19 de fevereiro de 2011

O nojento paradoxo assembleiano

recomendo a leitura deste post para um melhor entendimento deste aqui.
  por Cleison Brugger

O que  está faltando na mentalidade de alguns irmãos e obreiros nos círculos pentecostais, é  saber a diferença entre tirania e autoridade e os limites que esta segunda tem. Na igreja, não há ninguém que seja ou responda como Soberano, a não ser nosso Senhor, que é o Cabeça da igreja (Cl 2,18-19; Ef. 4,15-16). Outrossim, é insuportável a ideia de ter que "ajudar" a quem não precisa ou àquilo que não é importante. Enquanto antes, a prioridade da igreja estava em cumprir o que escreveu o apóstolo Tiago: ”a religião pura e imaculada para com nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos, e as viúvas nas suas aflições, e guardar-se incontaminado do mundo” (Tg 1, 27), existem pastores em nosso meio que asseveram que devemos ajudar de outra forma.

O ap. Pedro, escrevendo aos presbíteros, disse: "não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho" (I Pe. 5, 3), mas não é isso que temos visto. Sei de congregações que não possuem uma renda decente para bancar seus próprios custos, mas que são obrigadas a ajudar a mega-obra do templo central. Em muitos campos (é assim que chamamos os ministérios da Assembleia de Deus), a porção maior do rendimento bruto da pequena congregação vai para a Sede, ficando a congregação com 40% ou menos, e o templo central com a porção maior. Ora, a conclusão que tiramos disso é que as congregações (e sub-congregações) fundadas, ao invés de servirem como frentes de trabalho evangelístico, servem como filiais de uma empresa, em que o lucro dos dízimos e ofertas vai para o grande templo. Que paradoxo! a congregação que nada tem (muitas estão em condições precárias, subsistindo em templos mal construídos, de telha ou sapê), tem que ajudar o templo Sede a reformar sua fachada, a colocar ar-condicionado central ou elevador para dar acesso ao 4º andar da igreja. Um grande ministério da Assembléia de Deus em São Paulo, expoente do assembleianismo no Brasil, está construindo seu mega-templo com capacidade para milhares de pessoas, as custas de congregações que mal pagam suas contas de luz. Isso é honesto?

Mas se você ficou indignado com a construção de mega templos, fique mesmo quando chegar o aniversário do pastor presidente, pois mega-templos se constroem algumas vezes, mas o aniversário do dito cujo acontece todo ano. O engraçado é que ele não se contenta em ganhar uma caneta ou um pacote de lenços, mas tem que ser o mais fino terno ou o mais moderno notebook. Os obreiros que usam ternos surrados comprados em brechós, sapatos gastos e gravatas repetidas, tem que dar uma "ajuda de custo" alta, para comprar o 'humilde presente' do  pastor presidente, que só se contenta em vestir ternos de grife italiana e sapatos Louis Vuitton. E as 'irmãs das congregações' coitadas? gastam o que não tem para comprar o uniforme do congresso folheado a ouro (só pode ser, pelo preço), pois se não comprarem, não poderão participar do congresso e cantar junto com o coral feminino. Enquanto em suas congregações, o pastor chama a atenção por causa da roupa extravagante ou muita vaidade, ao chegar no templo central, encontram a esposa do pastor presidente (quando conseguem vê-la) na mais alta classe, isso porque na Sede a música é outra. Isso é certo? 

Neste ano, a Assembleia de Deus completa 100 anos que chegou ao Brasil, mas é muito ruim saber que muitos ministérios estão infestados disso que foi escrito acima. O meu desejo é que haja uma renovação, que nossos obreiros tenham voz ativa e que se levantem e falem sem ter medo das disciplinas e exclusões e parem de dar moleza para estes lobos devoradores, que nada mais são, do que o joio em meio ao trigo. Você pensa que o joio ou os falsos profetas são aqueles que só vão na igreja aos domingos? não se surpreenda se eu te disser que a maioria deles falam em nossos púlpitos toda semana. Não é hora para comemorações, ainda que tenhamos chegado aos 100 anos desta grande igreja, mas é hora de muita oração e renovação, pois de nada adianta semanas e mais semanas de oração, se não estamos dispostos a mudarmos nossas atitudes e partirmos para uma vida mais santa e uma igreja mais pura. Nossa igreja, logo que começou a se expandir pelo Brasil, ficou conhecida como a igreja da camada popular, dando valor e crédito ao pobre, consagrando obreiros humildes e levantando pastores presidentes que mal sabiam escrever; com tudo isto, era uma igreja ativa, atuante, cheia do Espírito de Deus e amante das almas perdidas. Que possamos voltar e dar ouvidos a composição de Paulo Leivas Macalão:"Assembleia de Deus, tu estejas humilde aos pés do Senhor; santidade convém a igreja, pra gozarmos celeste amor" (H. C. 144 - 3ª estrofe).

2 comentários:

Marco A Correia disse...

pastor,

Esta é a triste realidade das Assembleias de Deus. Infelizmente sou cético quanto a renovação, por isso estou pegando meu banquinho e saindo de fininho.

Cleison Brugger disse...

Olá amado irmão Marcos. Ainda não sou não um cético a respeito, talvez por crer que a Assembleia e Deus seja muito mais forte do que seus problemas. Creio que a renovação poderá chegar, um dia, às portas de nossa denominação. Pode ser utopia, mas eu acredito.
Graça e paz.

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