Texto de Gutierres Siqueira, editor do Blog Teologia Pentecostal
Um das mais importantes descobertas que eu fiz foi desta verdade: Deus é mais glorificado em mim quando eu estou mais satisfeito nEle. Este é o motor que impulsiona o meu ministério pastoral. Ele afeta tudo o que eu faço. (John Piper) [1]
Muitas vezes medito sobre a sinceridade do meu cristianismo. Será que serviria a Deus sobre qualquer circunstância? Diante da fome, do medo, da perseguição, da tragédia? Penso com muito temor sobre a profundidade de minha fé. Será que “Deus é tudo para mim” como expresso nos cânticos? Essas perguntas me perseguem desde o início da minha fé. E nunca quero me desfazer delas. Não porque tenho prazer na dúvida, mas sim porque essas questões me ajudam a manter vigilância sobre a minha espiritualidade.
Fico estremecido diante do poema de Teresa de Ávila, que em poucas palavras expressou a essência de realmente ter Deus como a porção de sua herança:
Ó Senhor,
Se Te procuro interessada no Paraíso,
exclua-me do Paraíso;
Se Te procuro por medo do inferno,
queima-me nas chamas do inferno;
mas se eu Te procuro por amar a Ti,
então, ó Senhor, não escondas de mim a tua formosura.
Penso que a descoberta de John Piper, na frase que abre esse texto, expressa uma grande verdade. Deus só é glorificado quando nós estamos satisfeitos nEle. Quando o amamos pelo que Ele é, e não simplesmente pelo que Ele faz. Essa verdade foi esquecida há muito tempo pela igreja evangélica brasileira, que faz de Deus um mero quebra-galho, que só serve para resolver as nossas encrencas. A relação não é de filho, mas sim de mercenário.
Quem ama somente baseado na necessidade, simplesmente vive o efêmero. O filósofo C. S. Lewis escreveu uma grande verdade: “O amor-necessidade... não dura mais do que a necessidade” [2]. Quem busca a Deus pelas bênçãos e assim continua, nunca se firmará na Rocha Eterna. Estamos diante de uma escolha, que é amar a Deus verdadeiramente.
O profeta Habacuque expressou esse amor:
Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação (Hc 3. 17-18).
Nota e Referência Bibliográfica:
[1] Veja: PIPER, John. Desiring God: Meditations of A Christian Hedonist. 1 ed. Oregon: Multnomah Publishers, 2003. p 399.
[2] LEWIS, Clive Staples. Os Quatro Amores. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009. p 22.
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