"É difícil para nós, membros da comunidade da Nova Aliança, compreendermos o significado destes poucos versículos: “Depois, Arão levantou as mãos para o povo e o abençoou; e desceu, havendo feito a oferta pelo pecado, e o holocausto, e a oferta pacífica. Então, entraram Moisés e Arão na tenda da congregação; e, saindo, abençoaram o povo; e a glória do SENHOR apareceu a todo o povo. E eis que, saindo fogo de diante do SENHOR, consumiu o holocausto e a gordura sobre o altar; o que, vendo o povo, jubilou e prostrou-se sobre o rosto.” Levítico 9.22-24
Imagine a apreensão de Israel durante a consagração dos levitas e do seu serviço no tabernáculo. Esta foi a primeira vez que Israel juntou-se como uma assembléia para sacrificar ao Senhor após o incidente do bezerro de ouro, Êxodo 32. O Senhor consumiria as ofertas no altar do tabernáculo após a edificação pecaminosa daquele outro altar? A glória do Senhor apareceria para todo Israel como havia aparecido a Moisés? Seria o terrível pecado de Israel um obstáculo grande demais para a aparição gloriosa do Senhor em meio a seu povo escolhido? Aparentemente não. Pois o Senhor consumiu as ofertas no altar e a Sua glória apareceu para todo Israel. O povo viu. Eles gritaram. E prostraram-se sobre seus rostos.
Naquele momento, Israel foi tomado por algo que a Igreja, hoje tem tido como certo, isto é, a gratuidade da presença de Deus. Muitas vezes esquecemos-nos das imagens dos Evangelhos que falam do preço inestimável que foi pago por nossa readmissão à presença divina: o escurecimento dos céus, o tremor da terra, o rasgar do véu, e o clamor apaixonado de nosso Salvador. Deus literalmente moveu os céus, e a terra para dar Seu Filho, de tal forma que pudéssemos nos deleitar participando de Sua glória, que será totalmente nossa no novo céu e na nova terra.
A gratuidade da presença de Deus, contudo, não vem sem uma parcela de responsabilidade. Pois quando Deus nos purificou de nossos pecados pelo sangue de Cristo, para que pudéssemos desfrutar da sua gloriosa presença, Ele também nos fez em um reino de sacerdotes, para o seu serviço e glória, Apocalipse 1.5-6. As repercussões deste ato são duplas: primeiro, a adoração não é algo que consumimos para preencher o vazio em nossos corações. De fato, a adoração é a ocasião em que oferecemos nossas vidas, como sacrifício vivo para Deus e assim somos consumidos por sua glória, tendo os desejos dos nossos corações transformados pela beleza e majestade de Deus. Em segundo lugar, o contexto da adoração – a Igreja – não deveria ser visto como um projeto sociológico, no qual experimentamos nossos diversos talentos e dons. Na verdade, a Igreja é uma dádiva divina, o corpo criado pela proclamação da Palavra e ajuntado pelo Espírito, que dá dons à Igreja para que sejam usados no ministério e no serviço.
A Igreja, portanto, não é algo que possamos experimentar de acordo com nossos gostos e preferências, procurando pela comunidade que melhor responda a nossos interesses e desejos. De fato, a Igreja é onde encontramos a presença transformadora de Deus, onde rendemos nossos corações e mentes com seus gostos, preferências interesses e desejos como instrumentos nas mãos de Deus para alcançar seus objetivos.
A mera existência da Igreja, é claro, nasce da graça e da bondade de Deus. Sendo assim, contemplemos esta dádiva, proclamemos com gritos de alegria e de adoração e nos prostremos humildemente, diante da gloriosa aparição de nosso Senhor.
John McAlister é arcediago na Igreja Pentecostal de Nova Vida – Catedral, organizada pelo seu avô Bispo Roberto McAlister e atualmente liderada pelo seu pai Bispo Walter McAlister Jr. Ele é Mestre em Teologia pela Wheaton College desde dezembro de 2005."
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