tratando de temas vinculados aos escritos de Piper, assim como haverá o funcionamento de uma livraria, com a venda de livros das principais editoras evangélicas com bons descontos.
Esta semana, na terça-feira 24 de agosto, participamos de um encontro de pastores e líderes ocorrido nas dependências da Igreja Presbiteriana da Gávea, para formalizar uma aliança para alugar um espaço para receber este evento naquela cidade e estabelecer uma agenda de cooperação. Estas são as igrejas e ministérios representados por pastores e líderes que participaram deste encontro:
- Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida/Barra da Tijuca
- Assembléia de Deus Venda da Cruz
- Igreja Batista Betel de Mesquita
- Igreja Batista Bíblica da Tijuca
- Igreja Batista Central de Iguaba Grande
- Igreja Cristã da Aliança
- Igreja Presbiteriana da Gávea
- Igreja Presbiteriana da Piedade
- Ministério Atos 29

Depois de um tempo de apresentações, meditação na passagem da Escritura de 2Coríntios 5.14-21 e oração, Rick Denham, presidente da Fiel, falou um pouco sobre as oportunidades de missões e evangelização que se abrem aos brasileiros no estrangeiro. Mas enfatizou que somente por meio de uma recuperação doutrinal poderemos impactar o Brasil e o resto do mundo. Tendo falado um pouco sobre o bom testemunho que o ministério “Juntos pelo Evangelho” tem oferecido nos Estados Unidos, ele tratou da vinda de Piper como uma oportunidade para as igrejas representadas na reunião oferecerem um testemunho de unidade naquela cidade. Depois, Leonardo Sahium aprofundou os desafios de um testemunho de união numa cidade partida, como o Rio de Janeiro, conduzindo a parte final da reunião, onde os pastores decidiram por alugar um centro de convenções com capacidade para duas mil pessoas, onde ocorrerá o evento em outubro do próximo ano.
Para os próximos meses, mais detalhes serão oferecidos, seja da conferência Fiel que ocorrerá em 2011, como dos encontros na Universidade Mackenzie e no Rio de Janeiro. Mas, desde já, pedimos aos amados leitores que se lembrem não só do ministério da Fiel, mas destes preciosos amigos e irmãos do Rio, para que esta aliança firmada nesta semana frutifique debaixo da poderosa graça de Deus.

Fonte: blog Fiel

23 de agosto de 2010

O rico diálogo entre o pentecostalismo e o protestantismo histórico

Posto aqui um EXCELENTE texto escrito por Gutierres Siqueira, ao blog Cristo e Liberdade, do presbiteriano André Tadeu.
 
Em 1901 nascia o pentecostalismo moderno com o metodista Charles Fox Pahram. Mas 1906, com os cultos dirigidos por William Joseph Seymour, um descendente de escravos, o pentecostalismo se popularizou no mundo a partir de Los Angeles, nos Estados Unidos. No decorrer da história cristã, vários foram os momentos onde a manifestação dos dons espirituais aconteceram, mas a consolidação doutrinária e prática dos carismas se deu com o pentecostalismo de Seymour. Este artigo trata do crescente benefício para cristãos tradicionais e pentecostais de um diálogo sobre a manifestação do Espírito Santo na contemporaneidade.


Da rejeição ao abraço


O pentecostalismo nascente não teve boa recepção pelas igrejas tradicionais. O pioneiro William Seymour e sua turma eram espontâneos e barulhentos, além disso aceitavam ampla participação de leigos e mulheres na liturgia. Outro grande escândalo foi a associação de negros e brancos que louvavam a Deus juntos! No meio do racialismo reinante na Califórnia do início do Século XX, Seymour e os demais frequentadores dos cultos na Azuza Street quebraram muitos paradigmas. Não é à toa que a oposição ao pentecostalismo nas igrejas tradicionais não era mera discordância doutrinária, mas uma reação contra essas novidades.


Mas o tempo passou. O pentecostalismo mudou para melhor e para pior. As igrejas tradicionais também mudaram. O fundamentalismo cessacionista perdeu espaço, e poucos ainda associam o falar em línguas com uma ação demoníaca, como fez John MacArthur Jr no livro Carismáticos (Editora Fiel). E teólogos reformados como Vincent Cheung já sabem distinguir a teologia pentecostal produzida por nomes sérios como Donald Gee e Gordon Fee, das bizarrices de Kenneth Hagin e Benny Hinn.


Outros exemplos mostram com a pregação pentecostal ganhou espaço no protestantismo histórico. Wayne Gruden é um teólogo reformado que pode ser chamado de pentecostal, pois sua teologia dos dons espirituais é claramente aberta. O neocalvismo, do emergente Mark Driscoll, também abraça os dons espirituais como prática contemporânea. No Brasil, denominações evangélicas tradicionais, como a Igreja Presbiteriana Independente e Diocese Anglicana de Recife aceitam o valor dos dons espirituais para o exercício no culto. Não são igrejas que se tornaram “renovadas”, mas que deixaram o cessacionismo como teologia oficial. No contexto batista, por exemplo, o Rev. Enéas Tognini, pioneiro do movimento de renovação, é pastor emérito da Igreja Batista de Perdizes.

Em entrevista para o Blog Teologia Pentecostal, o bispo anglicano Robinson Cavalcanti afirmou:

A grande maioria dos líderes de peso na Comunhão Anglicana creem na contemporaneidade dos dons espirituais, temos um Movimento Anglicano de Renovação (Carismática), e a Conferência de Lambeth (que reúne os bispos do mundo inteiro) já aprovou uma Resolução nos exortando a uma aproximação positiva com o mundo pentecostal. Em nossa Diocese do Recife quase todo mundo é “mussarela e calabresa”, ou seja, meio histórico e meio renovado... [1]


Outros exemplos de interação podem ser mencionados. Hoje, vários eventos no país contam com presbiterianos e assembleianos juntos, o que mostra o avanço de ambos os lados. Anglicanos buscam os dons conforme orientação paulina (cf. 1 Co 14), enquanto pentecostais leem John Stott, J. I. Packer, C. S. Lewis e outros teólogos da igreja inglesa. Metodistas louvam cânticos de grupos advindos do pentecostalismo, enquanto pentecostais relembram suas raízes teológicas wesleyanas. E hoje há até um crescente movimento de pentecostais calvinistas.

A “Reforma Pentecostal”: Relembrando o Espírito Santo

A “reforma pentecostal” lembrou aos protestantes tradicionais que o Espírito Santo e a sua manifestação carismática não poderiam ser deixados de lado. A manifestação dos dons é uma expressão de comunhão, não tendo nada a ver com “cultos” extravagantes de um pseudopentecostalismo que domina o imaginário evangélico brasileiro. Mesmo existindo grupos fundamentalistas que rejeitam os pentecostais, é louvável o crescimento da influência teológica do pentecostalismo em relação a pessoa do Espírito Santo, ao qual o teólogo Francis Chan chamou de o “Deus esquecido”. Os pentecostais são aqueles que lembraram... Eis o grande benefício do pentecostalismo para o cristianismo.

Karl Barth, inclusive, comemorou o fato do Espírito de Deus e sua obra não cair no esquecimento do cristianismo contemporâneo:

Podemos declarar como auto-evidente que, quando falamos do Espírito Santo da mesma maneira como os profetas e os apóstolos o fizeram, estamos falando no mesmo sentido enfático e completo como quando falamos do próprio Deus. Os primeiros séculos após a era apostólica foram muito tardios em alcançar clareza sobre isto, do que em consideração à divindade de Cristo. E é bastante significante que, o mais novo protestantismo tenha, largamente, retornado à prática de falar do Espírito Santo como um poder espiritual pertencendo à história e carregando todas as marcas da humanidade. (grifo meu) [2]

É claro que o Consolador atua para apontar a Cristo, mas a pessoa e a obra do Espírito Santo não pode ser esquecida. O pentecostalismo trouxe de volta uma teologia do Espírito Santo, sendo assim, beneficiou a igreja cristã como um todo, pois como lembra Alister McGrath: “A atual redescoberta dos dons espirituais está relacionada ao movimento conhecido como pentecostalismo” [3]

Os pentecostais como alunos

Não só o pentecostalismo ensinou a cristandade a desejar os dons espirituais, como os pentecostais voltam para as igrejas tradicionais em busca de ensinamento e teologia consolidada. Os pentecostais sabem que o cristianismo não nasceu com William Seymour e nem mesmo com Lutero, mas que é uma história de dois mil anos. O senhor Jesus disse que sua Igreja nunca acabaria. Hoje, os pentecostais estão se voltando para a academia e deixando de lado o anti-intelectualismo que caracterizou o movimento por muitos anos. Em universidades como Mackenzie e Metodista, algumas salas tem os pentecostais como a maioria dos alunos.

Ou seja, assim deveria ser a cristandade como um todo. Um aprendendo com o outro, não somente os acertos, mas evitando os erros. O pentecostalismo só crescerá nos estudos produzidos no decorrer de dois milênios de cristianismo, assim com os demais cristãos serão beneficiados com a redescoberta da obra[4] operada pelo Espírito Santo.

Referências Bibliográficas:

[1] CAVALCANTI, Robinson. Pseudopentecostais e a distorção da Reforma. Blog Teologia Pentecostal, São Paulo, novembro de 2008. Disponível em: <http://teologiapentecostal.blogspot.com/2008/11/pseudo-pentecostais-e-distoro-da.html Acesso em: 21 ago. 2010.
[2] BARTH, Karl. Credo: Comentários ao Credo Apostólico. 1 ed. São Paulo: Novo Século, 2005. p 180.
[3] MCGRANTH, Alister E. Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica: Uma Introdução à Teologia Cristã. 1 ed. Shedd Publicações, 2005. p 161.
[4] Para um estudo resumido sobre os dons espirituais, leia o verbete “Dons do Espírto”, pelo teólogo pentecostal Gordon Donald Fee, em: HAWTHORNE, Gerald F. E MARTIN, Ralph P. Dicionário de Paulo e Suas Cartas. 1 ed. São Paulo: Edições Vida Nova, Paulus e Edições Loyola, 2008. p 410- 420.

17 de agosto de 2010

Ó Senhor, faça o meu trabalho!

 por Cleison Brugger

Nestes últimos tempos, temos vivido uma completa inversão de valores, e temos visto os reflexos desta inversão dentro das igrejas evangélicas. Muitas delas tem sido indiferente, cômoda e negligente, quando o assunto é obedecer ao chamamento de Cristo. Por esta razão, os imperativos de Jesus Cristo, tem sido a cada dia mais, negligenciado. Isso se dá porque queremos mostrar ao mundo quão igual nós somos, enquanto, segundo Martyn Lloyd-Jones, "a glória do evangelho é que quando a igreja é absolutamente diferente do mundo, ela invariavelmente o atrai."

Ouvi estes dias, num CULTO DE MISSÕES, a seguinte oração feita por um pastor:
"- Senhor, nós queremos almas. Traga as almas até nós; não veio nenhuma pessoa à frente, porque ninguém convidou! Traga as almas até nós!". Como isso soou estranho para mim. Orar deste modo é como dizer a Deus: "Faça o meu trabalho, ó Deus! Deixe-me no meu comodismo! Permita-me exercer a indolência!". Ora, o que aconteceu com o imperativo de Cristo em Marcos 16.15? Relembremos a ordenança que Cristo nos deu: "E disse-lhes: IDE por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." (Marcos 16.15). Isso parece claro para mim! Jesus falou isso com clareza, para que não restasse dúvidas. O certo seria a igreja sair e disseminar o evangelho de Cristo, e não Deus trazer "as almas" até nós, como se essa fosse uma tarefa para Ele realizar!

Temos vivido o tempo do "venha a nós". A oração do Pai-Nosso tem sido manipulada em razão de nossos supérfluos. Pessoas estão morrendo sem ouvir falar de Cristo, e nós estamos acomodados com os nossos supérfluos dentro de quatro paredes, e isso é completamente detestável. Estamos preocupados em "abrir células", estamos atarefados em "orar pedindo almas" e ainda temos o cinismo de dizer que Deus tem se agradado de nosso trabalho. Que trabalho? O que temos feito? Aliás, temos feito muita coisa, pena que nenhuma delas são as que Cristo nos mandou fazer.

A Bíblia diz: "Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? e como pregarão, se não forem enviados? como está escrito: Quão formosos os pés [pés para sair e anunciar, não mãos para pedir] dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem [se eles trazem é porque sairam para levar] alegres novas de boas coisas." (Romanos 10.14,15).

Isso é de difícil compreensão? Creio que não! Vamos parar de pedir para Deus fazer aquilo que Ele nos mandou realizar. Se apenas na oração estivesse a chave para ganharmos almas, Jesus nos teria salvo no Getsêmani, sem precisar ir ao Calvário. O nosso calvário é o mundo, vamos até ele!

15 de agosto de 2010

Não toque nos ungidos!

Aparência, popularidade, eloqüência, títulos, status, anos de ministério... Nada disso denota que alguém esteja sob a unção de Deus e imune à contestação à luz da Palavra de Deus. Muitos enganadores, ao serem questionados quanto às suas pregações e práticas antibíblicas, têm citado a frase em análise, além do episódio em que Davi não quis tocar no desviado rei Saul, que fora ungido pelo Senhor (1 Sm 24.1-6). Mas a atitude de Davi não denota que ele tenha aprovado as más obras daquele monarca.

Se alguém, à semelhança de Saul, foi um dia ungido por Deus, não cabe a nós matá-lo espiritualmente, condená-lo ao Inferno. Entretanto, isso não significa que devamos silenciar ou concordar com todos os seus desvios do evangelho (Fp 1.16; Tt 1.10,11). O próprio Jônatas reconheceu que seu pai turbara a terra; e, por essa razão, descumpriu, acertadamente, as suas ordens (1 Sm 14.24-29).

O texto de Salmos 105.15 em nenhum sentido proíbe o juízo de valor, o questionamento, o exame, a crítica, a análise bíblica de ensinamentos e práticas de líderes, pregadores, milagreiros, cantores, etc. Até porque o sentido de "toqueis" e "maltrateis" é exclusivamente quanto à inflição de dano físico.

É curioso como certos "ungidos", ao mesmo tempo que citam o aludido bordão em sua defesa quando as suas práticas e pregações são questionadas, partem para o ataque, fazendo todo tipo de ameaças. O show-man Benny Hinn, por exemplo, verberou:  
"- Vocês estão me atacando no rádio todas as noites. vocês pagarão e suas crianças também! Ouçam isto dos lábios dum servo de Deus. Vocês estão em perigo. Arrependam-se! Ou o Deus Altíssimo moverá sua mão. Não toqueis nos meus ungidos..." (citado em Cristianismo em Crise, CPAD, p.376). Isso é prova de um homem que não se garante na tal "unção", mas apela para os clichês extra-bíblicos e se apoiam na compaixão e defesa de seus ouvintes (ou fãs?) alucinados.

13 de agosto de 2010

Uma igreja aberta para o novo.

 por Cleison Brugger

Toda igreja que se preze tem divergências, sejam elas teológicas ou puramente ideológicas. Digo isso, pois já haviam divergências na igreja primitiva (Atos 15. 1,2), contudo, tais divergências não foram impecílios para o agir de Deus no seio de sua igreja, pois a essência da graça na vida da igreja supera toda e qualquer falha a nível humano.

Um sinal de que na igreja existe a plena atuação do Espírito Santo, é quando nela existe liberdade de expressão; uma igreja aberta para discussões teológicas ou até mesmo discussões de idéias afins, é uma real prova de que a mesma enseja soluções. A liberdade de discutir - concordando ou não - é sinal de que realmente somos irmãos e de que há liberdade entre nós.

Infelizmente, em alguns círculos evangélicos, existe uma não pequena discriminação, com o membro que tem uma opinião divergente da massa. Algumas igrejas são tão misoneístas (contrárias aquilo que é novo), que concentram seus ideais na cúpula eclesiástica. Tais igrejas mostram claramente que não provaram, muito menos vivem a liberdade que há em Cristo Jesus; nessas igrejas, os membros não tem a sadia liberdade de pensar, ponderar ou expressar suas opiniões, mas são manipulados, e assim, acabam infelizes, medrosos, sentindo-se culpados todas as vezes que pensam ou agem de forma diferente. Em tais situações, a vida deles se torna uma farsa, pois não é autêntica, nem cristã, nem desejável.

Infelizmente, muitas igrejas se tornam superficiais, porque não há abertura para o confronto ideológico. Um fato histórico que, para mim, mostra uma liberdade de expressão plausível, foi no início da déc. 10, com a chegada dos missionários disseminadores da doutrina pentecostal no Brasil, Daniel Bérg e Gunnar Vingren. A Igreja Batista de Belém-PA, aceitou (ainda que forçosamente) que alguns de seus membros aderissem a doutrina pentecostal, não sendo agressiva quanto à disseminação daquela "nova doutrina", mas respeitando a escolha que alguns de seus membros fizeram, ao aceitar aquela nova idéia vinda dos EUA; ao excluir os membros que aderiram ao pentecostalismo (o que foi perfeitamente claro), prosseguiu com sua linha tradicional, enquanto os membros excluidos começaram a caminhar os passos pentecostais. Isso é prova da atuação viva, eficaz e operante do Espírito Santo, na vida de sua igreja, pois onde Ele está, aí também há liberdade (2Co. 3.17).

Até mais...

Cleison Brugger.

8 de agosto de 2010

Lamúrias de um pentecostal biblicocêntrico.

por Cleison Brugger

Talvez alguns me considerem um anti-pentecostal, mas se for para concordar com as aberrações que tem norteado o arraial pentecostal, prefiro ser considerado assim.
Nos últimos anos tenho sido muito crítico; crítico pela leitura, crítico pela realidade que me perpassa, pois tudo o que vejo no meio da igreja pentecostal hoje é movimento, não avivamento.
A postagem abaixo mostra claramente como vão minhas discordâncias com as aberrações que, no seio de algumas igrejas, são consideradas "normais", afirmando que tais coisas são frutos da "unção do Espírito Santo."

Cinseramente, há um tempo eu me cansei. Cansei de meninices, cansei de infantilidades e atrocidades cometidas em nome de Deus. Cansei de ouvir: "-Eis que ELE manda dizer!", enquanto Ele, nada disse (Jeremias 23.21), e graças a Deus sei que não sou um crítico que só sabe falar mal das coisas, pois o Senhor está ao meu lado, pela sua Palavra que diz: "Portanto, eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que furtam as minhas palavras, cada um ao seu companheiro. Eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que pregam a sua própria palavra e afirmam: Ele disse." (Jr. 23. 30,31).

Creio piamente, declaro aqui, nos dons sobrenaturais dados pelo Espírito Santo, como também creio no batismo no Espírito Santo; não sou um cético a este respeito. O que eu não consigo concordar, muito menos admirar são as "macaquices cristianizadas" que tem imergido no meio da igreja pentecostal; "há um pequeno avivamento acontecendo!", acreditam eles, mas tudo o que acontece não passa de coisas temporais e emocionalismos que se afloram nos momentos "de pico" no meio do culto, nada mais!

Estou cansado do "pegue na mão do seu irmão!", estou enfadado do "vire pro irmão que está ao seu lado!", estou enojado do "profetize para este crente que está à sua frente!", estou enfastiado com o "Deus vai mudar a sua história e vai te exaltar!", estou aborrecido com o "Abra esta boca de profeta e dê um grito de glória!", etc. Infelizmente, há muito, alguns cultos pentecostais tem se reduzido a isto!

Hoje ouvi dizer de uma "prega-dor (a)": "Quando eu vou numa igreja fria da vontade de sair correndo!" e ainda: "Estes crentes que não gosta de barulho não vão pro céu, porque lá é barulhada! Vá se acostumando crente!" .. e se há algum crente quieto no culto, prestando atenção na "pregação" (?), o indivíduo possuidor do microfone tem que lançar as piadinhas pentecostecas: "Não, porque tem crente que parece um picolé na igreja: gelado que só! Mais só tem o Espírito Santo que dá glória a Deus alto!" . O engraçado é que, saindo daquele culto, e passando um dia ou dois, nós vemos que TUDO o que alí aconteceu não passou de fogo de palha, pois não houve mudança, transformação, nem sequer arrependimento; Ora, cadê a igreja "quente" do domingo, do congresso, da conferência, da festividade? É triste ver como as pessoas ficam inflamadas no domingo, mas depois se transformam em cristãos invisíveis pelo resto da semana!

Nossas pregações não têm trazido libertação real, muito menos arrependimento ou uma real conversão; ao contrário, têm trazido mais infantilidade/imaturidade espiritual, mais movimento e mais pirotecnias que em nada edificam. Como disse Charles Spurgeon: "A pregação que deixa de fora a cruz é a chacota do inferno." e ainda: "O sermão que não conduz a Cristo, ou do qual Jesus Cristo não é a essência, é o sermão que faz rir os demônios no inferno". Existem diferenças entre o sensacionalismo e o poder de Deus: O primeiro apenas exalta as emocões; o segundo muda o caráter.

Estou cansado de tudo isto, e louvo cinseramente a Deus por estar cansado destas coisas, pois persistir em erros é ignorância. Somente oro para que o SOLA SCRIPTURA volte a ser primazia na igreja.

7 de agosto de 2010

A Assembleia de Deus e o movimento neoassembleiano

Imagem retirada do Portal CPAD NEWS, como também o texto abaixo transcrito, de autoria do pastor Ciro Sanches Zibordi.

Sou contra — por que a Palavra de Deus também o é — ao movimento neoassembleiano, que é experiencialista e prioriza manifestações como “cair no poder”, “unção do riso”, “unção do leão”, “unção da lagartixa”, além da ênfase exagerada à prosperidade financeira, que muitos chamam de uma “unção financeira dos últimos dias”.

Como tenho dito em meus livros editados pela CPAD, pessoas sinceras e tementes a Deus estão certas de que o “cair no Espírito” e a “unção do riso” são bíblicos. E algumas se apegam ao fato de manifestações similares às mencionadas terem ocorrido na Rua Azusa, em Los Angeles, no começo do século XX, e no início da Assembleia de Deus no Brasil. Mas é claro que as experiências relacionadas com o reavivamento do Movimento Pentecostal não se comparam com as aberrações que vemos hoje.

Naquela época, não havia paletó e sopro “ungidos”, empurrões “sutis”, uivos, rugidos, latidos, pessoas rastejando pelo chão, grudadas na parede, etc. Além disso, não se deve supervalorizar as experiências vividas pelos pentecostais do começo do século XX, a ponto de as equipararmos às incontestáveis verdades da Bíblia. Devemos, sim, respeitar os pioneiros, mas a nossa fonte primacial, precípua, de autoridade tem de ser a Palavra de Deus.

O “cair no poder”, a “unção do riso” e manifestações afins não se coadunam com os princípios e mandamentos contidos em 1 Coríntios 14. Essas manifestações aberrantes não edificam (v.12); contrapõem-se ao uso da razão, necessário num culto genuinamente pentecostal (vv.15,20,32); levam os incrédulos a pensarem que os crentes estão loucos (v.23); e promovem desordem generalizada (vv.26-28,40).

Muitos neoassembleianos, defensores dessas manifestações, dizem que estão na liberdade do Espírito, porém o texto de 1 Coríntios 14 não avaliza toda e qualquer manifestação. No culto genuinamente pentecostal deve haver julgamento, discernimento, análise, exame (vv.29,33). Por isso, no versículo 37, está escrito: “Se alguém cuida ser profeta ou espiritual, reconheça que essas coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor”. Leia também 1 Tessalonicenses 5.21 (ARA); João 7.24 e 1 João 4.1.

Não tenho dúvidas de que o Senhor opera milagres extraordinários em nosso meio. Ele é o mesmo (Hb 13.8). Mas o que temos visto hoje em algumas Assembleias de Deus são práticas viciosas e repetitivas. Jesus curou um cego com lodo que fez com a sua própria saliva, porém Ele não metodizou esse modo de dar vista aos cegos. A obra de Deus surpreende, impressiona, positivamente, e deixa todos maravilhados (Lc 5.26). As falsificações são viciosas, premeditadas, propagandeadas, a fim de que o milagreiro receba a glória que é exclusivamente de Deus (Is 42.8).

O “cair no poder”, a “unção do riso” e outros “moveres” não têm apoio das Escrituras e não podem ser equiparados ao batismo com o Espírito Santo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, mencionado com clareza na Palavra de Deus (Jl 2.28,29; Mc 16.15-20; At 2; 10; 19; 1 Co 12-14, etc.). Por isso, os neoassembleianos recorrem a passagens que nada têm que ver com o assunto.

Citam textos como 2 Crônicas 5.14 e 1 Reis 8.10,11 e dizem, com a boca cheia: “Os sacerdotes não resistiram a glória de Deus e caíram no poder”. Que engano! Veja o que a Bíblia realmente diz: “E sucedeu que saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a Casa do SENHOR. E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR enchera a Casa do SENHOR” (1 Rs 8.10,11). Observe que eles saíram do local; não ficaram ali caídos. Não houve também um “arrebatamento em grupo”.

A frase “não podiam ter-se em pé” tem sido empregada de modo errôneo e abusivo pelos neoassembleianos. Eles a interpretam como “caíram no poder”. Mas ela, na verdade, denota que os sacerdotes “não puderam permanecer ali”, o que fica ainda mais claro na versão Almeida Revista e Atualiza (ARA). Eles não suportaram permanecer no local ministrando! Não tinham como resistir a glória divina presente ali. Por isso, não permaneceram no local. Onde está escrito que eles caíram no poder?

Outro texto citado erroneamente em abono às manifestações neoassembleianas é João 14.12, pelo fato de mencionar “coisas maiores” do que as realizadas por Jesus. Mas o termo “obras” (gr. ergon) significa: “trabalho”, “ação”, “ato” (VINE. W.E., Dicionário Vine, CPAD, pp.764,827), e não “milagres” ou “manifestações”, estritamente. Essas obras maiores incluem tanto a conversão de pessoas a Cristo, como a operação de milagres (At 2.41,43; 4.33; 5.12; Mc 16.17,18). Exegeticamente, são obras maiores em número e em alcance. Dizem respeito à quantidade em lugar de qualidade. João 14.12, por conseguinte, não avaliza truques, trapaças, experiências exóticas e antibíblicas, além de fenômenos “extraordinários” (cf. Dt 13.1-4; 2 Ts 2.9; Mt 7.21-23).

O paradigma, o modelo, dos pregadores da Assembleia de Deus deve ser o Senhor Jesus Cristo, que andou na terra fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo porque Deus era com Ele (At 10.38). É perigoso quando resolvemos ter um ministério “sem limites”, em que nada pode ser contestado, à luz da Bíblia. Tudo deve, sim, ser regulado, controlado pelo Espírito Santo e pela vontade de Deus esposada em sua Palavra (Mt 7.15-23; 1 Jo 4.1; 1 Ts 5.21; 1 Co 14.29; Jo 7.24, etc.).

Na Palavra de Deus não há nenhum fundamento para o “cair no poder” e outras aberrações. O Senhor Jesus nunca derrubou ninguém. Ele não arremessa pessoas ao chão mediante sopros “ungidos” e golpes de paletó. Quem gosta de lançar as pessoas ao chão é o Diabo (Mc 9.17-27). Em Lucas 4.35, está escrito: “E Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te e sai dele. E o demônio, lançando-o por terra no meio do povo, saiu dele, sem lhe fazer mal”. Jesus, o maior Pregador que já andou na terra, e seus apóstolos nunca impuseram as mãos sobre pessoas para levá-las ao chão. Eles jamais sopraram sobre elas ou lançaram parte de suas roupas a fim de derrubá-las.

Considero importantes os milagres e as curas, no nosso meio, Mas, na hierarquização feita por Deus, o Ministério da Palavra tem prioridade (1 Co 12.28; Jo 10.41). Os sinais, prodígios e maravilhas devem ocorrer naturalmente, como consequência da pregação do Evangelho (Mc 16.15-20). E Deus precisa estar no controle, sempre. Mas hoje há muita imitação, falsificação, misticismo no meio dito assembleiano, que é na verdade neoassembleiano.

“Converte-nos, SENHOR, a ti, e nós nos converteremos; renova os nossos dias como dantes” (Lm 5.21).

Ciro Sanches Zibordi