Uma das coisas mais estúpidas que já acreditei em termos de religião, foi que a composição da população do céu podia ser mensurada pelo número de pessoas que dissessem sim a um apelo de conversão a Jesus Cristo, feito nas bases da tradição do cristianismo protestante evangélico anglo-americano.
Traduzindo: se você acredita que irão para o céu somente as pessoas que aceitam a Jesus como salvador, depois de ouvir o evangelho pregado à partir da cultura anglo-americana, então você está em apuros: o seu céu é pequeno demais; o seu Deus é pequeno demais; o seu Cristo é pequeno demais; o seu evangelho é pequeno demais; o seu Espírito Santo é pequeno demais; o seu universo de comunhão é pequeno demais; seu projeto existencial é pequeno demais; sua peregrinação espiritual é pequena demais.
É urgente que se articule uma outra maneira de convocar pessoas para que se coloquem a caminho do céu. Uma convocação que considere que “nem todo o que me diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus” - mateus 7. 21. Uma convocação que re-signifique o conceito de céu, que deve deixar de ser um lugar geográfico em outro mundo para onde se vai após a morte, para significar uma dimensão de relacionamento com o Deus Eterno, para a experiência contínua do processo de humanização: estar em Cristo, ser como Cristo, habitar com Ele.
Com isso, quero dizer que o convite para aceitar Jesus como salvador apenas como credencial para ir ao céu, não é a melhor convocação, muito menos a melhor alternativa. A melhor convocação é um chamado para se tornar uma outra pessoa, um novo homem. A peregrinação espiritual cristã não é uma migração de um lugar para outro, mas de um estado de ser para outro. Nosso destino não é o céu. Nosso destino é Cristo. E tenho certeza de que muita gente vai chegar lá, mesmo sem nunca ter ouvido falar do plano de salvação desenvolvido pelos teólogos sistemáticos anglo-americanos.
Ed René Kivitz
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