31 de janeiro de 2010

ONDE ESTÁ O CORDEIRO?

 Cleison Brugger

Esses dias, engarrafado no trânsito caótico do Rio, olhei um out-door que estava imponente ao meu lado. Era a propaganda de uma igreja, junto com um sorridente apóstolo, com sua grande foto estampada no Out-door. Ele era o “senhor faz tudo”, e a igreja dele era onde os supostos milagres iriam acontecer. O nome do apóstolo era repetido diversas vezes, enquando o de Jesus... Nenhuma.

Recentemente, tive a chance de assistir um show de uma famosa cantora gospel, o que foi altamente profissional. Todos os cuidados foram tomados, uma perfeita harmonia entre a banda e um delirante jogo de luzes surpreendia o palco; uma bela e afinada voz foi apresentada; estava vestida como uma verdadeira popstar, e ficou claro que aquele show era simplesmente dela, e o nome de Jesus seria, mais uma vez, ignorado. O público ia ao delírio... com ela! Depois do show, as vendas de objetos e camisetas que levavam o nome ou a imagem da cantora era incrível. O povo, naquela ânsia de ter algo que lembrasse a cantora, compravam tudo: de pulseiras e bandanas a camisas e CD's.

Ponderando idéias sobre estes episódios, lembrei da passagem de Gênesis 22. 7, em que a Bíblia conta a história ímpar de Abraão indo sacrificar ao seu único filho Isaque. Na subida da montanha, Isaque vendo que o pai estava indo para o altar feito no alto do monte, com fogo, cutelo e lenha, e percebendo que faltava o principal, questionou: “- Pai, onde está o cordeiro?“; foi constrangedor para o velho Abraão, dizer que o “cordeiro” daquele sacrifício era ele, Isaque. Bem, sabemos todos do resto da história. Talvez aos nossos olhos exegéticos, perguntemos:
"- Cleison, o que há de paralelo nessa passagem com o assunto em pauta?"; Talvez nada. Mais a pergunta que não quer calar é a mesma feita por Isaque: "ONDE ESTÁ O CORDEIRO?"
Onde está o Cordeiro em nossos dias?
Onde está o Cordeiro em nossas pregações, nossas músicas, nossas orações?
Qual é o lugar que Ele tem ocupado em nossos cultos, nossas atividades profissionais, nossa família, nossa vida, enfim?

Infelizmente, o Cordeiro tem sido ignorado no meio "gospel"; isso, porque para muitos, não interessa a sua presença!
para muitos, Ele só precisa estar presente, quando isso envolver seus interesses!
Tal qual nos tempos véteros testamentários, o Cordeiro tem sido usado para o benefício pessoal: para a minha bênção, o meu milagre, a minha vitória, a minha cura ...

Bem, deixa eu parar por aqui.

Só gostaria de ressaltar que, depois que João, o Batista soube quem era e onde estava o Cordeiro (Jo 1. 29; 36), ele disse algo surpreendente: "É necessário que Ele cresça e que eu diminua." - João 3. 30 ARC

Os que realmente conhecem o Cordeiro, sabem qual é o seu lugar e qual é o lugar do Cordeiro.
Porém, os que pensam ser alguma coisa, não sendo nada, mostram claramente que JAMAIS conheceram o Cordeiro e JAMAIS tomaram posse do dom salvífico concedido através do Cordeiro, pela cruz.

28 de janeiro de 2010

Uma Triste Confissão

Parte do sermão pregado Por Charles Haddon Spurgeon - Publicado em 1916

Para alguns de nós, não será fácil recordar a primeira vez em que ouvimos o nome de Jesus. Na tenra infância esse doce som era-nos tão familiar aos ouvidos, quanto suaves as canções de ninar. Nossas recordações mais remotas associam-se à casa de Deus, ao altar da família, à Bíblia Sagrada, aos hinos sacros e à oração fervorosa. Como pequenos Samuéis, éramos iluminados em nosso repouso pelas lâmpadas do santuário e despertados pelo som de um hino matinal. Muitas vezes um homem de Deus, recebido pela hospitalidade dos nossos pais, implorou uma bênção sobre nossas cabeças, desejando com toda sinceridade que pudéssemos cedo chamar o Redentor de bendito; e a essa petição ouvia-se um ardente "amém" de uma mãe.

A nós pertencia uma feliz porção e uma herança boa; mesmo assim, "nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe", e esses privilégios não foram suficientes para nos dar o amor Jesus e o perdão pelo seu sangue.

Frequentemente somos levados a lamentar por pecados agravados pela luz clara, como a do meio-dia — ordenanças subestimadas por sua própria frequência —, avisos desprezados, embora acompanhados de lágrimas paternais, e aversões sentidas no coração, se não expressas pelos lábios, para com as ricas bênçãos celestiais. Somos testemunhas, em pessoa, do fato de haver uma depravação inata, a praga de nascença deixada ao homem; e podemos testificar a doutrina de que a graça, e tão somente ela, pode mudar o coração. São nossas as palavras de Isaías com ênfase, apesar das influências santificadas que nos cercam; ao proferirmos a confissão: "...e dele não fizemos caso", os esconderijos de nossa infância, as companhias de nossa juventude e os pecados de nossa vida adulta unanimemente confirmam que falamos a verdade.

Iniciando, pois, com nossa própria experiência, somos levados a deduzir que aqueles a quem foram negadas nossas vantagens, certamente serão compelidos a adotar a mesma linguagem humilde. Se o filho de pais consagrados, que pelo poder divino foi levado a conhecer o Senhor na juventude, se sente constrangido a reconhecer que houve um tempo em que não fez caso do Salvador, será que o homem que teve uma educação irreligiosa, uma infância tumultuada, uma juventude permissiva e uma maturidade criminosa poderá adotar uma linguagem menos humilhante? Não; acreditamos que todo homem nessas condições, que agora se encontra redimido das mãos do inimigo, reconhece prontamente que outrora negligenciou cegamente as belezas do nosso glorioso Emanuel. E mais: nos aventuramos a desafiar a "igreja do primogênito" a apresentar um único santo que não tenha passado diante da cruz com indiferença, ou até com desdém.

Não importa se revistamos o "nobre exército de mártires", "a devota comunhão dos profetas", "o glorioso grupo dos apóstolos", ou "a santa igreja espalhada pelo mundo", não descobriremos sequer um amante do adorável Redentor que não participe da confissão coletiva: "...e dele não fizemos caso."

22 de janeiro de 2010

A Política eclesiástica assembleiana

 por Cleison Brugger

Isso mesmo. Apesar de grande e chato o termo, na prática existe e perpassa a maioria (prefiro não generalizar) das Igrejas Assembléias de Deus no Brasil.

Pelo que observamos via web, a briga foi intensa pela liderança do órgão máximo das AD's brasileiras: a CGADB (sem mencionar a CONAMAD). A briga foi tamanha, que profecias rolaram com o propósito de legitimar certos indivíduos no poder, neste caso, ao que me pareceu, a luta pela liderança moveu o espírito profético que age na Assembléia de Deus. Mas dessa vez, tal espírito não demonstrou tanta eficácia, permitindo que as coisas tenham se sucedido de maneira contrária ao que foi profetizado.

Por outro lado, temos verdadeiros papas, que fazem da função de presidente, um trono, formando sua monarquia, com o resto da nobreza: os ministros e suas esposas, o famigerado Nepotismo. Os tais permaneceram no poder desde muito tempo, e ainda não querem abrir mão daquilo que consideram o seu lugar.

Ahhh... mas isso acontece dentro de um âmbito geral, pois ainda não citamos o que acontece de maneira específica (ou concentrada), quando adentramos os estados do Brasil e as convenções assembleianas neles vigentes. É pastor presidente que não fala com pastor presidente (Exemplo, Abreu e Lima e Recife), e com a ajuda de alguns crentes boçais e bitolados, sustentam e expandem essa briga, num plano muito maior do que plenamente ministerial.

Unidade? Que unidade? Quem garante essa unidade? Os costumes? Rá, eles estão se tornando (Ou já se tornaram?) a cada dia, mais obsoleto. Há estados com 4 convenções assembleianas, uma diferente da outra, no que concerne aos líderes, como também para costumes. Há Assembléias de Deus para aqueles mais conservadores, que preservam os "bons costumes", e há Assembleias de Deus para outros tipos de pessoas, os chamados liberais, que acham que os costumes são coisas do passado. Estes últimos, em geral, são os crentes pentecostais mais "Mente aberta", como dizem alguns.

É, a Assembléia de Deus tem se tornado uma grande piada, cheia de contradições. Mas vamos olhar pelo lado otimista não é mesmo? Vai ver a unidade assembleiana está na sua pluralidade, afinal estamos na pós-modernidade, onde tudo pode acontecer...

Sinceramente, como um ainda assembleiano, lamento pelos rumos tomados por uma igreja que, outrora, fora um exemplo para a cristandade brasileira.

19 de janeiro de 2010

Qual é a sua pretensão: O céu ou Cristo?

Uma das coisas mais estúpidas que já acreditei em termos de religião, foi que a composição da população do céu podia ser mensurada pelo número de pessoas que dissessem sim a um apelo de conversão a Jesus Cristo, feito nas bases da tradição do cristianismo protestante evangélico anglo-americano.

Traduzindo: se você acredita que irão para o céu somente as pessoas que aceitam a Jesus como salvador, depois de ouvir o evangelho pregado à partir da cultura anglo-americana, então você está em apuros: o seu céu é pequeno demais; o seu Deus é pequeno demais; o seu Cristo é pequeno demais; o seu evangelho é pequeno demais; o seu Espírito Santo é pequeno demais; o seu universo de comunhão é pequeno demais; seu projeto existencial é pequeno demais; sua peregrinação espiritual é pequena demais.

É urgente que se articule uma outra maneira de convocar pessoas para que se coloquem a caminho do céu. Uma convocação que considere que “nem todo o que me diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus” - mateus 7. 21. Uma convocação que re-signifique o conceito de céu, que deve deixar de ser um lugar geográfico em outro mundo para onde se vai após a morte, para significar uma dimensão de relacionamento com o Deus Eterno, para a experiência contínua do processo de humanização: estar em Cristo, ser como Cristo, habitar com Ele.

Com isso, quero dizer que o convite para aceitar Jesus como salvador apenas como credencial para ir ao céu, não é a melhor convocação, muito menos a melhor alternativa. A melhor convocação é um chamado para se tornar uma outra pessoa, um novo homem. A peregrinação espiritual cristã não é uma migração de um lugar para outro, mas de um estado de ser para outro. Nosso destino não é o céu. Nosso destino é Cristo. E tenho certeza de que muita gente vai chegar lá, mesmo sem nunca ter ouvido falar do plano de salvação desenvolvido pelos teólogos sistemáticos anglo-americanos.

Ed René Kivitz

15 de janeiro de 2010

Deus, nós e o Haiti (2)


Texto escrito pelo Pr. Ednilson C. de Abreu e retirado do blog do Pr. Marcello Oliveira 

No dia em que as águas do tsunami varreram as costas asiáticas e indianas, varreu também convicções bíblicas de muitos crentes e teólogos; creio que mais uma vez com essa nova tragédia ocorrida no Haiti, a fé de muitos poderá ser abalada, e teólogos da linha processual, relacional ou do teísmo aberto estarão prontos a se levantarem e reafirmarem seus dogmas. Mas será este o caminho?

Penso que diante de um quadro como este, que pode ser ampliado não só pela tragédia do terremoto em si, mas pelo caos que já existia em termos da qualidade de vida do povo haitiano, povo esse oprimido espiritualmente, politica e socialmente, onde 80 % do pais vive abaixo da linha da miséria.

Uma coisa que para mim fica bem claro diante de tudo o que acontece no mundo, é que Deus não precisa de advogado; Deus não precisa ser defendido; o que na verdade acaba sendo uma tentativa dos teólogos processuais, relacionais e afins, onde na busca de se tentar encaixar o ser e agir de Deus dentro das tragédias humanas e do mal no mundo, acaba-se na verdade criando um outro Deus, diferente daquele que se revela nas Escrituras.

Deus é Deus. Ele tem as “costas largas” o suficiente para segurar e assumir o ônus de ser quem Ele é. Quando Moisés perguntou em nome de quem ele se apresentaria diante da maior potência do seu tempo e do povo escravo no Egito, ele ouviu a resposta simples, profunda, direta e absoluta de Deus: “Eu Sou O que Sou...Eu Sou me enviou a vós outros.” (Êxodo 3.14). Ou seja, Ele basta a si mesmo, Ele é Senhor de seus atos soberanos, Ele não deve explicação e nem precisa de defesa, seus motivos estão fundados nEle mesmo e suas ações estão acima de todo controle e crítica. Somos criaturas Ele é criador, somos barro Ele é o oleiro.

Para alguns, minhas palavras talvez soem como um reducionismo ou uma simplificação, mas dentro de um olhar da criatura para o criador em seus atos soberanos assim é que é. (Is. 64.8; Rm 9.20) Isso não nos impede de pensar em alguns aspectos que fazem parte dessa reflexão da vida em sua complexidade e angústia, como lembrar por exemplo que toda tragédia tem sua origem fundamental no fato de vivermos em um mundo marcado pelo pecado em toda a sua crueza. Isso é fato.

Ao olhar agora para o Haiti, muitos irão chorar, lamentar e questionar: por que algo assim acontece? Mas o que temos feito ao longo de tantos anos para tentar frear a tragédia social estabelecida onde crianças, adultos e velhos chegam a comer biscoitos feitos de barro? Talvez agora com esta nova tragédia, o mundo acorde e veja que existe um pais morrendo no caos da miséria e da injustiça e que precisa ser reconstruído em todos os seus aspectos.Talvez agora com a morte de milhares de uma só vez, haja um freio para a morte agonizante de milhões ao longo dos anos. Fatos que poderiam ser evitados se os pecados da ganância, da insensibilidade e do desamor não estivessem estabelecidos e cauterizados em tantas almas. Não é esta uma tragédia silenciosa talvez maior do que este terremoto?

Outro aspecto que vale pensar nesse momento é que não temos como pensar em todas as implicações daquilo que poderá brotar a partir dessa tragédia. Os pensamentos de Deus estão muito acima dos nossos. Podemos especular e refletir, mas a definição dos fatos vem de Deus; e só o tempo; e no tempo de Deus se Ele assim o desejar; poderá nos revelar o que será gerado à partir da dor e do sofrimento de tantos de uma só vez, tendo em vista que dor e sofrimento já marcavam a vida daquele povo que aos olhos de muitos no mundo inteiro passavam ignorados completamente. Agora de um jeito ou de outro o Haiti será conhecido.

De fato, na vida, existem mistérios maiores do que podemos pensar, mas esses mistérios são mistérios em nossa perspectiva humana limitada, mas não para Deus; Deus nunca será pego de surpresa, pois Ele é Senhor da luz e das trevas, para Ele tudo está claro e seus planos estão coordenados e soberanamente definidos.

Os mistérios de Deus somente a Ele pertencem até que Ele nos revele quando assim o quiser, se assim o quiser. Enquanto isso nos cabe viver em completa dependência do Senhor e firmados em sua palavra: consolar os sofredores, trabalhar pela justiça, amar o próximo, ser voz dos mais fracos, proclamar a salvação em Cristo pela fé somente , viver uma vida que honre a Deus, e silenciar em temor e tremor diante de um Deus santo, justo, compassivo, sábio, amoroso e soberano em todas as suas obras. Aguardando o dia glorioso quando o Cristo glorioso será tudo em todos na restauração de todas as coisas e toda dor, sofrimento e injustiça estarão no tempo passado eternamente.

13 de janeiro de 2010

Amando Deus pelo que Ele é

Texto de Gutierres Siqueira, editor do Blog Teologia Pentecostal

Um das mais importantes descobertas que eu fiz foi desta verdade: Deus é mais glorificado em mim quando eu estou mais satisfeito nEle. Este é o motor que impulsiona o meu ministério pastoral. Ele afeta tudo o que eu faço. (John Piper) [1]

Muitas vezes medito sobre a sinceridade do meu cristianismo. Será que serviria a Deus sobre qualquer circunstância? Diante da fome, do medo, da perseguição, da tragédia? Penso com muito temor sobre a profundidade de minha fé. Será que “Deus é tudo para mim” como expresso nos cânticos? Essas perguntas me perseguem desde o início da minha fé. E nunca quero me desfazer delas. Não porque tenho prazer na dúvida, mas sim porque essas questões me ajudam a manter vigilância sobre a minha espiritualidade.

Fico estremecido diante do poema de Teresa de Ávila, que em poucas palavras expressou a essência de realmente ter Deus como a porção de sua herança:

Ó Senhor,
Se Te procuro interessada no Paraíso,
exclua-me do Paraíso;
Se Te procuro por medo do inferno,
queima-me nas chamas do inferno;
mas se eu Te procuro por amar a Ti,
então, ó Senhor, não escondas de mim a tua formosura.

Penso que a descoberta de John Piper, na frase que abre esse texto, expressa uma grande verdade. Deus só é glorificado quando nós estamos satisfeitos nEle. Quando o amamos pelo que Ele é, e não simplesmente pelo que Ele faz. Essa verdade foi esquecida há muito tempo pela igreja evangélica brasileira, que faz de Deus um mero quebra-galho, que só serve para resolver as nossas encrencas. A relação não é de filho, mas sim de mercenário.

Quem ama somente baseado na necessidade, simplesmente vive o efêmero. O filósofo C. S. Lewis escreveu uma grande verdade: “O amor-necessidade... não dura mais do que a necessidade” [2]. Quem busca a Deus pelas bênçãos e assim continua, nunca se firmará na Rocha Eterna. Estamos diante de uma escolha, que é amar a Deus verdadeiramente.

O profeta Habacuque expressou esse amor:

Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no SENHOR, exultarei no Deus da minha salvação (Hc 3. 17-18).

Nota e Referência Bibliográfica:

[1] Veja: PIPER, John. Desiring God: Meditations of A Christian Hedonist. 1 ed. Oregon: Multnomah Publishers, 2003. p 399.

[2] LEWIS, Clive Staples. Os Quatro Amores. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009. p 22.

8 de janeiro de 2010

Evangelho sem cruz: a tragédia da Igreja!


Cleison Brugger

Estamos num tempo de crise. Estamos vivendo num período complicado! Minha notícia não é para mudar nossa antiga convicção, mas para nos alertar sobre a crise que se alastra em nossas igrejas, sobre a invasão de bênçãos sem cruz e a ausência da cruz no cristianismo do Cristo.

Evangelho sem cruz não é Evangelho. Jesus sem cruz não é Cristo. Cristianismo sem Cristo não é Evangelho. Cristão sem a cruz não pode ser discípulo. Quem quer ouvir isso dentro dos templos hoje em dia? Pastores, líderes evangélicos e todos os outros tipos de clérigos, estão aderindo a diversas teologias para inchar suas igrejas e templos. O número de adeptos crescem absurdamente e todos se vangloriam de realizarem inúmeros cultos por semana e por estarem ampliando a construção, para que venham mais e mais sinceros fregueses das bênçãos sem cruz.

Estamos numa crise do barulho! O evangelho sem cruz se enlevou! As heresias são pregadas constantemente e o povo aplaude como se o próprio Deus estivesse ditando as palavras. Novas profecias são dadas por homens que nem abrem as Escrituras durante o culto e os consumidores ficam satisfeitos com o horóscopo da semana.

A pregação da cruz dentro das igrejas fica cada vez mais escassa. Pouquíssimos são os mensageiros da Boa Notícia. Raríssimos os pregadores que cantam e ensinam a cantar enquanto o peso dos grilhões na prisão está insuportável, mesmo à meia noite.

O povo tem abraçado uma mensagem seca, sem lágrimas e sem sangue. O povo tem escolhido as melodias dos cânticos que se transformam em mantras gospel para trabalhar no emocional desequilibrado dos que se autodenominam adoradores do Cristo sem cruz. Nas igrejas de hoje a música é bela, a mensagem é carregada de bênçãos, e Deus é proclamado de forma que nem a Bíblia tem capacidade de descrever... só o pregador. Portanto, o principal fica de fora.

Os consumidores evangélicos compram o produto anestésico e saem felizes até caírem nos mesmos erros. Estão comprando fardas cheias de condecorações nos templos, mas se esquecem da validade do tecido. Adquirem uma fina estampa, um véu nos cultos para esconderem temporariamente quem são, até chegarem em seus lares e se despirem novamente para a arrogância e a falta de amor. Se os pregadores falassem sobre a cruz, os lares teriam a Palavra pregada e vivida.

Só conseguiremos ser felizes se sairmos da igreja confrontados com a realidade da cruz de Cristo. Ela nos fará chorar e lamentar o pecado. A cruz não é anestésico. A Cruz é lugar de dor para que venhamos ter cura; lugar de solidão para morarmos em família; lugar de morte para sermos levados à eternidade. A cruz é bênção! A Cruz é a motivação! A cruz não é derrota, pelo contrário, é triunfo!

Não tem sido fácil pregar o evangelho puro nas igrejas, porque qual é o pregador que se aventurará e se sentirá à vontade para tal obrigação, se o povo quer ouvir sobre uma nova teologia, um novo ensino sobre como receber bênçãos ou ser alvos de milagres?

Não interessa saber o que o povo quer ouvir! É preciso pregar o "sereis odiados por causa do meu nome", o "negue-se a si mesmo e tome a sua cruz", e não apenas vitórias, prosperidade (Mensagem que está em alta em nossas igrejas), libertação, curas e milagres.

Devemos saber que tudo isso poderá vir, mas como consequência da pregação do Cristo da Cruz!

Cristo não diz o que queremos ouvir, e sim, o que precisamos ouvir, mesmo que isso nos confronte!
E o coração de Deus clama tão alto que se torna audível: "-Preguem o evangelho da cruz, para que a minha Igreja viva!"

Quando há escassez do evangelho da cruz, A. W. Tozer se levanta através de palavras e diz: "Santos sem  santidade, é a tragédia do cristianismo."

5 de janeiro de 2010

Versículos que estão na Bíblia e os legalistas não pregam.

Eles estão na Bíblia, mas os líderes eclesiais legalistas se omitem em externá-los em seus púlpitos, preferindo apascentar o seu rebanho, de acordo com suas "rédeas curtas", como ouvi recentemente de um pastor pentecostal.


Vejamos alguns versos que, embora estejam na Bíblia, não são pregados nas igrejas legalistas, por algum motivo qualquer, mas por uma razão extremamente boçal:


"Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim e, com a boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído;" - Isaías 29. 13 ARC

"Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens.
E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição.
invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes." - Marcos 7. 7-9; 13 ARC


"E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa nada me acrescentaram;" - Gálatas 2. 6 ARA


"Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão." - Gálatas 5. 1 ARA


"Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura." - Gálatas 6. 15 ARC
("Não faz nenhuma diferença se o homem é circuncidado ou não; o importante é que ele seja uma nova pessoa." - Gálatas 6. 15 NTLH)


"Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo,
tais como: não toques, não proves, não manuseies?
As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens;" - Colossensses 2. 20-22 ARC

Se você souber de algum pastor legalista que irá pregar um destes versos, por favor, me avise! Não é sempre que vemos raridades!