23 de novembro de 2010

Autoridade, não tirania!



Há um tempo constatei que, se alguém é chamado pelo seu líder ou pastor, para assumir um cargo ou para fazer determinada coisa, este alguém não está sendo convidado, muito menos solicitado ou questionado se quer ou não, mas sim, ele está sendo convocado! Ai dele se disser não, e ai mesmo! Este ano, pude ver um pastor presidente envergonhar um obreiro [e sua família], em pleno culto de domingo, simplesmente porque o tal não atendeu a uma "ordem" dada pelo pastor. Depois disso, vi obreiros que concordavam com tudo o que o pastor dizia, não pela sua "autoridade", mas por medo de serem envergonhados publicamente, como foi o obreiro "rebelde". Assim, você tem toda a liberdade de ser obrigado a fazer o que te mandarem.

É incontestável que pastores possuem autoridade, afinal, eles ministram sobre um rebanho e é de suma importância que eles exerçam o ministério com temor e autoridade, mas lembre-se que ter autoridade NÃO É, de forma alguma, ser prepotente ou abusar do poder, como também, esta autoridade não é uma forma tirana ou ditatorial de governo. O escritor da epístola aos hebreus alerta aos pastores, que exerçam o ministério com alegria, que segundo John Piper, é um indício do amor:
"Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles" (Hb. 13. 17a). - esta exortação é para a igreja, ou aqueles que estão debaixo de uma liderança, para que obedeçamos nossos líderes e nos submetamos a autoridade que eles obtêm.
"Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas" (vv.17b). - Perceba no verso a frase: "Como quem deve prestar contas". Isso prova que, embora a igreja esteja sob a autoridade de um pastor, a tal não é dele, mas sim, do Senhor, que deve ser a autoridade MAIOR e FINAL na igreja de Cristo.
"Obedeçam-lhes, para que o trabalho deles seja uma alegria e não um peso" (vv.17c). - perceba que quando nos submetemos a autoridade de nossos líderes, estamos fazendo com que eles se alegrem no exercício deste serviço.
"Pois isso não seria proveitoso para vocês" (vv. 17d - NVI). - quando a autoridade de um líder é depreciada, temos um pastor frustrado e uma igreja doente.

O apóstolo Pedro nos fala ainda mais claramente sobre isso. Pedro, falando aos presbíteros que estavam entre os cristãos dispersos, lhes comunicou: "Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho" (IPe. 5. 2,3 - NVI). Que bela exortação o apóstolo Pedro está dando àqueles presbíteros! Pedro roga aos irmãos que exerçam o ministério com disposição, sem querer recompensas terrenas (pois já uma celestial lhes será dada, vv.4), não como dominadores, mas como exemplo [de serviço, de caráter, de humildade...] para o rebanho. A palavra "dominadores" no original grego é "katakurieuo" e significa: manter em sujeição, dominar sobre, exercer senhorio sobre outro. Pedro repudia o pastor que assim lidera um rebanho. De acordo com John Huss, "a autoridade de um líder religioso vem de seu caráter e não da sua posição".

Contudo, podemos constatar que muitos pastores em nossos dias não estão seguindo o conselho apostólico, mas pastoreando como bem entendem, levados pelo seu bel-prazer, com interesses escusos, como donos da igreja de Cristo e possuidores da autoridade final. Estes tais provam claramente que jamais foram chamados pelo Supremo Pastor (IPe. 5.4). Quantos pastores, ao invés de serem respeitados pela igreja e pelos obreiros, são temidos? quantos pastores desaprovam àqueles que não dançam a música que eles querem que toque? quantos obreiros não foram disciplinados, excluídos e colocados "no banco", porque não atenderam o "pedido" do "homem da cadeira central"? Isso não é exercer o ministério com amor, muito menos com humildade, mansidão, rendição e temor; menos ainda isto é ter autoridade! Contudo, esta é a maneira mais falaciosa de exercer o serviço com prepotência, arrogância e discaramento. Desses, eu quero distância, e o Senhor também o quererá naquele Grande dia (Mateus 7. 21-23).

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