12 de março de 2011

Em defesa do "Teísmo Fechado"

 por Cleison Brugger  

Não é de hoje que os teólogos liberais do Teísmo Aberto aproveitam ocasiões como o terremoto no Haiti, os desmoronamentos e catástrofes no Rio de Janeiro e, neste dia 11, os cataclismos que devastaram a costa noroeste do Japão, para vociferar e defender a absurda tese de que Deus perdeu o controle da ordem natural criada, pois em algum momento da história abdicou do poder (isto, por amor, defendem eles) e agora, tudo o que ele pode fazer é sentar, chorar e lamentar, pois por amor às suas criaturas, ele "abriu mão" do controle da criação, não podendo fazer muita coisa, nem prever o que vem pela frente. Sinceramente, longe de mim servir a um deus tão pequeno como este. Na verdade, um deus que abdica ou "abre mão" de sua soberania mostra, claramente, que não quer ou não sabe ser deus. Para o puritano Stephen Charnock, ser Deus e ser Soberano são coisas inseparáveis; nas palavras do blogueiro Jorge Oliveira, um Deus que não transcenda o saber, o estar e o poder humano seria sempre um pequeno e fraco deus, portanto um falso deus.

A grande verdade, é que tais teólogos não precisam fazer muito esforço para provarem que não crêem no Deus da Bíblia, e sim, num deus filosoficamente criado e sentimentalmente controlado. O Deus das escrituras, o Deus criador e Soberano sobre a ordem criada, diz a respeito de Si mesmo: "Eu formo a luz e crio as trevas. eu faço o bem-estar e crio a calamidade; Eu sou o Senhor, que faz todas estas coisas" (Is. 45,7 - ESV).
Um genuíno cristão não pode crer que Deus é soberano ao dar a vida, mas não o é na morte; é poderoso para dar saúde, mas não tem autoridade para deixar de curar. Um verdadeiro cristão precisa crer que o Senhor é Aquele que faz "todas estas coisas" (vv. 7).


A questão que os teólogos liberais sempre levantam é aquela velha pergunta teísta: "Deus é onipotente mas não é bom ou é bom, mas não é onipotente?". De acordo com o pastor Maurício Zágari, "qualquer teologia que diga que um dos atributos de Deus é maior, mais presente ou mais importante do que outro, não é bíblica". Deus é um Ser perfeitamente harmonioso em todos os seus atributos. Robert C. Sproul magistralmente declara que "o plano de Deus nunca muda, porque Ele nunca muda e porque a perfeição não admite graus e não pode ser melhorada".
O que os adeptos do Teísmo Aberto adoram citar, é que um Deus amoroso não pode estar por detrás de tais cataclismos e avarias. Jung Mo Sung chega a declarar em seu twitter que "o Deus que intervém não é o mesmo que controla tudo. Pois, se Deus já controla tudo, não precisa intervir". Bem, julgo ter uma resposta bíblica para isto:
Logo após de Saulo ter tido um encontro com Àquele a quem ele perseguia (At. 9. 4,5), Ananias, um discípulo de Cristo em Damasco, foi orientando pelo Senhor a ir até a casa de Judas e impor as mãos sobre Saulo, para que este voltasse a ver (At. 9. 11,12). Ananias, perplexo em saber quem era o 'neo-converso', "informa" a Deus quem era o tal Saulo e quantos males havia causado a igreja de Cristo (At. 9,13). Deus, que não pára para consultar-nos e nem precisa de informações, diz a Ananias: "[...] Vai, porque este é para mim um vaso escolhido [...], e eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome" (At. 9. 15,16). Deus estava previamente avisando que Saulo, posteriormente chamado de Paulo, sofreria muito em favor do evangelho de Cristo. Contudo, este mesmo Paulo que, agora na posição de apóstolo, teve um ministério marcado por sofrimentos (físicos, materiais, espirituais etc), escreve à igreja entre os coríntios: "Porque, como as aflições de Cristo são abundantes em nós, assim também é abundante a nossa consolação por meio de Cristo" (2ª Co. 1.5). Ora, o mesmo Cristo que não somente previu, mas desejou e decretou que o apóstolo dos gentios iria "padecer pelo Seu nome", é o mesmo que o consola na abundância de suas aflições (1.3,5). 

Deus não é um ser arbitrário que somente ordena autoritariamente e se retira, mas é um Deus que, ao mesmo tempo que controla, intervêm, ao mesmo tempo que se ira, ama e ao mesmo tempo que envia provações, consola (Tg. 1. 2,4). Deus não deixa de ser o El Shaddai (Deus Todo-Poderoso - Gn. 17.1-20) para ser o Javé Jireh (O Senhor que provê - Gn. 22.13,14), nem deixa de ser o Javé Raah (O Senhor é o meu Pastor - Sl. 23.1), para ser Javé Tsidkenu (O Senhor justiça nossa - Jr. 23.6). Pelo contrário, o mesmo Deus Eterno que provê, que dá a paz, que santifica, é o mesmo que fere (Javé Nakeh - Ez 7.9), que é Senhor dos Exércitos (Javé Sabbaoth - 1Sm. 1,3) e que sempre, sempre, foi, é e será o Javé Shammah (O Senhor que está presente - Ez. 48.35). O mesmo Deus que permite que sejamos presos e julgados, como fez com Paulo, é também Àquele que nos assiste e fortalece, como fez com o apóstolo supracitado (2Tm. 4. 16,17). Quando os 'teimólogos' (teimosos + teólogos) aprenderem que o amor de Deus não diverge, mas converge com Sua soberania, eles, de fato, crerão num Deus muito maior, que não apenas ama e não apenas comanda, mas que tem Seu amor e Sua soberania perfeitamente nivelados.

Ao Deus que nada O assusta, abala ou surpreende, pois tudo é desejado e decretado por Ele, glória eternamente!

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