31 de outubro de 2011

"Não fiz nada: a Palavra fez e realizou tudo"

por Cleison Brugger
  
Neste dia, 31 de outubro, os protestantes têm um motivo muito especial para comemorar e agradecer a  Deus. Não, não é o dia das donas de casa (embora elas tenham o seu valor). Estou falando dos 494 anos da Reforma Protestante. Neste dia, o monge da ordem de Santo Agostinho Martinho Lutero afixou na porta da Catedral de Wittenberg, na Alemanha, 95 teses contrariando o sistema e as doutrinas que imperavam na Igreja Católica. Mas ele não foi lá porque tinha amanhecido com vontade de fazer uma coisa diferente, mas sim, porque antes, ele havia tido um encontro profundo com as Escrituras.

O texto bíblico que intrigou Martinho Lutero foi Romanos 1.17b: "O justo viverá da fé". Conta-se que Lutero viajou a pé até Roma em companhia de um monge. Passou um mês ali, tendo, inclusive, celebrado missas. Certo dia, subindo de joelhos a "santa escada", desejando a indulgência que o papa prometera a quem fizesse isso, Lutero ouviu ressoar em seus ouvidos o texto bíblico que o impressionara: "O justo viverá da fé". A experiência foi tão marcante que Lutero imediatamente se levantou e saiu envergonhado. De volta a Alemanha, entregou-se ao estudo das Escrituras. O que aconteceu a seguir, ele mesmo conta: 
"Desejando ardentemente compreender as palavras de Paulo, comecei o estudo da Epístola aos Romanos. Porém, logo no primeiro capítulo, consta que a justiça de Deus se revela no evangelho (vv.16-17). Eu detestava as palavras 'justiça de Deus', porque, conforme fui ensinado, a considerava como um atributo do Deus Santo que o leva a castigar os pecadores. Apesar de viver irrepreensivelmente como monge, a consciência me mostrava que era pecador perante Deus. Assim, odiava a um Deus justo, que castiga os pecadores (...) Senti-me ferido de consciência, revoltado intimamente, contudo voltava sempre para o mesmo versículo, porque queria saber o que Paulo Ensinava".

"Depois de meditar sobre o ponto durante muitos dias e noites, Deus, na Sua graça, me mostrou a palavra: 'O justo viverá da fé'. Vi então que a justiça de Deus, nessa passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus, pela fé, como dádiva. Então me achei recém-nascido e no paraíso. Todas as Escrituras tinham para mim outro aspecto; perscrutava-as para ver tudo quanto ensinam sobre a justiça de Deus. Antes, essas palavras eram-me detestáveis; agora as recebo com o mais intenso amor. A passagem me servia como porta do Paraiso".

Porque as Escrituras prendeu a atenção de Martinho Lutero que, no dia 31 de outubro de 1517, ele começou com o que foi chamado de "Reforma Protestante". Uma reforma só pode acontecer quando há volta a Bíblia, angústia em oração, lágrimas pelas madrugadas e devoção a Deus. Do contrário, ficaremos apenas no desejo ou nas palavras. Hoje, se ouve muito: "A Igreja precisa de uma nova reforma". Isso não é novidade. Mas a verdadeira pergunta é esta: "Quem, como Neemias, se levantará para reconstruir os muros da Jerusalém que está arrazada?" ou ainda "Quem é que tem tido um encontro tal com as Escrituras, que sintam uma profunda necessidade de comunicar isso ao pecadores e aos crentes frios que perderam o fervor no Espírito?".

Deus tem dito: "Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei" (Ez. 22.30), mas que os Isaías se levantem, com fome pela causa do reino e digam: "Eis me aqui, Senhor, envia-me a mim" (Is 6.8). Somente um verdadeiro encontro com Deus fará com que Jerusalém seja reedificada. A parte isso, de nada adiantará.

Sola Fide. Sola Gratia. Solus Christus. Sola Scriptura. Soli Deo Gloria. Amando estes pontos e seguindo-os, já estaremos começando uma grande reforma na igreja atual. "Levantemo-nos e edifiquemos" (Neemias 2.18b).

Os anos de ouro das Assembleias de Deus

Culto de Santa Ceia na antiga Assembleia de Deus no Campo de São Cristóvão-RJ, hoje ADMAF (Assembleia de Deus Missão Apostólica da Fé). Compõem a foto, pastores como Lawrence Olson (in memorian), Gesiel Nunes Gomes, Altomires Sotero da Cunha e Túlio Barros Ferreira (in memorian).
 Por Cleison Brugger

O que tenho sabido de pessoas querendo se desligar do rol de membros das Assembleias de Deus não está no gibi! dentre estas pessoas, há questões de todos os tipos: insatisfação, frustração, inadequação, perda de identidade, crise ou a simples procura de algo mais consistente ou, digamos, mais atraente. Não, não estou falando de novos convertidos. Estou falando de crentes que sentam nos bancos das Assembleias de Deus há, pelo menos, 10, 15, 20 anos. Crentes que conhecem bem o ministério em que estão, mas que não conseguem sair simplesmente pela afinidade que tem com os irmãos ou pelo amor que tem pela igreja. Uma característica positiva da Assembleia de Deus é que, na sua grande maioria, seus membros são fiés a ela, ou pelo menos eram. O que mudou?

É fato que a Assembleia de Deus cresce aos milhares todos os anos, contudo, boa parte dos novos membros que são adicionados são graças aos filhos dos crentes que, chegando aos 14, 15 anos, se decidem pelo batismo. Mas a bem da verdade, o número de membros das Assembleias de Deus está diminuindo. A Assembleia de Deus está perdendo seus membros, e não são para igrejas neopentecostais, mas na grande maioria, para igrejas históricas ou pentecostal monergista, como é o caso da Igreja Cristã Nova Vida. Os crentes estão procurando fora o que não acham (ou perderam) dentro. Esses dias, ouvi de uma irmã antiga de um ministério da Assembleia de Deus: "já não me sinto em casa neste ministério em que fui criada e que estou há tantos anos. Não me identifico mais com a igreja". Isso é realmente triste! a Assembleia de Deus é uma das ÚNICAS IGREJAS que consegue unir gerações e manter famílias por décadas, como é o caso da "família Malafaia", famosa pelo pastor Silas Malafaia, mas que já existia na AD muito antes de ele ser conhecido; a "família Nascimento", conhecida pelos grandes cantores que a compõem, a "Família de Paula" e tantas outras. O que houve? bem, creio ter algumas razões para este retrocesso:

1) Os cultos assembleianos não são mais os mesmos
Quem já participou de um culto em uma Assembleia de Deus na déc. 1970-80, não reconhece um culto assembleiano hoje. Havia uma valorização pelos hinos do hinário (a Harpa Cristã), uma importância era dada para o ensino e exposição das Escrituras, o Coral se apresentava, a banda ou a Orquestra também, os irmãos testemunhavam, era uma verdadeira festa na presença de Deus. Mas hoje, o hinário foi trocado pela "adoração" do Ministério de Louvor, o culto é cansativo pois dezenas de departamentos DEVEM cantar, são milhares de lembretes e avisos, ofertas para tudo e mais um pouco e um tempo mínimo para a Palavra, tempo este que o pregador quase nunca obedece e sempre passa do horário que o culto estava programado para terminar, que normalmente nas ADs, são às 21:00hs.

2) Cultos ao Ar Livre
Quem se lembra dos cultos ao Ar Livre, como eram chamados, que os irmãos faziam nas praças e calçadas? eu lembro e já tive a oportunidade de participar de muitos! parecia antiquado, mas pelo menos saíamos as ruas para propagar o evangelho. Diferente de hoje que, depois que construiram templos majestosíssimos, tudo o que o povo menos quer, é sair do conforto e alcançar o perdido onde ele realmente está.

3) Trocaram cultos apreciados pelos assembleianos, como os tradicionais "cultos de departamento", pelas "campanhas" e pelos "Culto de Libertação, ou da Vitória, ou do Milagre etc".
Quem lembra do "culto das crianças" ou do "culto da Mocidade" ou do "Culto da CIBE?" Eu adorava participar! se hoje desempenho algumas funções em minha igreja local, é porque aprendi quando criança nestes cultos abençoados. Mas, infelizmente, muitas igrejas trocaram estes cultos pelos "Cultos da bênção, da vitória, do milagre, da conquista, da libertação etc". A igreja vive em campanhas intermináveis! Infelizmente, é difícil, em nossos dias, passar em frente à uma Assembleia de Deus e não encontrar alguma faixa que anuncie alguma "campanha" ou algum "culto da Vitória" ou "do Milagre". Quem acostumou a comer bem, não comerá a miséria que hoje se tem dado.

4) Onde foram parar as vigílias?

Vigília. Esse era um dos cultos mais vibrantes nas Assembleias de Deus. Já perdi a conta de quantos cultos de Vigília já participei e de quantas madrugadas passei em oração e adoração com minha congregação local. Contudo, parece que as coisas mudaram, e para pior. Parece que alguns perderam o gosto pelas coisas de cima. Anularam as vigílias e ganhamos uma igreja fraquejante.

5) Pastores visitavam seus membros 
Era normal receber o pastor em casa. Isso começou desde muito cedo, ainda com Gunnar Vingren, Daniel Bérg e Nels Nelson. Eles visitavam seus irmãos e ovelhas, viam a situação de suas vidas, oravam com eles, aconselhava-os e faziam com que aqueles crentes se fortalecessem mais no Senhor e, no fluir disto, fossem bons crentes em suas igrejas. Mas, e hoje? muitos mal sabem o nome do pastor, simplesmente porque quando acaba o culto, ele corre para o seu gabinete ou para o seu carro importado. Visita no lar? bem, ligue para a secretaria e marque um horário com ele em seu gabinete, é a resposta que recebemos.

Você até pode dizer que estou sendo saudosista, e você não está errado! a Assembleia de Deus ainda possui em seu rol de membros, incontáveis senhores e senhoras da época de Paulo Leivas Macalão e Cícero Canuto de Lima. Qualquer mudança é fatal para eles! não quero dizer com isso que não devemos interagir com o nosso tempo, mas quero asseverar que os "bons contumes" devem permanecer nesta igreja que, outrora, era tão conceituada e tão amada pelos seus membros. Com muito lamento, sei que existem igrejas pelo Brasil completamente frias, paradas, que dormem. E, pouco a pouco, os crentes procuram outra casa espiritual, para que possam se refugiar. Há uma gama de crentes tristes, desanimados, sem o tão proclamado "fogo pentecostal" que arde em todo assembleiano. Isso não é culpa da igreja. Sem medo de errar, digo que isso é culpa da liderança, dos homens que sentam nas cadeiras do centro, nos púlpitos das ADs. Isso é culpa das brigas por ministérios, por presidência de convenção, da soberba de pastores, da imaturidade de líderes, do nepotismo que impera, da falta de discernimento espiritual. Liderança corrompida, corrói a doutrina e devasta a vida da igreja.

26 de outubro de 2011

Lançai sobre Ele seus problemas e pare de reclamar!

por Cleison Brugger

Pessoas reclamonas nos norteiam todos os dias. Reclamam de seus empregos, de seus filhos, de suas frustrações e de cada ponto de suas vidas. Alguém poderá dizer que reclamar é algo normal e outros assegurar que  é até uma atitude saudável. Bem, pode ser, mas creio que isto não se aplica aos cristãos que oram. Quem ora não tem do que reclamar, pois a partir do momento que oramos, os problemas deixam de ser nossos e passam a estar nas mãos de Deus. Se, depois de orarmos, continuamos a reclamar, fazemos isto sem direito algum, pois estamos reclamando daquilo que não mais nos pertence. Podemos reclamar quando os motivos da reclamação estiverem sob nosso poder, mas ao momento que colocarmos nas mãos do Altíssimo, deixamos de reclamar e passamos a confiar no Senhor e no seu incomensurável poder.  

O apóstolo Pedro escreveu em sua primeira epístola: "Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele, em tempo oportuno, vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós" (1Pe. 5. 6-7 - ARA).  É interessante notar como no versículo anterior (vv.5), o apóstolo orienta: "cingi-vos todos de humildade". Isso será importante para quando "em tempo oportuno - gr. kairós - "no tempo certo" -, ele nos exaltar" (vv.7). A exaltação de Deus, - não no sentido de engrandecer-nos, como alguns pensam e querem, mas de abençoar-nos - não nos deixa soberbos, porque "Deus resiste aos soberbos" (vv.5c), mas faz com que a nossa humildade permaneça, pois "aos humildes Deus concede a sua graça" (vv.5d). E então, voltamos ao que o apóstolo Pedro disse: "lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós" (v.7a). Preocupações pessoais, angústias familiares, ansiedade pelo presente, cuidados pelo futuro, por nós mesmos, por outros, pela igreja, tudo isso e mais um pouco, somos convidados a lançarmos sobre Deus. Somos instados a pararmos de reclamar e descansarmos em Deus. As Escrituras asseguram: Ele cuida de nós!

E como podemos lançar nossas ansiedades em Deus? podemos o fazer na oração. Mateus 6.33 diz: "Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo". "Buscar em primeiro lugar o reino de Deus" significa "saturar nossos pensamentos com Seus desejos". Isso é paralelo a Salmos 37.4 que diz: "deleite-se no Senhor, e Ele atenderá aos desejos do seu coração" (Sl 37.4 - NVI). O deleitar-se em Deus faz com que deixemos que as demais coisas sejam acrescentadas em nossas vidas pelo Senhor (Mt. 6.33b). Assim, nossa oração é agradável a Deus, não somente porque oramos, mas também, porque paramos para orar e cremos em sua provisão. Largamos as outras coisas e nos apresentamos diante do trono de Deus, por considerarmos este segundo infinamente mais importante que as demais coisas.

Portanto, quem vive reclamando, mostra que não confia em seu Senhor e não crê em seu infinito poder, pois quem descansa em Deus não tem motivos para reclamações e dores de cabeça, pois crêem que o Senhor é "galardoador daqueles que o buscam" (Hb. 11.6). Matthew Henry, em seu comentário sobre o cap. 6 de Mateus, disse: "A conclusão de todo o assunto é que é a vontade e o mandamento do Senhor Jesus, que pelas orações diárias possamos obter força para sustentar-nos sob nossos problemas cotidianos, e armar-nos contra as tentações que os acompanham e não deixar que nenhuma dessas coisas nos comovam. Bem-aventurados os que tomam o Senhor como seu Deus, e dão plena prova disso confiando-se totalmente a sua sabia disposição". Confiar e descansar - não reclamar! - é a ordem para nós!

Soli Deo Gloria.

17 de outubro de 2011

Cante as Escrituras - Conferência Rio de Janeiro.


Depois do Distrito Federal, é a vez do Rio de Janeiro receber uma conferência do Cante as Escrituras. Ela ocorrerá na Igreja Batista Central de Campo Grande, contando com a presença do João Victor (responsável pelo Aconselhamento Bíblico do Voltemos ao Evangelho), do Yago Martins (colaborador do Voltemos ao Evangelho) e do Renato Vargens (editor do www.renatovargens.com.br ). Tudo custará, como de costume, apenas 1 kg de alimento a ser entregue no dia do evento.  Se você mora longe e não tem como participar, vá em www.canteasescrituras.com/aovivo e veja toda a conferência online.

 P.S.: Em meio a tantas músicas sem Bíblia (e até mesmo sem noção!) no meio evangélico, o Ministério Cante as Escrituras tem se levantado contra esta mazela, sendo a favor da verdade das Escrituras em nossas músicas e da centralidade em Deus naquilo que cantamos. Este ministério tem andado pelo Brasil, por diversas denominações, fazendo conferências e despertando vidas para voltarmos a cantar as Escrituras. Para você que não conhece este ministério, acesse o site clicando aqui.

11 de outubro de 2011

Minhas considerações sobre John Piper no Rio de Janeiro

por Cleison Brugger

 Na manhã do dia 09/10 (domingo), deixei minha congregação local e fui em direção ao Centro de Convenções Rio Centro, onde aconteceria a Conferência "Juntos em Cristo", na qual o pastor americano batista-reformado John Piper pregaria pela última vez. "Juntos em Cristo" é uma parceria da Editora Fiel com diversas denominações do Rio de Janeiro, como a Igreja Cristã Nova Vida, Igrejas Presbiterianas, Igrejas Batistas, Assembleia de Deus em Venda da Cruz etc.
 
Na verdade, eu esperava menos, bem menos! esperava chegar num auditório qualquer, ouvir o tão esperado homem falar e logo em seguida, seríamos despedidos. Mas na verdade, a ministração de John Piper aconteceu apenas para somar. Na verdade, havia uma atmosfera espiritual ali que, atrevo dizer, nem mesmo o Dr. Piper pôde explicar.

Este domingo (09/10) foi muito especial para centenas de pessoas. Logo bem cedo, muitas pessoas se deslocaram de seus bairros e cidades, e foram em direção ao Rio Centro, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, local onde a conferência "Juntos em Cristo" aconteceria. À parte a péssima distribuição de transporte público no Rio, chegamos (eu e alguns amigos) ao local no horário combinado. Antes de chegarmos, ainda dentro do ônibus, haviam pessoas tensas porque iriam se atrasar para o evento. Eu, na verdade, fiquei muito surpreso e alegre. Como um homem do outro canto do mundo pode influenciar tanta gente? eis uma pergunta de difícil esclarecimento.

Ao chegarmos no Pavilhão 05, trocamos nossas fichas por um adesivo com o nome da conferência: "Juntos em Cristo". Por mais incrivel que fosse, era exatamente isso que estava acontecendo ali: presbiterianos, metodistas, episcopais, assembleianos, batistas, congregacionais, pentecostais e tantas outras pessoas de outros segmentos estavam ali unidas e reunidas com um só propósito: fazer com que a glória de Cristo pareça bela e seja o motivo de satisfação dos homens.

De início, fomos recebidos com uma calorosa recepção do pastor da Igreja Presbiteriana da Gávea-RJ e logo depois, oramos junto com o bispo primaz da Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida, Bispo Walter MacAlister.

Após alguns anúncios, agradecimentos e lembretes, louvamos a Deus com hinos sacros. Certamente, a maioria dos que estavam ali eram presbiterianos, mas foi surpreendente ouvir a massa cantando em uníssono.

Após a leitura devocional, que fora feita no adequadíssimo Salmo 133, paramos para ouvir o pastor John Piper. Piper falou sobre "O maior propósito do mundo: a alegria". Piper iniciou falando que ser sério não é o oposto de ser alegre: "O oposto de sério não é alegre, mas trivial e tolo. É possível estar cheio de alegria e ser sério. A busca pela alegria não é trivial, mas central. Não é opcional, é necessária. O propósito desta mensagem é explicar o por quê disto." Ele ainda disse que "a busca pela alegria é uma busca muito séria, e a nossa vida cristã depende disso". Falando sobre Hebreus 11.6, Piper nos ensinou que a "fé é aproximar-se de Deus para abraçá-lo como satisfação da fome que existe em nossas almas. Fé é estar satisfeito com tudo o que Deus é para nós, em Cristo Jesus". Terminou dizendo que "Deus não nos deixou sós em nossa busca de alegria, pois Ele sabe que somos pecadores que trocaram a glória de Deus por coisas terrenas. Deus enviou Seu Filho para superar todas as barreiras entre Ele e nossa alegria nele. A barreira da nossa culpa, da nossa justiça e da Sua terrível ira. "Devemos buscar nossa alegria em Jesus pois, fazendo isso, Ele é glorificado", disse, dando término ao último sermão pregado em solo brasileiro.

Depois de pouco mais de 1h30min. ouvindo o Senhor falar por intermédio de seu servo, participamos de algo que eu não imaginaria que haveria ali: a ceia do Senhor. Foi um momento singular na presença de Deus. Ao som de hinos como "Grandioso és Tu", "Castelo Forte" e "Nome bom", pudemos nos confraternizar com nossos irmãos e comungar de uma mesma fé, de um mesmo Senhor, de um só batismo e de um só amor. A ceia do Senhor foi celebrada pelo pastor John MacAlister, pastor da Catedral da Igreja Cristã Nova Vida no Recreio, e filho do Bp. Walter MacAlister. Naquela celebração, pudemos sentir quão indiferente são nossas questões teológicas, denominacionais e administrativas, tendo em vista o Espírito que nos úne.

Foi maravilhoso saber que Deus está derribando as barreiras que nos separam. Arminianos param para ouvir calvinistas. Calvinistas oram juntos com arminianos. Presbiterianos abraçam assembleianos. Batistas sorriem com risos sinceros para congregacionais e metodistas. Quero crer que isso é o início de um avivamento na igreja carioca e brasileira. Naquela reunião, vimos que, de fato, o povo de Deus está junto, em Cristo e por Cristo. Que Deus abençoe a Editora Fiel, que tem sido um grande baluarte em favor da verdade das Escrituras e na disseminação desta verdade. E aos pastores e obreiros que, preocupados com a vida espiritual de nossa cidade e igrejas, têm manifestado um zelo especial e uma grande preocupação concernente ao reino de Deus. Redundará em glória, para a glória de Deus.

O que tivemos depois da reunião? um povo alimentado, forte, coeso, amando as Escrituras e entendendo que é ela somente quem deve ser pregada. Talvez, quem sabe, esta reunião foi o começo de uma mudança no cenário religioso de nossa nação. E sendo otimista, quem sabe esta reunião seja o início da propagação dos 5 Solas, primeiramente em nossas vidas, e depois, em nossos púlpitos e igrejas.

SOLI DEO GLORIA!